Lazari explica por que Bradesco aumentou provisões contra a inadimplência

O presidente do banco também fala sobre o que esperar da equipe econômica no novo governo Lula

Octavio de Lazari Junior, ex-CEO do Bradesco (BBDC3; BBDC4) . Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
Octavio de Lazari Junior, ex-CEO do Bradesco (BBDC3; BBDC4) . Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

O presidente do Bradesco (BBDC3; BBDC4), Octavio de Lazari Junior, afirmou nesta quarta-feira que o cenário econômico brasileiro, com inflação e juros elevados, levou a aumento de inadimplência no banco. O balanço divulgado ontem indica que o Bradesco chegou ao fim do terceiro trimestre com inadimplência de 3,9%, ante 3,5% no fim de junho e 2,6% em setembro de 2021.

Em teleconferência a jornalistas, Lazari Junior disse que o banco precisou fazer uma provisão complementar de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre. Esse ciclo de aumento de provisões deve continuar ao longo de 2023, segundo ele.

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Dados divulgados na terça-feira indicam que os gastos para reforçar as reservas contra perdas no crédito somaram R$ 7,267 bilhões, com alta de 36,8% em relação ao segundo trimestre e de 116,4% sobre o terceiro trimestre de 2021.

Em relação ao lucro, o presidente do Bradesco avalia que ele deve continuar pressionado, o que deve mudar mais significativamente no segundo semestre de 2023. “A performance em crédito e banking tem correlação com a economia brasileira. O cenário levou à deterioração na capacidade de pagamento e aumento da inadimplência, causando aumento de provisões”, justificou o presidente da instituição financeira.

Ele também afirmou que a margem com mercado deve ser melhor no quarto trimestre, embora ainda fique negativa. O banco teve margem financeira de R$ 16,283 bilhões, queda de 0,5% em relação ao segundo trimestre e alta de 3,7% sobre igual período do ano passado. Ao mesmo tempo, considerou que a margem com cliente segue em expansão, beneficiada por expansão da carteira e mix.

O que esperar nos próximos trimestres?

Octavio de Lazari Junior destacou também que o nível de provisões no quatro trimestre deste ano deve se situar no mesmo patamar do terceiro trimestre. Além disso, a necessidade de provisões no primeiro e segundo trimestres de 2023 ainda deve ser nos mesmos patamares de agora.

Questionado sobre surpresas encontradas em relação aos índices de inadimplência no balanço do terceiro trimestre, Lazari Junior afirmou que a inadimplência em cartões e crédito pessoal se deteriorou muito rápido.

“Observamos um poder de compra da população corroído. Batemos o recorde histórico da população endividada no Brasil, e isso que elevou à provisão, até por cautela nossa”, destacou o presidente do Bradesco.

Novo governo Lula

O presidente do Bradesco disse não esperar grandes surpresas do novo governo, pelo menos em 2023. Segundo ele, o aspecto fiscal é bem diagnosticado, precificado, e a equipe de transição está trabalhando para conduzir a questão da melhor maneira possível.

“A equipe econômica – atual e também a que virá – entende todos os problemas com o fiscal, que ele precisa ser controlado”, comentou em entrevista coletiva.

Segundo ele, as projeções macroeconômicas para o próximo ano, com redução da inflação e possível queda de juros, são positivas para o cenário de crédito, mesmo considerando que deve haver uma recessão nos EUA e na Europa.

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