Vale (VALE3) cai 1,44% após balanço do 4º tri: veja o que disseram os analistas

Bancos e casas de análise avaliam os números da mineradora divulgados ontem

Foto: Divulgação/Vale
Foto: Divulgação/Vale

A Vale apresentou resultados de quarto trimestre com números impulsionados pelo preços realizados do minério de ferro maiores do que as estimativas. A mineradora fechou o último trimestre de 2022 com lucro de R$ 86,1 bi, queda de 35,3% ante 2021, segundo balanço divulgado na noite de quinta-feira (16).

Desde a manhã desta sexta (17) as ações estavam no negativo. Às 18h00 os papéis fecharam em queda de 1,44%, a R$ 87,91.

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As expectativas com relação aos números da mineradora, que tem forte impacto no Ibovespa, foram importantes para as movimentações da bolsa na quinta, quando o índice referência fechou em alta discreta, de 0,31%.

O que dizem os analistas?

Credit Suisse: “resultado neutro para as ações”

Os analistas Vanessa Quiroga e Lucca Biasi do Credit Suisse escrevem que a geração de fluxo de caixa livre da mineradora foi fraca, aumentando a dívida líquida aumentou para US$ 14,1 bilhões e a alavancagem para 0,38 vez o Ebitda.

“No todo, vemos os resultados como neutros para as ações”, comentam. O banco espera que a diretoria da empresa fale sobre a venda de participação na unidade de metais básicos e também sobre o acordo final de Mariana.

Com múltiplos de 3,6 vezes o Ebitda, o Credit Suisse vê os papéis descontados sobre pares australianas e com um rendimento de fluxo de caixa de 10%, o que deve manter os dividendos elevados.

O Credit Suisse tem recomendação de compra para Vale, com preço-alvo em US$ 25,50 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 49,2% sobre o fechamento de ontem.

Citi: sem maiores surpresas

Os resultados de quarto trimestre da Vale vieram dentro do esperado, sem surpresas em relação ao relatório de produção e vendas divulgado no fim de janeiro, diz o Citi.

Os analistas Alexander Hacking e Stefan Weskott escrevem que o fluxo de caixa livre veio mais fraco que o esperado por conta de maior capital de giro.

O custo caixa C1 de US$ 19,50 por tonelada ficou estável na comparação com setembro e alta sobre os US$ 16,50 por tonelada há um ano, natural em meio a alta nos custos.

A atenção se volta agora às perspectivas do primeiro trimestre que a diretoria da Vale deve passar durante a teleconferência de resultados.

O Citi tem recomendação de compra para Vale, com preço-alvo em US$ 20 para os recibos de ação negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 17% sobre o fechamento de ontem.

Ativa Investimentos: Custos elevados e margem apertada

“Com uma dinâmica de custo ainda elevada diante da menor diluição de custos fixos devido a menor produção no trimestre e um maior custo de serviço em seu sistema Sul, a Vale apresentou números inferiores à nossa expectativa”, diz o comentário.

Em que pese a dinâmica positiva nos preços de minério de ferro, cobre e níquel, a casa vê ainda o fluxo de caixa livre sendo consumido por um forte capital de giro, capital de investimentos e despesas com Brumadinho no quarto trimestre.

“Junto aos resultados, Vale anunciou um dividendo de R$ 1,83/ação (2,1% de yield), que consideramos neutro e não alterou nossa visão negativa do resultado”, completou.

VG Research: Dentro das estimativas, porém com queda relevante

O comentário de Luan Alves, analista chefe da VG Research, aponta que o Ebitda ficou em linha com as projeções da casa, geração de caixa resiliente, rendimento em 12% e melhora na eficiência da companhia.

A empresa também teve uma perda no capital de giro, item não recorrente, mas impactou a geração de caixa nesse trimestre.

