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Bottom-up e top-down: conheça as estratégias usadas para montar uma carteira de ações
Saiba quais são as diferenças e como tirar o melhor proveito de cada uma dessas táticas
Na hora de montar uma carteira de investimentos, alguns pontos básicos devem ser considerados, como o perfil de riscos, prazos e objetivos. Mas, além disso, quando o assunto são as ações, também é importante ficar de olho em qual tática é melhor para você. E nesse caso, estamos falando das estratégias bottom-up e top-down.
Como você deve ter percebido, esses dois métodos são usados na hora de montar uma carteira de ações e fazem parte da análise fundamentalista. “Diferentemente da análise técnica, que vai avaliar o gráfico, a variação do preço da ação, etc, a análise fundamentalista verifica diversos fatores da empresa, como o balanço e a alavancagem, por exemplo”, explica Paula Bento, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar.
Mas, se você quer saber mais detalhes sobre a análise fundamentalista, confira aqui a matéria que produzimos sobre o assunto. E também o vídeo abaixo, que traz um breve resumo a respeito do tema.
Portanto, dentro da análise fundamentalista para a montagem de uma carteira de investimentos, existe a estratégia bottom-up e top-down. A tática top-down usa como base os fatores macroeconômicos e os setores do mercado para assim encontrar oportunidades de bons retornos financeiros.
“Desse modo, quando falamos de investidores globais, por exemplo, eles vão olhar para países, mercados emergentes e desenvolvidos e analisar os setores. Sempre se baseando em alguns aspectos econômicos para fazer um investimento, como juros, PIB, solidez fiscal”, esclarece Werner Roger, CIO da Trígono Capital.
Então, se pensarmos no atual clico de queda de juros que estamos vivenciando, ao escolher a estratégia top-down, o investidor deve optar por ações que se beneficiam desse cenário. “Afinal, antes de selecionar qual empresa investir, ele estará considerando o momento macroeconômico”, afirma Paula.
Por outro lado, o conceito bottom-up é mais focado em analisar individualmente cada ativo de cada empresa. “Então, a estratégia vai identificar se as ações daquelas companhias são investimentos que tendem a dar certo de acordo com os fundamentos. Ou seja, analisa a perspectiva daquela ação na linha do tempo e no longo prazo de acordo com o negócio daquela empresa. Desse modo, a estratégia bottom-up verifica se aquela empresa tem uma boa governança e perspectivas para frente”, conta a planejadora financeira.
Portanto, tal análise vai se basear no balanço, estado, dividendos e valor das empresas. E os fatores econômicos se tornam secundários. “Na lógica bottom-up, que é microeconômica, o investidor que gosta de dividendos vai procurar aquelas empresas que têm um histórico de pagamento mais elevado, por exemplo”, comenta Roger.
Então, basicamente, no top-down o investidor está olhando mais para o ciclo de mercado. Afinal de contas, ele está avaliando o cenário macroeconômico para daí definir os setores e as ações. Enquanto no bottom-up avalia a empresa.
“No mercado financeiro existe um tipo de investidor que é chamado de buy and hold, que é aquela pessoa que quer comprar e manter a ação por um longuíssimo prazo. Geralmente, esse perfil vai fazer uma análise bottom-up. Isso porque, ele vai acompanhar aquela empresa detalhadamente”, explica Paula.
Ainda de acordo com a especialista, no top-down a escolha da ação será direcionada de acordo com as oportunidades durante os ciclos de mercado.
“Então, por exemplo, a gente está em um ciclo de queda de juros. A partir daí, muitos investidores estão buscando quais são as ações que podem ter mais oportunidades durante esse momento. Ou seja, quais produtos que nos últimos ciclos tiveram benefícios com a queda dos juros. E isso é top-down”, afirma.
Desse modo, a principal diferença entre top-down e bottom-up, é que o primeiro vai olhar o cenário macro da economia, enquanto o segundo acompanha a empresa no detalhe.
Segundo Werner Roger, o investidor tem que conhecer a si mesmo, seus objetivos, saber qual é a sua tolerância de risco, prazo, conhecimento e tempo disponível. “A partir daí, ele vai fazer uma carteira e escolher a estratégia bottom-up e top-down. Então, se ele acredita que o dólar vai cair, vai pegar uma empresa voltada para a exportação, por exemplo, seguindo a lógica top-down”, comenta.
Por outro lado, para escolher o bottom-up, vai precisar olhar as empresas que estão mais baratas. “É importante verificar se a companhia tem PL (Dívida Líquida) mais baixo, que paga bastante dividendos, que tem um balanço sólido, sem endividamentos, é bem gerida e administrada, diversificando os setores”, pontua o especialista.
Além disso, é importante que você, investidor ou investidora, tenha ciência que o mercado de ações, ou seja, de renda variável, não tem rentabilidade garantida. Afinal, você está entrando como sócio de empresas.
“Então, qual é o seu sentimento em relação a isso? Esse tipo de investimento está de acordo com seu perfil de risco e conhecimento do mercado financeiro? Inclusive, é importante ter disponibilidade de tempo para acompanhar e analisar esses investimentos. Ou se vai ter orientações de profissionais que sejam qualificados. Ou até mesmo a ajuda de ferramentas que sejam realmente qualificadas para que você tome decisões mais embasadas”, ensina Paula Bento.
Mas claro que, independentemente se você escolher por uma estratégia ou outra, é importante de tempos em tempos fazer um rebalanceamento da carteira.
“Acredito que a cada três ou seis meses é preciso fazer esse reposicionamento. O ideal, claro, é que isso seja realizado junto de um profissional. Assim, é possível atingir um ganho real acima da inflação e com a diversificação da carteira”, afirma Gustavo Araújo, economista e especialista em investimentos.
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