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Petrobras: mudanças nos combustíveis que retirem paridade vão afetar lucro, diz Itaú BBA
A retomada dos impostos federais sobre combustíveis é um tema que investidores da Petrobras (PETR3; PETR4) precisam ficar atentos porque podem ser o início do ciclo de mudanças nas regras internas da companhia, diz o Itaú BBA em relatório.
Os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello escrevem que qualquer alternativa que desconecte os preços dos combustíveis da paridade internacional terá efeitos significativos no lucro da companhia.
O banco destaca que a Petrobras poderia contribuir com uma redução de até R$ 0,23 por litro da gasolina, sem comprometer a paridade, sendo que R$ 0,13 foi anunciado nesta terça-feira, como forma de amenizar a reoneração dos tributos.
O Itaú BBA tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 38 para as ações preferenciais (PETR4). As ações recuavam mais de 2% na sessão desta terça-feira (28), cotadas na faixa de R$ 25,60.
Preços em linha com os da Costa do Golfo
Com a redução pela Petrobras de 1,95% e 3,92% nos preços do diesel e gasolina, respectivamente, a partir de quarta-feira (1), o Goldman Sachs observa que os preços do diesel praticados pela companhia estão em linha com os da Costa do Golfo, enquanto os da gasolina ficam 11% abaixo dos níveis de preços na mesma região.
Por outro lado, os preços da gasolina ainda estão 2% acima dos preços domésticos, quando se segue a metodologia adotada pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
“Para referência, o desconto médio em relação à Costa do Golfo foi de 4% a 14% para diesel e gasolina, respectivamente, em 2022”, dizem os analista Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins.
Os analistas observam ainda que o anúncio de redução ocorreu depois que o governo confirmou a devolução dos impostos federais sobre os preços da gasolina e da bomba de etanol.
Em números concretos, o preço médio de venda de gasolina A para as distribuidoras passará de R$ 3,31 para R$ 3,18 por litro — uma redução de R$ 0,13 por litro. Já para o diesel A, o preço médio de venda passará de R$ 4,10 para R$ 4,02 por litro, o que representa uma redução de R$ 0,08 por litro.
O Goldman Sachs mantém a recomendação neutra para as ações da Petrobras e o preço-alvo de R$ 28,90 para as ações ordinárias (PETR3) e de R$ 26,30 para as preferenciais (PETR4).
Empresa pode sofrer impacto de até R$ 37 bi
O fim da isenção na cobrança de impostos federais sobre combustíveis não é uma solução fácil e pode envolver subsídios da Petrobras, diz o BTG Pactual. O banco nota que a retomada total dos impostos causaria um aumento de R$ 0,79 no litro da gasolina.
Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte escrevem que uma extensão da isenção, mas com retirada gradual, pode custar R$ 25 bilhões aos cofres públicos. Caso a Petrobras subsidie parte ou toda essa retirada, o impacto é de 8% no Ebitda da empresa.
Eles notam, no entanto, que qualquer subsídio feito pela Petrobras terá efeito negativo na dinâmica de importação de combustíveis, fazendo com que a empresa também tenha que cobrir a diferença para evitar desabastecimento de gasolina e diesel.
“Baseado no volume de importação de gasolina em 2022, isso pode custar R$ 12 bilhões adicionais para a Petrobras”, comentam. No todo, seria um impacto de 12% no Ebitda estimado da companhia em 2023.
Em um primeiro momento, as regras internas da Petrobras impedem intervenções desse tipo, mas a nomeação do novo conselho nas próximas semanas deve iniciar processo de mudanças.
“Com as narrativas envolvendo a Petrobras e sua habilidade de gerar retornos robustos sob risco, continuamos a achar que o otimismo envolvendo a companhia é apenas especulativo”, comentam.
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