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Hapvida (HAPV3): ação chega a cair 30% e operadora perde R$ 11 bi em valor de mercado
Por volta das 16h45 desta quarta-feira, a negociação das ações da Hapvida (HAPV3) na bolsa teve que ser interrompida após uma queda superior a 31% nas ações ordinárias da operadora de saúde. O temor dos investidores sucede a divulgação de um balanço considerado ruim, no qual a companhia reportou um prejuízo líquido consolidado de R$ 316,7 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro de R$ 200,2 milhões reportado no mesmo período de 2021.
A Hapvida já perdeu cerca de R$ 11 bilhões em valor de mercado até o início da tarde, segundo levantamento do Valor Econômico, se comparado com o preço de fechamento na terça-feira. O volume negociado dos papéis da Hapvida já se aproxima de R$ 1 bilhão. Se a ação fechar ao patamar atual de R$ 3,06, será a mínima histórica do ativo.
Hapvida tem ganho em Ebitda, mas sofre com reajuste dos planos
Em relatório do balanço financeiro do 4º trimestre de 2022, a Hapvida disse que as receitas tendem a crescer mesmo sob impacto do reajuste negativo de planos de saúde individuais. A companhia explica que o reajuste é estimado em R$ 18 milhões para a própria empresa e mais R$ 11,7 milhões para a NotreDame Incorporadora. “A partir de maio de 2022, os contratos existentes elegíveis de planos individuais passaram a sofrer o reajuste de 15,5%”, diz a empresa no relatório de resultados.
O lucro antes de impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 528,9 milhões entre outubro e dezembro, alta de 36,2% na base anual.
Já o número total de beneficiários alcançou 16,07 milhões ao final do trimestre passado, avanço de 113,3%, segundo a Hapvida. A carteira do segmento saúde cresceu 113,6%, para 9,13 milhões de usuários, enquanto os planos odontológicos somaram 6,9 milhões de usuários ao fim do período, crescimento de 112,9%.
A Hapvida encerrou o período com 87 hospitais, 75 unidades de pronto atendimento, 328 clínicas e 271 unidades de diagnóstico por imagem e coleta laboratorial, totalizando 761 pontos de atendimento próprios em todas as cinco regiões do país.
Mesmo com o aumento de indicadores positivos, o gosto do balanço para o investidor foi amargo. Bancos de investimento avaliam que o resultado veio abaixo das expectativas, e o Credit Suisse cortou a recomendação de compra para a operadora da saúde.
Por que o balanço de Hapvida (HAPV3) foi ruim, segundo o Citi
Os resultados de 4º trimestre da Hapvida foram ruins e abaixo das expectativas já conservadoras, pressionados por uma sinistralidade no período mais alta do que o esperado, diz o Citi.
Além da alta sinistralidade, os analistas Leandro Bastos e Renan Prata acrescentam que houve um custo maior de vendas e uma diluição menor de despesas fixas. Isso levou à deterioração na margem Ebitda, afetando o resultado.
A sinistralidade total no quarto trimestre do ano passado foi de 76,9%, alta de 9,7 pontos percentuais no comparativo anual. Já a sinistralidade caixa ficou em 72,9%, avanço de 8,1 pontos percentuais.
Maiores despesas financeiras, combinado com dinâmica de capital de giro pior que o esperado, gerou uma queima de R$ 525 milhões em caixa, reduzindo a visibilidade dos resultados futuros da companhia.
Mesmo avaliando o balanço como negativo, o Citi tem recomendação de compra para Hapvida, com preço-alvo em R$ 7, potencial de alta de 55,9% sobre o fechamento de ontem.
Credit Suisse corta recomendação
O Credit Suisse cortou sua recomendação para Hapvida de compra para neutra e seu preço-alvo de R$ 6,50 para R$ 4,40, incorporando os resultados do 4º trimestre.
Os analistas do banco escrevem que a Hapvida reportou uma evolução modesta na receita no trimestre, continuando o crescimento orgânico e mantendo crescimento do tíquete nos planos de saúde. No entanto, planos corporativos e novas contratações ainda podem estar atrasando o reajuste do preço médio, dizem.
“Continuamos acreditando que a reversão dos índices de sinistralidade pode levar alguns trimestres, pois dependem de reajustes de tíquetes relativamente altos para compensar sinistros pressionados pela inflação e utilização por dois anos.”
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