Carnaval chegou mais cedo para quem tem ações da Eletrobras na carteira

Empresa anunciou acordo com o governo sobre poder de voto na companhia

Empresas citadas na reportagem:

Hora de comemorar. O carnaval chegou mais cedo para a Eletrobras. Assim destaca o Itaú BBA ao comentar o anúncio da empresa de que chegou a um (aguardado) acordo com o governo sobre o poder voto na companhia.

O mercado reagiu bem ao acordo. A avaliação é que a companhia, privatizada em 2022, no governo de Jair Bolsonaro, se livrou de um peso.

Na Bolsa de Nova York, os papéis da holding do setor elétrico abriram com alta acima de 5%, mas fecharam com valorização de 1,88%.

Na bolsa brasileira, em São Paulo, as ações subiram 2,6%, a R$ 38,22. A Eletrobras terminou o dia com um aumento de R$ 2,16 bilhões em seu valor de mercado.

“Consideramos os termos muito positivos para a Eletrobras. Pois elimina a obrigação de capitalizar a Eletronuclear caso o governo decida avançar com a construção de Angra 3 e mantém o limite de 10% do direito de voto para qualquer acionista”, escreve o time de utilities do banco, liderado por Marcelo Sá.

“Em troca, o governo federal terá o direito de indicar 3 conselheiros entre 10, conforme expectativa. Esperamos que as ações reajam de forma muito positiva e reiteramos a nossa classificação outperform“, acrescentam os analistas.

Portanto, o Itaú BBA tem recomendação de compra para ELET3, com preço-alvo de R$ 54,93.

A XP também considerou o acordo positivo, pois a ação judicial no STF “poderia ter resultado em um aumento da participação do governo” no Conselho “para níveis próximos ao de controle”.

Principais pontos do acordo entre Eletrobras e governo

Nesse sentido, a equipe de utilities do banco de investimentos explica que o governo federal terá o direito de indicar 3 entre 10 conselheiros. Mas eles deverão atender aos requisitos de elegibilidade estabelecidos no estatuto social da empresa.

O governo mantém esse direito enquanto detiver mais de 30% de participação nas ações com direito a voto.

Adicionalmente, o governo federal terá o direito de indicar 1 de 5 membros para o conselho fiscal.

Enquanto isso, o acordo de investimento de Angra 3 será imediatamente suspenso e rescindido mediante decisão governamental relativa à construção da usina nuclear.

Assim, a Eletrobras não será mais obrigada a capitalizar Angra 3.

No entanto, a Eletronuclear emitirá uma debênture de R$ 2,4 bilhões que será capitalizada pela Eletrobras para prolongar a vida útil de Angra 1.

“As debêntures serão obrigatoriamente convertidas em ações pela Eletrobras se a Eletronuclear reduzir suas despesas controláveis ​​a um nível eficiente definido pela Aneel e atender a outras exigências”, detalham os analistas do BBA.

“Do valor total das debêntures, R$ 500 milhões não serão convertidos em ações caso haja consenso entre a Eletrobras e o governo federal quanto à construção de Angra”, prosseguem.

Próximos passos

Agora, os termos do acordo deverão ser aprovados pelos acionistas da Eletrobras em assembleia geral. Porém, o governo federal não votará.

Então, diante da votação, o Supremo ainda deverá aprovar os termos.

“Caso não haja tempo suficiente para aprovar tudo até a assembleia geral ordinária que votará o novo conselho de administração no final de abril, o governo federal e a Eletrobras constituirão um conselho consultivo com três conselheiros indicados pelo governo federal”, destaca o time de utilities do Itaú BBA.

“Caso os termos do acordo não sejam aprovados, um dos conselheiros indicados pelo governo federal perderá o mandato”, completam os analistas.

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