O que representa para o mercado o freio na inflação dos EUA em outubro

Investidores avaliam que não há chance de uma nova alta de juros na próxima reunião do Fed, em dezembro

Analista avalia movimento dos ativos na tela do computador - Foto: Divulgação
Analista avalia movimento dos ativos na tela do computador - Foto: Divulgação

O relatório de inflação ao consumidor dos Estados Unidos em outubro (CPI, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (14), surpreendeu positivamente os analistas. O CPI de outubro ficou estável em relação a setembro, desacelerando em relação aos 0,4% do mês anterior e também em relação aos 0,6% registrados em agosto. Em 12 meses, a taxa de inflação nos EUA recuou para 3,2%. Para o mercado, o dado indica que o Fed pode concluir o seu ruidoso ciclo de alta de juros.

A notícia imediatamente animou os investidores de bolsa. Aqui no Brasil, o Ibovespa, que abriu em alta, acelerou os ganhos e, por volta das 11h55, acumulava 2,33% de alta. Nos Estados Unidos, o indicador mais poderoso do mundo, o S&P 500, que tem as 500 ações mais líquidas dos Estados Unidos, operava em forte alta, de 1,77%, aos 4.489 pontos.

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Os preços americanos desaceleraram

Os chamados preços básicos, que excluem itens voláteis do setor de alimentos e de energia, subiram 4% numa base anual, a menor variação desde setembro de 2021, apontou relatório do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos.

Os novos números ajudam a tranquilizar os investidores, pois indicam, na perspectiva do mercado, que o Fed irá manter os juros no atual patamar na próxima reunião, em dezembro. Em relatório, a gestora americana BMO Capital Markets apontou que o resultado foi uma “boa notícia” para o banco central americano e reforça a visão de que a política monetária está funcionando.

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A instituição acrescenta que a elevação da taxa básica em julho foi a último do ciclo e que o Fed agora tentará postergar um corte pelo máximo de tempo possível.

A consultoria Capital Economics vai além. Em relatório para investidores, a casa diz que o dado de inflação de outubro “aniquila qualquer chance restante de uma alta em dezembro nos juros”. E diz que, agora, a inflação em patamar atual levará â agenda sobre cortes nos juros.

Inflação dos EUA não se alterou

A inflação geral ficou zerada em outubro. Especificamente sobre os preços básicos, eles subiram 0,2% em outubro, um ritmo mais lento do que em setembro e agosto. A desaceleração refletiu preços mais baixos de itens como automóveis novos e usados ​​e passagens aéreas, além de um arrefecimento nos custos de habitação.

Com isso, os ritmo de alta dos preços diminuiu substancialmente desde o seu último pico, de cerca de 9%, no meio do ano, quando a Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) aumentou as taxas de juro para o nível mais altodos últimos 22 anos, entre 5,25% a 5,50% ao ano.

O ‘soft landing’ do Fed

Para o Wall Street Journal, um dos porta-vozes do mercado financeiro americano, a previsão agora é de que o Fed conseguirá, enfim, alcançar a chamada aterragem suave (soft landing), cenário em que o banco central consegue reduzir a inflação para dentro de sua meta, que nos Estados Unidos está fixada em 2%, sem provocar uma recessão.

“Neste momento, esse resultado parece alcançável. A inflação abrandou significativamente, enquanto o mercado de trabalho e a economia em geral permanecem numa base sólida. Por sua vez, muitos analistas diminuíram os seus apelos a uma recessão”, escreve o jornal em editorial.

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