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Bradesco terá 4º tri pressionado por inadimplência e piora da carteira de crédito
Antes mesmo de estourar o escândalo da Americanas os relatórios dos principais bancos e casas de análise já apontavam que Bradesco e Santander teriam dificuldades no balanço quarto trimestre de 2022 e no ano de 2023, isso dado o tamanho da exposição desses bancos ao crédito de pessoa física e o aumento da inadimplência.
O banco irá reportar seu balanço financeiro do 4º trimestre nesta quinta-feira (9), após o encerramento das negociações na B3.
E de fato, a razão risco-recompensa do setor bancário vem se deteriorando à medida que a economia não decola, enquanto a relação dos bancos com o setor corporativo vê sua a lua de mel mais perto do fim com o escândalo contábil da Americanas, que embora não seja um risco sistêmico, vai fazer com que as instituições financeiras façam provisões maiores daqui para frente.
A expectativa do mercado é que o os efeitos da recuperação judicial da Americanas afetem mais o Bradesco do que os outros bancos, já que a instituição tem R$ 4,8 bilhões a receber da varejista.
Risco político
E antes de falar das projeções para o Bradesco, vale destacar o lado político pesando sobre o macroeconômico. Ao questionar a independência do Banco Central reiteradas vezes, o presidente Lula acrescenta uma incerteza adicional ao mercado, que deve se refletir em prêmios de risco de ações mais altos.
Segundo relatório do Credit Suisse, o cenário de taxa de juros mais alta por um tempo mais prolongado, devido à maior incerteza fiscal, também deve adiar a recuperação da Margem Financeira Bruta do Bradesco.
Projeções para o 4º trimestre
“Projetamos resultados fracos para o Bradesco no 4º trimestre, com ROE (retorno sobre o patrimônio) de 10%, impactado pelo pior desempenho da qualidade dos ativos no varejo e corporativo, e margem de mercado ainda negativa desempenho devido a perdas por descasamento de ativos e passivos (ALM)”, afirmou o Credit Suisse, em relatório.
Para realizar este levantamento, a Inteligência Financeira consultou relatórios dos bancos: Credit Suisse, Itaú BBA, UBS BB, Genial Investimentos, XP Investimentos e BTG Pactual.
A mediana dos valores coletados projeta um lucro líquido recorrente de R$ 4,60 bilhões no 4º trimestre, sem contar o efeito Americanas. As casas também projetam um ROE (Retorno sobre o Patrimônio) entre 7% e 10% no ano, uma queda de mais de 10 pontos percentuais na comparação com 2021.
A Genial Investimentos afirmou que com a deterioração do ciclo de crédito, acredita que os resultados de Bradesco devam piorar antes de melhorar. O desempenho do 4º trimestre deve ser fraco e 2023 terá um lucro menor ainda do que 2022, impactado principalmente pela receita de tesouraria, cenário de juros altos, pouco hedge de juros, deterioração da carteira de crédito, alta exposição à pessoa física e PME e créditos tóxicos da Americanas.
O suíço UBS BB vai na mesma linha, e diz que os resultados do Bradesco devem apresentar uma contração significativa no trimestre, devido à combinação de despesas de provisão muito maiores aliadas a resultados comerciais ainda fracos.
Na avaliação da XP, as altas taxas de juros de longo prazo devem continuar pressionando a margem com mercado do Bradesco no 4º tri. Além disso, esperam que esse efeito continue nos próximos trimestres.
Para 2023
O Credit Suisse afirmou que reduziu a projeção de lucro líquido para o Bradesco em 12% para 2023, para R$ 23 bilhões, principalmente devido a uma menor margem de lucro do mercado e maiores provisões, levando a um lucro por ação estável em relação a 2022 e a um ROE abaixo do potencial de 14%.
“Para 2023, esperamos que a carteira de crédito tenha um crescimento mais brando, que se deve à expectativa de que a empresa buscará uma originação de crédito mais conservadora visando conter a alta do custo, que pode ser agravada pelo caso de recuperação judicial da Americanas. Ainda, estimamos que o NII Mercado (tesouraria) reporte números fracos devido ao cenário de juros elevados, agregando de forma negativa para o resultado do banco”, apontou a Genial.
Na linha de receita com serviços, a corretora acredita em um crescimento menor, impactado por uma baixa atividade econômica.
“A taxa Selic elevada traz desafios para a Asset, fazendo com que parte dos investidores migrem seus investimentos para renda fixa ou fundos de renda fixa, reduzindo os ganhos com taxas de administração e performance. As receitas de banco de investimento também devem ser impactadas com menos receita de emissão de ações e transações de mercado de capitais. As receitas de conta corrente devem continuar pressionadas pelo crescimento do Pix e concorrência de contas gratuitas ofertadas pelas fintechs”, finalizou.
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