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De inconsistência contábil até a admissão de fraude: o que você precisa saber sobre caso Americanas (AMER3)
Entre o primeiro fato relevante – a forma como companhias listadas na bolsa de valores se comunicam com o público em geral e com os investidores especificamente – e o mais recente, publicado em 14 de junho, esta é a principal evolução da sucessão de acontecimentos que marcam para sempre a história da companhia. A Americanas (AMER3) deixou de chamar o que ocorreu em sua administração de ‘inconsistência contábil’ para admitir que houve fraude.
Por meio, também, desses fatos relevantes, é possível rememorar e entender a crise da companhia controlada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
A primeira divulgação: inconsistências contáveis
O primeiro fato relevante é divulgado em 11 de janeiro de 2023. Ele informa: “Foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis”. A informação significava, à época, que informações não constavam adequadamente nas demonstrações financeiras da empresa – balanços patrimoniais, resultados obtidos em determinado exercício e até dados de fluxo de caixa. Na época, essas inconsistências eram de R$ 20 bilhões, segundo o mesmo documento
A negociação da dívida e reformulações
Cinco dias após o primeiro fato relevante, a companhia emite outro comunicado, informando a contratação do escritório Rothschild & Co para atuar na renegociação da dívida da companhia. Tanto no Brasil quanto no exterior. No dia 17 de janeiro, a companhia anuncia que Camille Loyo Faria passa a ocupar o cargo de diretora financeira e de relações com investidores.
Anúncio do pedido de recuperação judicial
Dois dias depois, no dia 19 de janeiro, o Grupo Americanas anuncia sua recuperação judicial – instrumento que visa evitar a falência de uma determinada companhia e, com isso, levá-la a renegociar suas dívidas. Na divulgação desta informação, a companhia informa que o total dos créditos “listados nos documentos protocolados com o pedido de recuperação judicial soma, naquela data, aproximadamente R$ 43 bilhões.
A lista de credores
Ainda no mês de janeiro, no dia 25, a companhia informa pela primeira vez sobre uma lista de credores. Bem como indica onde é possível consultá-la. Credores são todas as pessoas ou empresas que possuem débitos a receber da companhia alvo de recuperação judicial. Essa lista é atualizada no começo de fevereiro e reuniões passam a ocorrer neste mesmo mês e em março.
Afastamento da diretoria
É no começo de março que a Americanas anuncia o afastamento de alguns diretores estatutários de todas as funções e atividades na companhia durante a apuração das até então chamadas inconsistências contábeis. É no mesmo fato relevante que a empresa anuncia a contratação de um instituto de perícias forenses chamado IBPTECH. Essas perícias são, basicamente, a realização de análises de dados e evidências sobre determinado fato.
Plano de recuperação judicial
No dia 20 de março, pela primeira vez, um fato relevante menciona o plano da companhia de recuperação judicial. A proposta envolve aporte de R$ 10 bilhões em capital dos três sócios controladores da varejista e donos da 3G Capital: Lemann, Telles e Sicupira. A informação consta de reportagem publicada pela Inteligência Financeira, que mostra a intenção da companhia de aumentar o caixa da em pelo menos R$ 3 bilhões com a venda de ativos. Ativo é aquilo que a companhia possui e que pode ser transformado em dinheiro, que por sua vez é o que faz o caixa de uma empresa.
Americanas admite fraude
Na última terça-feira, pela primeira vez, a companhia admite que houve fraude. “A Americanas não chama mais o caso de inconsistência contábil, mas de fraude”, afirma Leonardo Coelho Pereira, atual diretor-presidente da companhia. A frase foi dita em depoimento na Câmara dos Deputados, que instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para tratar do tema. A Americanas foi além.
Mecanismos da fraude, segundo a empresa
De acordo com a companhia, no curso da fraude, houve uso de diversos contratos de verba de propaganda cooperada. Eles são incentivos comerciais que podem ser usados, no setor do varejo, para melhorar artificialmente o resultado de uma companhia – sua saúde financeira em determinado período. Há a redução do custo, mas sem a contratação de determinados fornecedores. Houve, ainda, a contratação de uma série de financiamentos em bancos sem que houvesse aprovação societária – o chamado risco sacado.
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