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Dividendo extra: investidor de Petrobras (PETR4) só pensa naquilo para 2024
Preço internacional do petróleo, disputas fiscais, risco de ingerência governamental, política de investimentos. A lista é grande quando se fala de temas que podem nortear a ação de Petrobras (PETR4) em 2024.
Mas nada é tão recorrente nos relatórios de analistas que acompanham a empresa quanto os cobiçados dividendos extraordinários que fizeram a festa do mercado nos últimos dois anos.
No acumulado em 2023 até 11 de dezembro, a ação preferencial da companhia acumulou alta de 78,5%.
Na esteira de um repique nos preços globais do petróleo e receitas extras com vendas de ativos, a companhia bateu recordes de valorização.
Isso a fez recuperar o posto de companhia brasileira mais valiosa na B3, de quase R$ 470 bilhões, posto outrora perdido para a Vale (VALE3).
Ao mesmo tempo, a petroleira acumulou lucros inéditos.
Só no biênio 2021/22, foram quase R$ 300 bilhões de lucro.
Neste ano, só nos primeiros nove meses do ano já foram distribuídos mais de R$ 76 bilhões.
E, sem a obrigação estatuária de guardar parte do lucro, os acionistas ficaram com quase tudo.
Fonte: Einar Rovero com base nas ações PN (PETR4) da companhia
Reserva de dúvidas
Mas desde que a estatal aprovou, em 30 de novembro, a constituição de um fundo de reserva, o que era lucro certo virou uma fonte de dúvida.
A desconfiança cresceu após o governo federal publicar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2024, incluindo a estimativa de R$ 21,4 bilhões em dividendos de estatais, uma queda de 55% ante 2022.
Isso desencadeou uma reação negativa nas ações da Petrobras, com investidores temendo que o valor sugerisse que a empresa pudesse não pagar dividendos extraordinários no ano que vem.
Analistas confiantes
Analistas, porém, por ora têm preferido manter uma visão mais construtiva sobre o assunto.
“Embora reconheçamos que os riscos de retenção de lucros aumentaram significativamente após a criação de uma reserva de capital, não acreditamos que a lei signifique necessariamente que os pagamentos serão menores”, afirmou o BTG Pactual em relatório.
A estatal tem reforçado que a criação de reserva não impede a companhia de manter a atual política de remuneração.
“Os dividendos extraordinários são possíveis, desde que mantida a alavancagem”, afirmou o presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, referindo-se ao endividamento da empresa, quando apresentou o plano de investimentos para 2024/28.
Para o período, a própria companhia pretende pagar até R$ 270 bilhões em remuneração aos acionistas, entre dividendos regulares e extras.
A maioria dos analistas parece comprada na ideia de que nada importante vai mudar.
Segundo levantamento do Wall Street Journal Markets, 10 de 15 casas internacionais de análise que acompanham Petrobras sugerem compra ou equivalente para a ação da empresa.
Outras quatro instituições recomendam manter o ativo, com apenas uma indicando venda.
De todo modo, a expectativa média é de valorização aproximada de 10% nos próximos 12 meses, bem abaixo do desempenho deste ano.
O que esperar de 2024?
Em relatório, o BB Investimentos afirmou que “há espaço para uma distribuição extraordinária de cerca de R$ 15 bilhões em 2024, podendo surpreender para cima, a depender do patamar de preços do petróleo.”
Isso considerando que o preço médio do barril do petróleo se manterá ao redor de US$ 70.
O Itaú BBA ponderou que a tese de investimento da Petrobras tornou-se mais favorável, uma vez que vários riscos não se materializaram.
Por isso, o banco revisou para cima o preço-alvo para a ação.
Porém, o banco frisou que potenciais acordos da Petrobras para resolver disputas fiscais no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) podem limitar um potencial dividendo extraordinário.
Em outubro, a Câmara Superior do Carf decidiu que a Petrobras deve pagar R$ 6,5 bilhões em impostos de controladas e coligadas no exterior. Ainda cabe recurso da decisão.
A petroleira ainda tem outros quase R$ 35 bilhões em processos de execução fiscal.
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