Após prejuízo histórico, MRV&Co quer iniciar novo ciclo

Empresa acredita que os resultados devem melhorar a partir do segundo semestre

Resia, negócio da MRV (MRVE3) nos Estados Unidos. Foto: Divulgação
Resia, negócio da MRV (MRVE3) nos Estados Unidos. Foto: Divulgação

O ciclo de resultados abaixo da média história da companhia, provocado pela pandemia, terminou no ano passado, e 2023 é o início da recuperação. Essa é a mensagem que os executivos da MRV&Co tentaram passar em teleconferência com analistas, para comentar o balanço do quarto trimestre, nesta quinta-feira (9).

“Vemos com muito otimismo o futuro da empresa, porque os ajustes de rota feitos a partir do ano passado já começam a aparecer”, disse o copresidente Rafael Menin. “Tenho convicção de que o pior já passou”.

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A incorporadora fechou 2022 com prejuízo líquido de R$ 202,5 milhões, ante um lucro de R$ 805 milhões em 2021.

Segundo Menin, esse resultado ainda é fruto das margens de vendas realizadas em 2020 e 2021, em cerca de 18%, causada por uma precificação abaixo do necessário associada a inflação alta. Houve ainda deterioração do fluxo de caixa por causa dos investimentos pesados na Resia, a subsidiária americana da MRV&Co, que constrói e vende prédios para locação, e na Urba e na Luggo, companhias da holding dedicadas a loteamentos e prédios para locação no Brasil.

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O caixa também foi impactado pela aquisição de terrenos. “Preparamos a MRV&Co para operar em nível de tamanho bem maior do que o atual”, disse Menin.

A adequação da companhia envolve deixar de fazer esses investimentos nas subsidárias — a Resia inclusive passou por corte de 25% dos funcionários no final de 2022 — e gastar menos com terrenos nos próximos dois anos.

A companhia também optou por sair de 40 das 120 cidades em que atua, para simplificar a operação, como divulgado em fevereiro no MRV Day.

Eduardo Fischer, também copresidente da companhia, afirmou que o desempenho das vendas tem melhorado a cada mês, neste início de ano, e que o preço das unidades também segue subindo. A MRV&Co fechou 2022 com preço médio de R$ 208 mil para as unidades e quer chegar a R$ 230 mil até o final de 2023, já contando com uma inflação de 5% no setor.

O diretor financeiro Ricardo Paixão destacou que os resultados financeiros da companhia devem melhorar a partir do segundo semestre, com recuperação de margem, fim da queima de caixa e redução de alavancagem. A companhia projeta terminar 2023 no “zero a zero” em termos de queima de caixa. “Enxergamos que no final de 2023 devemos nos aproximar da margem bruta de novas vendas”, disse Paixão, atualmente em 29%. A MRV&Co terminou 2022 com margem bruta de 19,7%.

Sobre a Resia, os executivos afirmaram ser possível vender quatro ou cinco empreendimentos em 2023, mesmo com o cenário atual de juros nos EUA, que reduz o interesse do mercado nesse tipo de aquisição. Para eles, esses juros devem se estabilizar no meio do ano.

Enquanto o desenho do novo Minha Casa, Minha Vida não é totalmente definido pelo governo federal, o programa que tem chamado a atenção da incorporadora é o Pode Entrar, da prefeitura paulistana.

A MRV protocolou quase 7 mil unidades no programa, segundo Fischer, e espera para saber quantas irá vender ao poder público. No total, a prefeitura de São Paulo vai comprar 40 mil unidades, com preço máximo de R$ 210 mil.

O copresidente afirmou que a margem bruta dessas unidades é menor do que a regular de novas vendas, mas a líquida é maior. Os recursos serão antecipados pela prefeitura e ficarão em uma conta separada, já garantidos, o que dá segurança para a operação do programa e ajuda na alavancagem e no aspecto contábil da incorporadora, afirmou Fischer.

“Tem um sistema bem desenhado”, avaliou o executivo. Para ele, o programa paulistano poderia ser uma inspiração para a faixa 1 do MCMV, mas “aparentemente, não será esse o caminho” adotado pelo governo federal, disse.

Sem mudanças na faixa 1, a MRV&Co continua com a decisão de não atuar nessa parte do MCMV, e se concentrar na faixa 2, que não depende apenas de recursos da União.

No programa federal, a companhia aguarda também a aplicação em maior escala da extensão do financiamento imobiliário com recursos do FGTS, de 30 para 35 anos, e o início da aplicação do FGTS consignado nos financiamentos. “A perspectiva é que a Caixa consiga operar a partir de abril”, disse Fischer. “Se entrar, pode ser vento de cauda para nós”.

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