Quando vale a pena investir na holding, e quando é melhor ter as controladas em carteira?
Há riscos e vantagens em cada uma delas; saiba o que levar em consideração
Itaú ou Itaúsa? Vale ou Bradespar? Na hora de comprar ações, muitas pessoas se questionam se vale a pena investir na holding no lugar da empresa controlada. A seguir, vamos te explicar detalhadamente as diferentes estratégias para que você possa tomar a melhor decisão.
O que é uma holding?
Ao definir se vale a pena investir em ações de uma holding, é necessário compreender o conceito, além de entender a sua área de atuação. No Brasil, há diversas holdings presentes em diferentes setores econômicos. Em comum, essas empresas possuem a maioria das ações ordinárias de outras companhias listadas na bolsa de valores.
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O papel principal de uma holding é controlar outras empresas, sem, em geral, estar diretamente envolvida na produção de bens e serviços. Há diferentes tipos de holdings, cada uma com características específicas.
“Holding seria uma empresa que tem como atividade principal a participação em outras companhias, gerando valor para seus acionistas através dos retornos de seus investimentos e do controle que exerce sobre eles. É muito comum confundir a holding com uma de suas controladas, especialmente quando a maior parte de seu capital é representado por uma delas, como é o caso de Itaúsa (holding) e Itaú Unibanco (subsidiária)”, explica Roque Naves, analista CNPI da CM Capital.
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Portanto, segundo Naves, o mais importante é o investidor entender que uma holding representa todas as companhias que fazem parte de seu portfólio.
Atenção ao portfólio
Sendo assim, na hora de decidir investir em uma holding, é preciso conhecer o portfólio de empresas e setores que estão inseridos nela; sua gestão e princípios de investimentos; e histórico de alocação de capital. Isso, segundo Naves, “torna o processo de análise mais desafiador do que avaliar uma empresa que tem apenas uma atividade operacional em um determinado setor”.
Conforme o especialista, em relação a Itaúsa e Itaú Unibanco, “caso o investidor queira se posicionar apenas no setor bancário e fazer um investimento onde tenha maior facilidade para analisar os fundamentos, a melhor escolha seria aplicar no banco diretamente”.
Por outro lado, explica o analista, se o investidor preferir uma maior diversificação em sua carteira, goste das empresas que compõem o portfólio da holding e acredita na capacidade de alocação de capital da gestão, a opção mais indicada seria Itausa.
Ao investir em Itaúsa, você está indiretamente se expondo a Itaú. Mas não só ao banco: também aos resultados de outras empresas, como Dexco, Alpargatas e CCR, entre outras.
Investimento em empresas de capital fechado
“Outra vantagem seria que, através de Itaúsa, o acionista pode ter indiretamente posição de empresas de capital fechado. Atualmente temos recomendação de compra para ambas as empresas (Itaúsa e Itaú Unibanco). Mesmo após uma queda dos pagamentos de dividendos, confiamos na capacidade das gestões para usar esse capital em busca de crescimento e no futuro voltar a premiar os acionistas com dividendos maiores”, afirma Roque Naves, analista CNPI da CM Capital.
Aliás, a agência S&P Global Rating classificou a Itaúsa com a nota mais alta de crédito entre emissores de longo prazo no mercado brasileiro: brAAA.
Cosan
Outro exemplo de holding é a Cosan. De acordo com o analista da CM Capital, por meio dela, o acionista terá posição em Raizen, mas também estará exposto aos resultados da Compass, Rumo, Vale e Moove, trazendo uma maior diversificação de setores para a carteira.
“Atualmente na CM temos recomendação de compra para Cosan. Preferimos estar posicionado na controladora do que, por exemplo, em Raizen”, afirma Naves. Para justificar a escolha, ele cita a “diversificação da carteira em ativos irreplicáveis no Brasil que possuem uma clara vantagem competitiva sobre seus pares”.
Além disso, destaca a visão de investimento de longo prazo em setores perenes e um histórico de sucesso comprovado em sua alocação de capital. “Dessa forma, nos mantemos expostos a Raizen, mas ganhamos uma maior diversificação da carteira em outros setores e uma gestão focada em entregar valor aos seus acionistas”, pontua o especialista.
Desconto de holding
Outro conceito importante é o desconto de holding. Naves explica que, ao comparar o valor da holding e das subsidiárias, “observa-se que há um desconto no preço da controladora em relação às controladas. Mas isso se deve aos custos administrativos e financeiros para manter sua operação”.
Sendo assim, segundo o analista, o que pode pesar a favor da Itaúsa seriam dois pontos que estão sendo debatidos na reforma tributária. Ele cita o fim dos juros sobre capital próprio e a implementação do imposto sobre o valor adicionado. Naves acredita que isso pode ajudar a diminuir o desconto sobre o valor de suas subsidiarias”.
“Se somarmos o preço de mercado das partes das empresas que compõem uma holding, notaremos que esse valor é maior que o preço da controladora. Por exemplo, a própria Bradespar, que possui somente Vale em seu portfólio, tem hoje sua participação na mineradora em 3,34%. Isso, no valor de mercado atual da companhia, corresponde a R$ 10,3 bilhões. Já a Bradespar possui atualmente R$ 8,98 bilhões em valor de mercado, um desconto de 15,1%”, explica Naves.
Devido às despesas operacionais da operação da holding e algumas ineficiências tributárias, o mercado sempre precificará um desconto em seu preço, segundo o analista. “Portanto, o valor de mercado dela dificilmente será igual a soma das partes das empresas que compõem seu portfólio. Entretanto, em momentos em que o mercado precifica esse desconto de maneira maior que a média histórica, se abre uma oportunidade para o investidor abrir posição na holding”, explica o especialista.
Holding de uma participação
Na hora de investir, é importante saber que há holdings de somente uma participação, caso da já citada Bradespar, que tem somente ações da Vale em seu portfólio. São companhias que optaram por aplicar o seu capital unicamente em uma empresa. É nessa hora que vale se atentar ao desconto de holding para definir em qual empresa investir.
“Atualmente na CM preferimos estar diretamente posicionados na Vale, por acreditarmos que o desconto da holding está dentro da média histórica”, diz Naves.
Fundo de ações: entenda a diferença
Pode-se afirmar que há similaridades entre fundos de ações e uma holding porque ambos têm como atividade principal a alocação de capital eficiente, com retornos as seus cotistas ou acionistas. As semelhanças, entretanto, parariam aí.
Naves pontua que “um fundo de ação possui taxa de administração, já a holding remunera seus gestores através de salário fixo e premiação variável; um fundo possui taxa de performance e uma holding não, entre outra diversas diferenças de regulamentação”.
“Porém, nos dois casos, o fator determinante para se mostrar acertado investir nessas opções é a capacidade do gestor e seu histórico de alocação”, pondera o analista.