Proposta do Carrefour (CRFB3) para sair da bolsa é atrativa para investidores, dizem bancos

A expectativa é que a deslistagem da companhia aconteça até o segundo trimestre

Empresas citadas na reportagem:

A deslistagem das ações do Carrefour Brasil (CRFB3) da B3 deve ter um impacto mínimo no mercado brasileiro de varejo de alimentos. Mas é uma proposta atrativa para os acionistas minoritários, diz o Bradesco BBI.

O Península, grupo de investimentos da família Diniz e segundo maior acionistas do Carrefour Brasil, já declarou total apoio à operação. Assim, o banco acredita que os investidores minoritários também devem concordar com a deslistagem. Ou seja, por possivelmente considerarem a oferta de R$ 7,70 por ação atrativa.

Considerando as taxas de câmbio atuais e os preços das ações da controladora e subsidiária do Carrefour, o pagamento em dinheiro de R$ 7,70 sem contrapartida de ação resgatável renderia o maior ganho de arbitragem relativa em comparação às outras opções, calcula o Bradesco BBI.

O banco também acredita que as ações do Carrefour Brasil devem alcançar os R$ 7,70 à medida que os investidores ganhem confiança de que a operação não será adiada.

Então, o Bradesco BBI mantém a sua recomendação neutra sobre as ações do Carrefour Brasil. Com preço-alvo de R$ 7.

Preço-alvo CRFB3

Para o Jefferies, a proposta que o Carrefour quer fazer para fechar o capital do Carrefour Brasil faz sentido. Dado o histórico ruim das ações da varejista brasileira desde sua estreia no mercado de capitais.

Os analistas Frederick Wild e Pedro Baptista escrevem que é difícil saber se a operação gera valor aos acionistas franceses. Uma vez que ainda não se sabe como a empresa irá financiar os cerca de 880 milhões de euros para comprar as ações.

Eles notam que atualmente as ações do Carrefour Brasil são negociadas abaixo do valor patrimonial da companhia. E o valor de mercado da empresa é menor do que o valor total dos seus ativos imobiliários.

Além disso, o banco afirma que a operação também está inserida no contexto macroeconômico atual. Com as companhias sofrendo com a alta nos juros em meio aos maiores investimentos para se manter competitivas no setor de atacarejo.

O Jefferies tem recomendação de compra para Carrefour Brasil, com preço-alvo em R$ 11,50. Ou potencial de alta de 62% sobre o fechamento de ontem.

Saída do Carrefour da B3: quando deve ocorrer?

Simultaneamente, a XP reduziu o seu preço-alvo para as ações do Carrefour, de R$ 11 para R$ 7,70. Isso diante dos termos divulgados pela companhia para o fechamento de capital no Brasil.

Dessa forma, a expectativa do banco é que a deslistagem da companhia aconteça até o segundo trimestre. E que, até lá, as ações devem ser negociadas com base nas condições propostas para o negócio.

O Carrefour propôs três alternativas para os investidores resgatarem seus investimentos. Sendo que a XP considera a opção A como a mais provável de ser aceita pelos acionistas locais. Dada a menor visibilidade sobre o Carrefour França e dinâmica macroeconômica da região.

Nesse sentido, a opção A determina que cada ação da classe A será resgatada por meio do pagamento em dinheiro de R$ 7,70 por ação.

Além disso, a XP vê “um efeito positivo da proposta para os pares do Carrefour Brasil, com os termos propostos atuando como um potencial piso de ‘valuation’ (a 8 vezes o preço sobre o lucro de 2026).

Enquanto o momento do anúncio pode ser visto como uma indicação positiva para tendências futuras”.

Mais detalhes sobre proposta de fechamento de capital

Já nesta quinta-feira (12), o Carrefour Brasil divulgou documento dando mais detalhes da proposta de recompra de suas ações que o controlador Carrefour enviou ao seu conselho de administração.

A companhia afirma que o comitê independente emitiu uma opinião favorável sobre a transação. Tendo recebido um parecer do Rothschild & Co Brasil indicando que a relação de troca é financeiramente justa.

O comitê é formado por três membros independentes do conselho de administração do Carrefour Brasil. Mas um deles também é membro independente do colegiado do Carrefour na França e não foi considerado independente para os trabalhos.

Segundo a companhia, o comitê contratou Machado Meyer, Sendacz e Opice Advogados e o Rothschild & Co Brasil para atuarem como seus assessores legal e financeiro, respectivamente, para auxiliá-lo.

“Ao emitir sua opinião favorável, o comitê independente considerou uma variedade de fatores com a assistência de seus assessores em relação aos assuntos relativos à transação”, afirma.

Então, a companhia acredita que a assembleia geral extraordinária para seus acionistas deliberarem sobre o assunto será convocada até o início de março. Acionistas que votarem contra o tema terão direito de retirada no valor de R$ 7,42 por ação.

Finalmente, o Carrefour Brasil também nota que os recibos de ação (BDRs) que serão dados aos acionistas que optarem por essa opção estarão restritos para negociação no mercado secundário. Isso até que a Euronext Paris seja aprovada como mercado reconhecido pela B3.

“A aprovação da Euronext Paris como um ‘mercado reconhecido’ não é uma condição precedente para a transação”, afirma a empresa. As condições suspensivas da operação são de praxe.

Com informações do Valor Econômico

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