Bolsas da Europa fecham em alta com bom humor em NY apesar de instabilidade britânica
Crise britânica, balanços e inflação alemã estiveram no centro das atenções na Europa nesta quinta-feira
As bolsas europeias fecharam em alta, apesar da instabilidade política no Reino Unido, com os índices acionários acompanhando o bom humor visto em Wall Street, após a divulgação de mais uma leva de balanços corporativos do terceiro trimestre.
Após ajustes, o Stoxx Europe 600 fechou em alta de 0,26%, a 398,77 pontos.
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O FTSE 100, índice de referência da bolsa de Londres, subiu 0,27%, a 6.943,91 pontos, o DAX, de Frankfurt, avançou 0,20%, a 12.767,41 pontos, e o CAC 40, de Paris, ganhou 0,76%, a 6.086,90 pontos.
Em Milão, o FTSE MIB fechou em alta de 1,07%, a 21.701,50 pontos, e o Ibex 35, de Madri, avançou 0,80%, a 7.644,40 pontos.
Renúncia de Liz Truss
O cenário político no Reino Unido segue bastante conturbado depois que a primeira-ministra britânica, Liz Truss, anunciou sua renúncia na manhã desta quinta-feira com apenas 46 dias no governo.
O Partido Conservador atualmente no poder confirmou que um novo líder será escolhido até a sexta-feira que vem, dia 28 de outubro, o que a tornaria a primeira-ministra que durou menos tempo no cargo em toda a história do Reino Unido.
“A notícia da renúncia da primeira-ministra britânica, Liz Truss, não foi recebida com uma reação muito forte dos gilts (títulos soberanos) ou da libra”, diz o ING, em nota.
“A ausência de uma onda de vendas sugere uma ampla visão de que o processo de eleger um novo líder – que deve durar no máximo uma semana – não trará mais incertezas políticas, além do que o Reino Unido já está sofrendo”, completa.
A libra segue em forte alta de 0,60% frente ao dólar, cotada a US$ 1,12736, enquanto o euro avança 0,50%, a US$ 0,98154. Já o rendimento do título soberano britânico (gilt) de dez anos sobe de 3,877% do fechamento anterior para 3,910% hoje.
Amparo nos EUA
Já a bolsa de Londres chegou a ensaiar uma recuperação mais cedo, mas voltou a cair brevemente em terreno negativo após o anúncio de Truss, antes de voltar a subir com a abertura das bolsas americanas.
Os outros índices acionários do continente seguiam em queda e viraram apenas após a abertura em Wall Street, acompanhando o bom humor com a divulgação dos balanços corporativos nos EUA.
O governo de Truss começou a enfrentar problemas depois que o seu então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, anunciou um controverso plano de cortes tarifários que assustou os mercados financeiros, derrubando a libra a nova mínima de 40 anos e desencadeando forte instabilidade no mercado de títulos.
Isso forçou o Banco da Inglaterra (BoE) a intervir no mercado de títulos para evitar o colapso dos fundos de pensão do país, levou à renúncia de Kwarteng e acabou apenas com a reversão de praticamente todos os pontos do plano nesta semana pelo novo ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt.
“A grande aposta política de Truss saiu espetacularmente pela culatra, mas não antes de causar danos significativos à economia do Reino Unido”, disse Susannah Streeter, analista da Hargreaves Lansdown, em nota.
“Levará um tempo considerável antes que o prêmio de risco atrelado aos ativos britânicos desapareça, após o colapso nervoso que se seguiu ao plano de cortes tarifários”, acrescentou.