Gerdau (GGBR4) reavalia abrir fábrica no México e volume de investimentos no Brasil

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A Gerdau (GGBR4) comunicou que reavalia a abertura de planta de produção de aço especial no México, disse Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, em coletiva nesta quinta-feira(20). A fábrica, que custaria de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões à empresa e se beneficiaria da prática de near shoring (onde empresas abrem instalações vizinhas a mercados em potencial), teve o cronograma de abertura paralisado com “a alteração de circunstâncias geopolíticas”, como a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
A Gerdau divulgou resultados na noite de quarta-feira (19) e reportou lucro líquido de R$ 666 milhões no último trimestre, queda de 55% em relação a igual período de 2023. Os investimentos que iriam para a planta do México serão “distribuídos em janela de longo prazo”, afirmou o diretor-executivo financeiro da Gerdau, Rafael Japur. “Nossa ação está subvalorizada e um dos principais investimentos é no programa de recompra de ações”, disse o CFO.
Às 12h40, as ações da Gerdau no Ibovespa (GGBR4) recuam 1%.
Gerdau (GGBR4) quer reforçar operação dos EUA, diz CEO
A Gerdau está focada no momento em fortificar a operação na América do Norte e, em particular, nos Estados Unidos, após o presidente americano anunciar tarifas de importação de 25% sobre produtos de aço e derivados. As taxas passam a valer a partir de março.
Assim, ao abandonar o plano de uma nova fábrica no México, Werneck disse que a Gerdau “talvez não atingisse a capacidade de produção desejada” na planta. Os estudos de viabilidade foram reavaliados.
Além disso, o executivo citou “a disponibilidade de água e energia, além da oferta de sucata no país”, como fatores que poderiam afetar a produção da siderúrgica.
Por outro lado, a empresa quer aumentar a produção de aço especial nos EUA, onde espera reganhar margens na operação norte-americana via aumento de demanda.
Werneck comentou que atualmente a planta norte-americana opera em 70% da capacidade total de produção de aço. Isso equivale a 4 milhões de toneladas do metal por ano.
Mas essa capacidade pode subir em 2025, afirma, à medida em que preços do aço nos EUA devem também aumentar. “Vamos investir para ampliar a capacidade de usinas na América do Norte. Esperamos que uma demanda forte aumente o mix de produtos e fortaleça a receita”, pontuou Werneck.
Investimento do México foi usado para recompras, diz CFO
A Gerdau aprovou na quarta-feira um programa de recompra de R$ 64,5 milhões em ações preferenciais da companhia. Assim, em encontro com jornalistas, o CFO da Gerdau, Rafael Japur, disse que parte do capital de execução que seria utilizado no México foi destinado aos programas de recompra.
Em 2024, completou Japur, a Gerdau (GGBR4) gastou R$ 1,1 bilhão com recompra de ações. “Nossas ações estão, portanto, muito subvalorizadas. Considerando também os investimentos importantes para aumentar competitividade de longo prazo”, disse o CFO.
Gerdau avalia cortar investimentos no Brasil com sobreoferta
A Gerdau considera ainda cortar investimentos no Brasil caso o governo brasileiro não crie medidas contra a importação de aço chinês. A empresa paralisou as atividades de sua usina em Barão de Cocais (MG) em 2024 por sobreoferta de aço no mercado nacional.
Gustavo Werneck, CEO, afirmou que espera que o governo brasileiro tome medidas mais duras em relação ao aço e aos derivados importados da China. Ele sugeriu a adoção de tarifas que não dependem do volume importado, ao contrário das tarifas-cota em vigor.
“Do nosso lado, temos que fechar a capacidade”, alegou Werneck. “Um ponto central da conversa (com o governo) é que vamos ter que tomar uma série de medidas. E uma delas pode ser uma queda de investimentos no Brasil.”
Por fim, Werneck comentou que a previsão de capital de expansão da Gerdau de US$ 6 bilhões para 2025 mostra que “continuamos acreditando que o governo brasileiro vai tomar alguma medida”.
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