BTG Pactual (BPAC11) lucra R$ 1,767 bilhão no 4T2022, já sob efeito da Americanas
Sem citar o caso da varejista, o banco decidiu provisionar R$ 1,123 bilhão 'devido a um evento específico que foi amplamente divulgado'
O BTG Pactual (BPAC11) teve lucro líquido ajustado de R$ 1,767 bilhão no quarto trimestre, com queda de 0,8% sobre o mesmo período do ano anterior. A receita total ficou em R$ 3,626 bilhões, com aumento de 3,9% na comparação anual.
Sem citar o caso Americanas (AMER3), por questões de sigilo bancário, o banco afirma que, “excluindo o efeito de provisões não-recorrentes”, o total de receitas teria sido de R$ 4,826 bilhões e o lucro líquido ajustado seria de R$ 2,347 bilhões no período — diferença de R$ 580 milhões no resultado final.
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No ano, o lucro líquido ajustado foi de R$ 8,306 bilhões, alta anual de 28%. Se excluído o efeito de provisões não-recorrentes, o resultado seria de R$ 8,886 bilhões. As receitas ficaram em R$ 17,247 bilhões. Ainda assim, segundo o banco, foi um ano de recordes nas duas linhas.
“Reforçando a transparência e compromisso com nossos clientes, acionistas e parceiros, detalharemos as provisões não-recorrentes que impactaram as nossas áreas de Corporate & SME Lending e Sales & Trading no trimestre e consequentemente no ano”, diz o banco.
A instituição informa que, “devido a um evento específico que foi amplamente divulgado”, decidiu provisionar R$ 1,123 bilhão em Corporate & SME Lending, que inclui as áreas de atacado e de pequenas e médias companhias, em função da exposição de crédito e R$ 77,0 milhões na área de Sales & Trading, que inclui corretagem e operações de mercado, em função da exposição a outros instrumentos financeiros. O movimento já era esperado pelos analistas. O banco ainda disputa na Justiça a retenção de R$ 1,2 bilhão devido pela Americanas.
O evento específico também impactou as despesas com bônus, que foram reduzidas em R$ 153,1 milhões, e as despesas com imposto de renda e contribuição social, que diminuíram R$ 466,9 milhões no trimestre.
“É importante destacar que adotamos medidas rápidas e necessárias para proteger os interesses de nossos clientes e acionistas, e este evento isolado não reflete o estado geral de nossos negócios”, diz o BTG. “Continuamos confiantes que o nosso foco na prestação de serviços financeiros de alta qualidade aos nossos clientes nos permitirá superar esse evento específico, e que continuaremos a gerar valor de longo prazo aos nossos acionistas.”
No quarto trimestre, o retorno ajustado sobre o patrimônio (ROAE) foi de 16,7%, de 22% no terceiro trimestre e 19,4% no quarto trimestre de 2021. O índice de Basileia fechou o período em 15,1%, de 15,2% no trimestre anterior e 15,7% um ano antes.
A captação líquida de clientes (“net new money”, no jargão em inglês) foi de R$ 68 bilhões de outubro a dezembro, acima dos R$ 62,9 bilhões obtidos no terceiro trimestre. No ano, ficou em R$ 254 bilhões.
Receita com área de crédito às empresas cai 86% no 4º tri
As receitas do BTG Pactual com a área de crédito a empresas, chamada pelo banco de Corporate & SME Lending, que inclui as áreas de atacado e de pequenas e médias companhias, ficaram em R$ 105 milhões no quarto trimestre, queda de 86% em relação ao mesmo período de 2021.
Sem citar o caso Americanas, por questão de sigilo bancário, o banco informou que o resultado foi impactado “por provisão não-recorrente”. Excluídos os efeitos dessa provisão, a receita no período seria de R$ 1,2 bilhão.
O portfólio de crédito atingiu R$ 144,3 bilhões em 2022, avanço de 35,3% sobre 2021.
A área de gestão de recursos (Asset Management) teve receitas de R$ 429 milhões no quarto trimestre, crescimento anual de 19%. Já na gestão de patrimônio e no banco de varejo (Wealth Management & Consumer Banking), atingiram R$ 686 milhões, avanço de 53% em 12 meses.
A área de banco de investimentos teve receita de R$ 485 milhões, avanço anual de 17%. Em Sales & Trading (área que inclui corretagem e operações de mercado), foi de R$ 1,134 bilhão, alta de 24% na comparação anual.
Ao comentar os resultados do ano completo, o CEO do BTG, Roberto Sallouti, disse que a instituição entregou recordes de receita e lucro líquido “apesar do ambiente macroeconômico mais desafiador e de eventos não recorrentes que impactaram” o resultado.
“Nossa performance reflete a diversificação das nossas áreas de negócio e a excelência dos nossos serviços prestados à clientes e parceiros. Apesar de todos os desafios, esperamos retornos superiores em 2023, com maior alavancagem operacional e níveis de capital e liquidez possivelmente ainda superiores”, afirma Sallouti.