Bolsas asiáticas fecham em alta após China cortar taxa de juros
Mesmo assim, os investidores seguem atentos à perspectiva de aumento dos juros nos EUA
Os mercados de ações asiáticos encerraram a sexta-feira em alta, apesar da queda no dia anterior em Wall Street, com os investidores reagindo à decisão do Banco Central da China (PBoC, na sigla em inglês) de cortar a taxa de empréstimo de cinco anos (LPR, na sigla em inglês), que é referência para hipotecas residenciais, pela segunda vez neste ano em uma tentativa de reanimar o mercado imobiliário no país.
Ao final da sessão regular, a Bolsa de Xangai encerrou em alta de 1,60%, aos 3.147 pontos, com a decisão do PBoC sinalizando um movimento para reforçar as vendas fracas de imóveis na China. Já a Bolsa de Hong Kong fechou com valorização de 2,96%, aos 20.717 pontos, impulsionada pela alta nas ações dos setores de saúde e de tecnologia.
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Para Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, o corte na LPR acompanhado da manutenção na taxa de empréstimo de um ano, que afeta mutuários comerciais, sugere que Pequim está tentando manter uma flexibilização direcionada e não se deve esperar estímulos monetários em larga escala. “A redução de hoje foi uma ajuda ao mercado imobiliário para impulsionar as vendas de moradias, que foram de mal a pior recentemente”, disse, em relatório.
Ainda entre as praças asiáticas, o índice Nikkei 225, em Tóquio, subiu 1,27%, aos 26.739 pontos, analisando o aumento da inflação ao consumidor no Japão para o maior nível desde 2015, ao subir 2,1%, ficando acima da meta de 2% do BC japonês (BoJ, na sigla em inglês) pela primeira vez desde 2008.
Ainda assim, é improvável que o BoJ altere sua política monetária ultrassuave de baixa taxa de juros, devido à fraqueza da economia. Com “o PIB ainda não superando o nível pré-pandemia e o crescimento salarial ainda moderado, a inflação não deve convencer o BC do Japão de que é necessária uma política monetária mais apertada”, disse Marcel Thieliant, também da CapEcon, em comentário.
Nos demais mercados da região Ásia-Pacífico, a Bolsa de Seul, na Coreia do Sul, fechou em alta de 1,81%, aos 2.639 pontos. Na Austrália, a Bolsa de Sydney cresceu 1,15%. Os negócios na Nova Zelândia e no sudeste asiático permaneceram fechados devido a um feriado.
De um modo geral, os investidores estão atentos à perspectiva de aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve, aos desdobramentos da guerra na Ucrânia e à desaceleração econômica chinesa, o que vem elevando o desconforto nos negócios com risco. “É improvável que o fundo do poço tenha sido atingido, dado o aperto das condições financeiras à frente”, disse Tan Boon Heng, do Mizuho Bank.
Ontem, os três índices acionários americanos fecharam em baixa, sendo que o S&P 500 segue próximo ao território de “mercado de baixa” (bear market”). O índice referencial em Nova York caiu 18,7% em relação à alta recorde de janeiro e, portanto, está perto do declínio de 20% que define um mercado em baixa. “A realidade pode ser mais dura do que as expectativas”, finaliza o analista do banco japonês, em relatório.