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A chance da fusão entre Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) ser aprovada, segundo análise da XP
Empresas citadas na reportagem:
Uma possível fusão entre as duas maiores empresas de educação privada do país , Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), geraria sinergias equivalentes a quase todo o valor de mercado de ambas. Mas o problema é a concentração do setor. Em relatório analisando o movimento de M&A, a XP Investimentos diz que o histórico não é favorável.
A XP detalha o verdadeiro entrave para uma fusão de Cogna com Yduqs: as duas são grandes players de ensino online e físico. A primeira detém a rede de faculdades Anhanguera, enquanto a segunda é dona das marcas Estácio e Ibmec. Mas a mistura de negócios pode aliviar as pressões externas. O Bank of America nota que a alta de juros altos e queda na inscrição de alunos em cursos presenciais também são desafios.
Como seria a fusão de Cogna (COGN3) com Yduqs (YDUQ3)?
Segundo o jornal Valor Econômico, as empresas tentam novamente, após sete anos, um acordo de fusão de ativos. Da última vez, em 2017, as companhias esbarraram na reprovação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A XP, assim, calculou a probabilidade de uma fusão em 2024.
A começar pelo número de estudantes presenciais em 22 cidades onde a Cogna e a Yduqs tem campi ativos. Segundo a XP, a Cogna (COGN3) tem 105 mil alunos, contra 182 mil da Yduqs (YDUQ3) nesses territórios em que atuam como concorrentes diretas.
Ao considerar somente cursos presenciais de medicina, as marcas não tem regiões de atuação concomitante.
Os analistas da XP Rafael Barros e Raphael Elage destacam que, das 22 cidades onde Cogna e Yduqs atuam em conjunto, cinco podem oferecer um risco alto de prática antitruste ao Cade. Isso porque elas teriam concentração de mais de 21% do mercado de Educação.
Em Campo Grande (MT) e Florianópolis (SC), por exemplo, a fusão tem alto risco de levar o colegiado a considerar um possível monopólio.
Outras seis cidades possuem “risco médio” à fusão. Isso é, a nova companhia teria uma fatia de quase 19% do mercado de ensino presencial na região.
O colegiado pode, desta forma, determinar que ou Cogna ou Yduqs se desfaçam de ativos nas regiões onde a nova companhia poderia oferecer risco de monopólio.
A venda de ativos não é uma restrição incomum quando o Cade decide sobre M&A. É, portanto, um risco mais remediável.
“Assumimos que qualquer remediação poderia ser cumprida com desinvestimento de ativos menos atrativos em número de alunos”, diz a XP. “Considerando esse corte, a fusão poderia ir adiante com impacto de somente 7,4% na base de estudantes presenciais”, completam os analistas da corretora.
Divisão de ensino online traz maior risco para acordo
O cenário muda, contudo, quando os analistas dissecam a divisão de ensino online de Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3).
Os hubs digitais das duas empresas concorrentes estão disponíveis em 400 cidades ao mesmo tempo, ou o correspondente a 98% de todo o mercado.
“A nova empresa oriunda da fusão teria 40% de participação de mercado. Em cidades que apresentam médio risco ao Cade, essa fatia chegaria a 80%”, analistas apontam. Somente 15% da base estudantil online de Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), estaria fora de cidades de alto ou médio.
Uma remediação nesse caso nos parece muito mais complexa
XP Investimentos sobre fusão entre Cogna e Yduqs
O índice usado pela XP determina que uma fusão oferece um risco antitruste médio quando ultrapassa 1.500 pontos. No segmento online, o acordo entre Cogna e Yduqs marca 1.780 pontos.
Sinergias devem favorecer mais a Cogna (COGN3)
Se existem riscos na fusão, eles com certeza valem a pena do lado da Cogna. Na visão da XP, a companhia seria principal beneficiada pela fusão, porque tem estimativas de bottom line (leia-se lucro líquido), pior que o da Yduqs para 2025.
O resultado líquido da Cogna previsto para o ano que vem é 36% menor que o da Yduqs (YDUQ3). A alavancagem desta é de 1,9 vezes o Ebitda, enquanto a dona da Kroton carrega um múltiplo de 2,9 vezes.
O principal benefício para as duas empresas, contudo, seria a economia com despesas gerais e administrativas.
“Apesar de sinergias de custo, Capex (Despesas de aquisição de capital) e receita, acreditamos que a mais relevante delas seria o corte de despesas”, dizem Barros e Elage. “Porque não haveria, com a transação, a necessidade de duas estruturas corporativas.”
Mas, caso siga adiante, a fusão entre Cogna e Yduqs demoraria mais de um ano para passar pelo crivo do CADE.
Tudo isso em meio a um sinal de alta de juros, desafiador para o setor de Educação, nota o Bank of America. Mesmo assim, o banco recentemente elevou a recomendação de Cogna (COGN3) de venda para neutro.
O BofA vê menos riscos de downside para a ação após a queda de 60% no ano.
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