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O desempenho da Natura (NTCO3) no último trimestre superou as expectativas dos principais bancos de investimento. No entanto, o mercado reagiu negativamente, com as ações da empresa caindo mais de 11%. As vendas líquidas consolidadas aumentaram 6% e a margem bruta consolidada também apresentou crescimento. A receita da Natura&Co LatAm cresceu 10% ao ano. Contudo, a aquisição da Avon e a incerteza sobre a distribuição futura de dividendos levantam preocupações. A performance da Natura no Brasil destacou-se positivamente, com receitas aumentando 15% ano contra ano.
Os principais bancos de investimento afirmam que o desempenho da Natura (NTCO3) no último trimestre foi melhor que o esperado. Ainda assim, o mercado reagiu muito mal aos números. As ações da empresa caíram mais de 11% desde a publicação do balanço do 2º trimestre da empresa, na terça passada (13).
No período, as vendas líquidas consolidadas aumentaram 6% em relação ao ano anterior (+5% em BRL), com a Natura&Co LatAm.
“A rentabilidade foi um destaque, com a margem bruta consolidada aumentando em +0,5p.p em relação ao ano anterior, devido ao melhor mix de produtos e canais na Natura&Co. LatAm (+1,1p.p)”, diz a XP em relatório.
A receita da Natura&Co LatAm cresceu 10,0% ano contra ano. Mesmo excluída a Argentina, onde a empresa registrou ganhos sólidos, os dados ainda são positivos: alta de 4,3% para a região, excluindo a operação argentina.
NTCO3: vendas mais fortes ‘roubaram a cena’
Já o BTG disse que “as vendas mais fortes com bandeira Natura roubaram a cena novamente”, com desempenho acima do esperado pelo banco.
A bandeira Natura no Brasil, operação fundamental para o grupo, “voltou a ter destaque positivo, com receitas aumentando 15% ano contra ano, enquanto a empresa relatou expansão de 27% em outros países da América Latina”, segundo destaque do BTG.
Já para o Citi, a NTCO3 reportou resultados operacionais no 2T24 que ficaram “acima das estimativas”. O banco destaca o aumento de vendas relacionado a “campanhas assertivas de Dia dos Namorados e Dia das Mães, aumento de vendas cruzadas e melhoria sequencial na escassez de estoques”.
Ainda assim, há indícios de que o mercado não se convenceu de que os fundamentos da empresa são sólidos o suficiente.
A UBS diz que a reestruturação da Avon e o consumo de fluxo de caixa livre acima do esperado “acrescenta ainda mais incerteza quanto ao momento e magnitude da distribuição futura de dividendos”.
Para Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, a desvalorização da Natura (NTCO3) é um caso particular porque a empresa, isoladamente, é sólida. Contudo, o conglomerado tem apresentado alguns problemas.
“A [incorporação] da Avon requer muito investimento, tanto na aquisição quanto na integração. Além disso, as sinergias esperadas ainda não foram observadas, elas ainda não atenderam as expectativas”, ressalta o sócio da Essentia.
Para o BTG, “a recuperação contínua e desafiadora” ainda deixa dúvida “apesar dos sinais mais encorajadores”. Dito isso, “o ritmo de recuperação permanece incerto”.
Prejuízos crescentes aos acionistas da NTCO3
O prejuízo líquido atribuído aos acionistas controladores no segundo trimestre também foi de cerca de R$ 859 milhões, alta de 17,4% contra o prejuízo líquido atribuído aos acionistas um ano antes.
“Essa continuidade no prejuízo foi principalmente devido a um “write-off” não-caixa e não-recorrente de R$ 725 milhões, que afetou a linha de impostos”, explica Rafael Lage, analista da CM Capital.
Isso está vinculado à reestruturação voluntária da Avon Products Inc. (API), “impactando negativamente os ganhos previamente reconhecidos com a otimização da estrutura corporativa da Avon”, acrescenta Lage.
Como apaziguar os ânimos?
Marinello, da Essentia, diz que a Natura precisa “explicar ao mercado quando a Avon de fato via ser um negócio integrado e quando as sinergias lá mencionadas vão trazer resultados”, avalia.
“Essa é a resposta que o mercado precisa, e um posicionamento mais claro para trazer mais previsibilidade”, acrescenta.
O analista cita como bons movimentos a separação de marcas periféricas como The Body Shop e Aesop, “que não tinham grande contribuição para o business e consumiam esforço de gestão enorme”.
Além disso, Lage, da CM, destaca que a receita da Avon cresceu em junho. Ele menciona também que o declínio da base de consultoras e a alavancagem da empresa também foram estancados.
“Desta forma, conforme sejam segregados os resultados da Avon Internacional (já que as saídas de caixa estão limitadas a US$ 43 milhões a reestruturação da Avon), a NTCO3 deve voltar a crescer”, diz o analista.