Ações do Nubank desabam 19%: Pix, câmbio e taxa no cartão de crédito são as pedras no sapato

O Nubank (ROXO34) reportou lucro líquido ajustado de US$ 610 milhões, mas mesmo assim não animou muito o mercado financeiro sobre o que vem pela frente. As ações do Nubank despencaram 18,89% na bolsa de valores de Nova York até o horário de encerramento do pregão. Com o tombo, o banco digital perdeu US$ 10,9 bilhões em valor de mercado, segundo Einar Rivero, da consultoria Elos Aytar.
No quarto trimestre o Nubank reportou redução do crescimento de margem líquida com juros, assim como queda nas taxas cobradas sobre cartões de crédito. Na visão do Banco Safra, a desaceleração do banco digital sobre ganho de margem com cartões deve continuar em 2025. Já o Itaú BBA prega “cautela” após a divulgação dos dados.
Câmbio gera perda de receita ao Nubank (ROXO34)
A lista de pedras no sapato do banco digital, segundo analistas, envolve o Pix, a variação do câmbio e as taxas de cartão de crédito.
O Nubank teve crescimento abaixo do esperado pelo mercado na margem líquida em juros (NIM), que mede o quanto a instituição financeira ganha sobre juros aplicados a clientes sobre a taxa paga por dinheiro de terceiros. No quarto trimestre, a NIM do roxinho caiu 0,7 ponto percentual.
Para a diretoria do Nubank, mais da metade desse recuo sobre transações com juros veio de “impactos cambiais” entre suas operações na Colômbia, no México e no Brasil.
Por aqui, o recibo brasileiro de ações (BDR) do Nubank listado na B3 (ROXO34) recuou 15,25% até o fechamento da bolsa.
Para o banco americano Goldman Sachs, a queda na NIM prejudicou o lucro líquido do Nubank. O ROE (retorno sobre equity) recuou 1,50 ponto percentual entre o terceiro e o quarto trimestres, saindo de 30,3% para 29,8%. “Enquanto isso, o lucro antes de impostos veio 11% abaixo de nossas estimativas”, disse o Goldman.
Como resultado, a receita líquida com juros (NII) também decepcionou o mercado. Nesse sentido, o lucro líquido de US$ de R$ 522,6 milhões antes de ajustes veio abaixo da previsão do Itaú BBA, que esperava um resultado 10% maior que o divulgado.
Além disso, houve reajuste cambial sobre ativos marcados a mercado e disponíveis para venda, como ações e títulos de pagamento.
O Citi é mais crítico: “Os indicadores chave na parte de receitas do Nubank recuaram pelo segundo trimestre consecutivo. Vemos uma saturação da tendência operacional do banco.”
Financiamento por Pix deve desacalerar em 2025, avalia Safra
Daniel Vaz e Maria Luisa Guedes, que assinam o documento pelo Safra, afirmaram que as operações da fintech podem desacelerar por desafios de escala no Brasil. Isso em meio a um mercado de crédito mais maduro e desafiador. Vale lembrar, dizem os analistas, que juros mais altos dificultam crescimento.
Os resultados do Nubank mostram que empréstimos pelo FGTS cresceram, ao mesmo tempo em que financiamentos pelo Pix, meio de pagamento mais popular do Brasil, diminuíram.
“A penetração de financiamento de Pix veio mais baixa nas operações do Nubank (ROXO34) porque menos indivíduos estão elegíveis a esse tipo de linha de crédito”, disse o Safra.
‘Cautela’: a tendência de baixa com Nubank e suas ações
O Itaú BBA recomendou que investidores tenham cautela ao analisar os resultados mais recentes do Nubank.
Apesar de a qualidade de crédito do banco se manter satisfatória, na visão do analista do banco de investimentos, Pedro Leduc, o ciclo de crédito a frente, que parece desacelerar nos principais mercados onde o Nubank atua, requer “cautela” com a empresa e suas ações.
“Países como México e Colômbia ainda estão em retração, mesmo que a métrica de clientes do Nubank esteja melhorando”. No quarto trimestre, o roxinho acrescentou 4,5 milhões de clientes a sua base anterior de 110 milhões de rentistas.
O Itaú BBA vê risco de baixa nas estimativas financeiras do Nubank para 2025.
Já o Safra não vê gatilhos nem para a alta nem para a baixa do lucro por ação do Nubank no curto prazo.
“Existe risco de baixa para o consenso mais otimista de lucro por ação do Nubank em 2025.”
Em contrapartida, o Goldman reconhece a reação negativa do mercado e o tombo das ações do Nubank, mas disse que “resultados devem permanecer resilientes” sob baixa alavancagem e excesso de liquidez de capital. O banco recomenda a compra das ações.
O Citi, por outro lado, recomenda a venda dos papéis do Nubank.
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