Entenda os efeitos colaterais do caso Americanas no mercado de crédito
Veja a expectativa dos analistas do Itaú BBA, e o que eles recomendam para os investidores
Desde a divulgação das inconsistências contábeis de Americanas, os analistas do Itaú BBA têm observado mudanças relevantes no mercado de crédito e de capitais.
O primeiro efeito colateral do evento se deu via aumento de taxas para diversas modalidades de crédito.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Linhas como desconto de duplicatas, conta garantida e capital de giro mostram uma elevação de 0,1%, 0,2%, 0,3% nas taxas mensais, respectivamente.
Este aumento de taxa, somado à redução no prazo de concessão, mais seletividade no cliente e possível avanço na demanda por garantias pode acabar pressionando empresas que já se encontram em situações financeiras desafiadoras.
Juntamente com essa pressão no mercado de crédito, há uma dinâmica desfavorável no mercado de capitais, informam os analistas.
À medida que o evento Americanas afetou a performance de diversos fundos de renda fixa em janeiro, dados da Anbima mostram que houve montante relevante de saques nestes veículos.
E se os fundos estão registrando saques, dificilmente servirão como tomadores de ofertas de debêntures, por exemplo.
O que deve acontecer com o mercado?
O que deve acontecer, dizem os analistas do Itaú BBA, é um efeito em cascata.
Para as emissões futuras, investidores demandarão taxas maiores. Isso acaba dificultando o processo de emissão de novas dívidas, bem como a rolagem de dívidas de diversas empresas.
Já existem no mercado emissores e compradores de crédito buscando o novo “equilíbrio”, o que pode levar a um período temporário de baixa originação de crédito durante o primeiro trimestre deste ano.
É fundamental que esse excesso e as condições de crédito mais difíceis não se transformem em mais inadimplência, o que claramente reduziria o apetite por crédito.
O que os bancos estão fazendo?
Os bancos ainda buscam aumentar as carteiras corporativas em 2023, mas com mais cuidado.
Por isso, os analistas estão mais pessimista com a ação do Bradesco e Santander, para as quais eles têm recomendação de “venda”. Por quê? Porque estes seriam as instituições mais impactadas por eventuais problemas no mercado de crédito corporativo em relação aos outros bancos.