Gestor do Itaú zera posições em bolsa e diz porque não vê oportunidades em renda variável
Ao PodInvestir, Bruno Serra explica porque desmontou posição no índice de ações S&P, nas bolsas NYSE ou Nasdaq, e também está fora da bolsa brasileira
Após carregar com relativo sucesso uma posição comprada em bolsa americana, o ex-diretor do Banco Central (BC) Bruno Serra Fernandes, atual gestor da família de fundos Janeiro, da Itaú Asset, disse que neste momento não enxerga oportunidades em renda variável. E isso, tanto na bolsa dos Estados Unidos quanto na brasileira.
“A gente está zerado de bolsa, em geral”, disse ele ao podcast PodInvestir, da Inteligência Financeira. A declaração acontece após o multimercado do Janeiro entregar quase 140% do CDI em seu primeiro ano de vida. Muito desse resultado em função de uma carteira comprada de empresas de tecnologia como NVidia, Microsoft e Broadcom.
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No programa, ele também falou sobre suas expectativas para o mercado de multimercados em 2025, eleições americanas e teceu observações diferentes das do mercado para o ciclo de alta de juros no Brasil. Assim como uma aposta distinta para a queda de juros nos Estados Unidos.
Você confere a entrevista na íntegra de Bruno Serra ao PodInvestir no Spotify, aqui. Também no YouTube, neste link. Assim como nas principais plataformas de áudio disponíveis.
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Oportunidades em renda variável?
Para Bruno Serra, após sustentar altas anuais na casa de 50%, 60%, as big techs americanas concentraram o peso sobre o S&P 500, tornando o índice “um pouco caro”.
“Longe de achar que está supercaro, de querer ficar vendido, longe disso”, destaca o ex-diretor de política monetária do BC. “A gente só acha que pode ter um ponto de entrada melhor em breve.”
Para fundamentar sua posição, ele indica o S&P 500 Equal-Weight, índice que dá o mesmo peso às 500 empresas que integram o S&P 500.
“Quando eu olho para isso, esse valuation (do S&P Equal-Weight), a gente está quase um desvio padrão, alguma coisa como 0,8 desvio padrão da média histórica dos últimos 20 anos. Ou seja, um pouquinho caro”, afirma.
Para ele, complementam o cenário o preço com que é negociado o Vix, índice de volatilidade calculado pela bolsa de Chicago, também chamado de Índice do Medo. O Vix está acima da média histórica. Assim como a taxa de juros americanos, que apesar de cair, ainda é considerado alto.
“Eu olho pra isso (tudo) e, poxa, eu prefiro estar de fora agora para ter oportunidade de alocar risco em preço bom (depois)”, conclui.
Bolsa brasileira
Já com relação ao Brasil, Bruno Serra aponta que apesar da métrica de preço versus lucro (price earnings) das ações locais, as oportunidade em renda variável são baixas.
“No Brasil, teve uma janela em que a bolsa ficou, de fato, muito barata. Hoje, se você olhar para o price earnings da bolsa brasileira, ainda é barato historicamente. Mas quando abre, os setores que puxam a bolsa pra baixo estão baratos no mundo inteiro”, diz.
Ele destaca o desempenho da Vale (VALE3) frente às empresas de mineração no mundo, que seguem abaixo da média histórica. Isso, muito em função das dificuldades chinesas.
Assim como o petróleo, no Brasil representado pela Petrobras (PETR4), commodity que enfrenta dificuldades para encampar uma valorização.
“Tem discussão aí da Arábia Saudita parar de tentar puxar o petróleo pra 100 (dólares) para manter market share. Teve uma queda grande recente por conta dessa história”, conta o gestor dos fundos Janeiro, da Itaú Asset.
“Ainda tem um ciclo de alta de juros no Brasil que vai aumentar e o custo de oportunidade de investir na bolsa brasileira”, pontua.