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Entenda como resultado das ‘midterms’ pode impactar Apple e Tesla
Independentemente de quem vencer as eleições de meio de mandato (midterms), os EUA provavelmente vão impor mais restrições à China para o acesso a tecnologias críticas, alegando perigo para a segurança nacional. A postura agressiva contra Pequim provavelmente aumentará ainda mais se os republicanos ganharem o controle de uma ou ambas as casas legislativas americanas.
Se existe um consenso entre republicanos e democratas, é que ambos veem a China como um perigo à segurança nacional do país. À medida que as atenções se voltam para as eleições presidenciais de 2024, ambos os lados querem propagandear que atuaram de maneira dura com a China, abrindo caminho para mais medidas para reforçar a competitividade dos EUA em relação a Pequim e evitar riscos de segurança.
O governo Biden vem expandindo algumas das medidas iniciadas com o presidente Donald Trump. Em outubro, o governo divulgou uma série de restrições à exportação destinadas a atrapalhar a indústria de semicondutores da China e impedi-la de acessar chips de última geração.
As medidas tentam diminuir as brechas que existiam em planos anteriores, que previam a criação de uma lista negra de empresas que não poderiam atuar nos EUA. No entanto, foram concedidas licenças suficientes para permitir que as empresas chinesas contornassem as restrições.
As últimas restrições relacionadas a chips não apenas adicionaram mais empresas à lista, mas também proibiram completamente a venda desses semicondutores de alta tecnologia para a China, sem apresentar saídas para quando as restrições forem impostas.
E mais restrições estão chegando, com o governo buscando mais medidas de contenção contra a China e os republicanos, independentemente do que a Casa Branca faça, apoiando medidas mais fortes, diz Anna Ashton, diretora de assuntos corporativos da China no Grupo Eurásia.
Qual é o próximo passo?
Espera-se que o governo empregue uma série de ferramentas, incluindo mais controles de exportação voltados para as tecnologias cruciais, incluindo computação quântica e inteligência artificial, além de recorrer à política industrial do Chips Act, que incentiva as empresas a produzir mais tecnologia de ponta internamente.
Os EUA também buscam aumentar a eficácia dessas medidas, incentivando aliados na Europa, Japão, Coréia e outros lugares a se juntarem às restrições impostas pelos EUA, enquanto tentam impedir a China de acessar a tecnologia fabricada nos EUA. As preocupações com a segurança nacional são frequentemente citadas em coletivas, já que o Departamento de Defesa identifica a China como o principal rival do país.
À medida que a China reforça o esforço para se tornar autossuficiente em áreas críticas, os EUA também estão analisando mais de perto a limitação do investimento de americanos na China, especialmente em áreas destinadas à exportação e outras restrições.
Os republicanos também expressaram preocupação com os investimentos em empresas chinesas devido ao aumento da intervenção estatal no setor privado e da dificuldade em saber se o capital dos EUA está indo para fins contrários aos interesses dos EUA,.
A pressão em Washington ocorre quando até mesmo investidores veteranos dos EUA na China estão reavaliando suas posições no país depois que o presidente, Xi Jinping, consolidou seu poder com um inédito terceiro mandato. A Tiger Global interrompeu novos investimentos na China, segundo o “The Wall Street Journal”, citando pessoas próximas ao assunto.
As empresas de serviços financeiros ilustram o enigma que as empresas globais enfrentam. A China está cortejando empresas estrangeiras enquanto tenta desenvolver e internacionalizar seus mercados financeiros, o que é necessário para se tornar um participante financeiro global maior.
O que isso significa para os investidores?
Grande parte das consequências iniciais permanecerá no setor de tecnologia por enquanto, pois as restrições podem prejudicar parte do crescimento dessas empresas em mercados lucrativos em um momento em que já enfrentam desaceleração na demanda. As amplas restrições relacionadas aos chips se somaram à panóplia de desafios enfrentados pela indústria de semicondutores.
Ainda não está claro como a China vai retaliar. Por enquanto, dizem os analistas, os chineses parecem estar esperando para ter uma visão de todo o escopo das restrições antes de agir. Empresas com grandes operações na China – como Apple, Tesla, Ford Motor, General Motors e grandes bancos dos EUA – podem ser alvos de retaliação, incluindo aumento da burocracia ou fechamento de fábricas, como foi ameaçado durante a guerra comercial entre 2018 a 2020.
A China poderia aumentar os incentivos para que suas empresas escolham fornecedores não americanos sempre que possível. Outra escalada pode envolver limites na venda de minerais essenciais de terras raras, necessários para equipamentos de defesa, bem como para a economia verde, possivelmente colocando em prática políticas que forçam as empresas a produzir na China para acessar os minerais, diz Ashton.
A tendência de dissociação das cadeias de produção global em alguns setores relacionados à segurança nacional provavelmente se acelerará após as eleições de meio de mandato. Os investidores terão que escolher cuidadosamente seus lugares entre as multinacionais e empresas chinesas que não estão no fogo cruzado.
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