“A Vale após ultrapassar o nosso preço-alvo perdeu parte do ímpeto, com investidores realizando lucros devido a falta de novos catalizadores positivos. De todo jeito, reforçamos um cenário ainda benigno para o resto do ano, com resultados satisfatórios principalmente no 1T23 que já está contratado. Mas considerando a atual conjuntura, não devemos ver grandes movimentos de valorização nesse momento”, apontou a casa.

Levante: Bom momento da ação pode continuar

A Levante Investimentos afirmou que diante da expectativa de uma aceleração na reabertura da economia chinesa, as ações da Vale tiveram ótima performance nas últimas semanas, na esteira da valorização do minério de ferro.

“Com a commodity permanecendo em patamares elevados (principalmente no 1S, sazonalmente de menor oferta), o custo controlado e uma recuperação de sua parte operacional, acreditamos que o bom momento pode continuar”, completou.

Olhando para o longo prazo, a casa apontou que a companhia alterou recentemente sua estratégia, mudando o foco para valor, e não volume (value over volume). Com isso, a meta de atingir produção de 400 milhões de toneladas (Mt) em 2030 foi descontinuada, passando a ser de 360 Mt, um número mais “atingível”, segundo a casa.

O destaque principal desta estratégia é o teor de ferro vendido, que deve passar de 62,3% em 2022 para aproximadamente 64%, e a produção de pelotas e briquetes, a qual deve chegar a 100 Mt.

Com esse foco e a expectativa de prêmios mais elevados ao longo do tempo, a empresa espera maximizar o retorno aos acionistas, além de entregar soluções mais “limpas” aos seus clientes.

“Com a mudança estratégica, acreditamos que o mercado passará a dar um foco maior aos prêmios e à produção destes produtos de maior valor agregado, diminuindo a ‘pressão’ sobre o número bruto de minério produzido pela companhia. Além disso, a entrada da Cosan em seu conselho deve trazer um sócio com grande expertise operacional, o que deve ser bem recebido pelo mercado”, completou.

UBS BB: Recomendação de venda; preços do minério devem cair

O banco de investimentos suíço UBS BB destacou nos resultados o custo de equilíbrio do minério de ferro para a China de US$ 48,5 por tonelada, 5% a menos do que no 3º tri e 4% acima do ano anterior, impulsionado por uma redução de US$ 1,1 por tonelada no custo caixa do minério de ferro e redução de US$ 3,6 no custo do frete de finos, parcialmente compensado pelo aumento de US$ 1,4 nas despesas com multas e royalties.

De acordo com as estimativas do UBS, o recente rali do minério de ferro é mais especulação sobre a reabertura na China do que sobre os fundamentos. O que destaca esse ponto são os estoques elevados e os preços do aço/carvão metalúrgico subiram apenas moderadamente no mesmo período em que o minério de ferro subiu 60%.

“Avaliamos que o risco de preço do minério de ferro é ponderado para baixo de aproximadamente US$ 126 por tonelada hoje para US$ 95/t ao final de 2023 e ainda para US$ 80/t ao final de 2024 e US$ 75/t em 2025”, completou a análise.

Suno Research: Período sofreu com impacto do preço do minério

Para João Daronco, analista da Suno Research, os resultados da Vale vieram bastante em linha com o esperado, mesmo com números bastante abaixo dos obtidos em 2021.

“O principal impacto negativo sobre os resultados reportados foi a queda do preço médio do minério de ferro, que passou de cerca de US$ 141,4 por tonelada para US$ 108,1 por tonelada. Somado a isto, tivemos uma pequena queda no volume de produção, porém não preocupa”, disse.

Sobre a estrutura de capital, o analista diz que segue bastante saudável e com espaço ainda para aumentar a alavancagem, o que poderá favorecer a continuidade da estratégia de distribuir dividendos (o que vem sendo feito nos últimos anos).

“Por fim, para 2023, temos como estimativas um dividend yield projetado nos preços atuais de 7%”, diz.

Colaborou: ALLAN RAVAGNANI

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