MRV (MRVE3) vende o futuro, mas investidor compra o passado e ações caem
Expectativa de crescimento com Minha Casa Minha Vida e melhora dos margens foram ofuscados com piora sequencial em algumas linhas do balanço do 4º tri/2023
Medidas de apoio do governo, aceleração das receitas, melhora das margens, redução. Esses foram temas que executivos da MRV (MRVE3) frisaram nesta sexta-feira (1) em teleconferência com investidores em relação a perspectivas para 2024.
Porém, o mercado parecia mais preocupado com alguns indicadores do resultado do quarto trimestre de 2023, que pioraram na comparação sequencial.
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Com isso, a ação da construtora e incorporadora caía 5,4% na B3 por volta de 12h20 (horário de Brasília), cotada a R$ 7,21. Enquanto isso, o Ibovespa cedia 0,2%.
“A gente entra em 2024 pisando no acelerador”, disse o diretor-presidente Eduardo Fischer de Souza, durante a apresentação.
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Estamos bem animados, apesar desses resultados que eventualmente não sejam o que a gente quer, acrescentou ele.
MRV (MRVE3): trimestre com resultados mistos
A MRV (MRVE3) reportou na noite de quinta-feira (29) lucro ajustado de R$ 51,5 milhões para outubro a dezembro. Isso foi melhor do que um ano antes (prejuízo de R$ 52 milhões). Em termos líquidos, contudo, a companhia teve prejuízo de R$ 105 milhões, mesmo após vendas recordes no ano.
Analistas tiveram visões distintas em relação a qualidade do balanço.
O Goldman Sachs considerou que as receitas e o lucro vieram um pouco abaixo do previsto.
O BTG Pactual foi na mesma linha.
O Itaú BBA, por outro lado, frisou a melhora sequencial da margem bruta e que “os resultados do trimestre nos deixam confiantes em nossa recomendação”.
Itaú BBA e BTG Pactual têm recomendação de compra para a ação, enquanto a do Goldman Sachs é neutra.
MRV (MRVE3) pra frente
Os executivos mostraram otimismo para este ano, especialmente com a expansão do programa habitacional federal Minha Casa Minha Vida.
Segundo o diretor-presidente Rafael Menin, a concessão de subsídios por alguns estados brasileiros para a compra de imóveis pelo programa devem ajudar a companhia a elevar preços.
“Por muitos e muitos anos, não enxergávamos um programa tão azeitado para a baixa renda”, afirmou ele.
Além disso, a MRV espera para breve anúncios do governo federal no sentido de permitir a extensão do uso dos recursos do FGTS para financiamento à habitação.
Adicionalmente, a companhia conta com elevação no teto dos valores financiáveis em diferentes faixas do programa.
Isso deve permitir também que a MRV (MRVE3) suba preços e melhore as margens.
Pra trás
Contudo, analistas apontaram para os fracos resultados de divisões do negócio da MRV, como do braço norte-americano Resia.
A companhia reconheceu inclusive que foi forçada a vender empreendimento no quarto trimestre com margens insatisfatórias, para fazer caixa.
Além disso, o Goldman Sachs frisou a recente queda na estimativa média do mercado para o lucro da companhia em 2024, em cerca de 20%.
Esse episódio, em janeiro, provocou uma derrocada das ações da MRV, que acumulam queda de cerca de 35% em 2024.
O BTG Pactual ainda sublinhou que a empresa pagou R$ 38 milhões em remuneração a executivos e fez uma provisão de R$ 70 milhões para perdas com descontinuidade de projetos.