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Principais índices dos EUA estendem a série de semanas de ações no vermelho; o que esperar?
Nas bolsas de Nova York, nos EUA, uma liquidação de ações ganhou nova intensidade nesta sexta-feira (20). As ações subiram na abertura, depois reverteram o curso, caindo durante a maior parte da sessão turbulenta. A certa altura, o S&P 500 caiu tanto que estava a caminho de fechar pelo menos 20% abaixo da mínima de janeiro – o que colocaria o índice na zona do ‘Bear Market’, quando os preços dos ativos caem a tal ponto que os investidores perdem a confiança na renda variável.
Um retorno na última hora do dia de negociação empurrou o índice para cima, com o S&P 500 terminando em 0,57 ponto, ou menos de 0,1%, em 3.901; em sua baixa intradiária, caiu 2,3%.
Já o Dow Jones fechou em alta de 8,77 pontos, também inferior a 0,1%, para 31.261. O Nasdaq, índice das empresas de tecnologia e não financeiras, caiu 33,88 pontos, ou 0,3%, para 11.354.
Faz décadas desde que as ações caíram por um período tão prolongado. Os Dow Jones registrou sua oitava perda semanal consecutiva. É a maior sequência desde 1932, perto do auge da Grande Depressão.
O S&P 500 e o Nasdaq tiveram sua sétima perda semanal consecutiva. Corresponde a sequência mais longa desde 2001, após o estouro da bolha das ‘pontocom’. Todos os três índices terminaram a semana em queda de pelo menos 2,9%.
A força motriz por trás da queda nos preços dos ativos, dizem os investidores, é o crescente medo sobre a saúde dos EUA e da economia global. Os gestores de fundos passaram os primeiros meses do ano preocupados com o fato de os aumentos das taxas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) afetarem muito as ações mais caras, justamente as que alimentaram a recuperação do mercado nos últimos anos.
Investidores fugiram de ações de empresas de tecnologia, retirando bilhões de dólares de fundos que monitoram o Nasdaq. Taxas de juros mais altas tendem a diminuir o fascínio das empresas que estão contando com grandes lucros nos próximos anos – é o caso das companhias de tecnologia.
Esta semana, a dor se espalhou muito além do setor de tecnologia, alarmando muitos investidores. Grandes varejistas relataram que seus lucros foram prejudicados por custos crescentes e interrupções na cadeia de suprimentos, levando a uma liquidação de suas ações. Como efeito, Target e Walmart registram o pior declínio no valor de seus papéis em um dia desde o ‘crash’ da Black Monday, de 1987.
À medida que os investidores avaliavam como as pressões inflacionárias e a desaceleração do crescimento poderiam afetar os lucros das empresas nos próximos meses, as ações de tudo, de bancos a fundos de investimento imobiliário e redes de supermercados, também caíram.
Até que o Fed convença os investidores de que pode apertar a política monetária e reduzir a inflação, sem desencadear uma brusca e duradoura desaceleração econômica, é improvável que os mercados se estabilizem, dizem os analistas. O trabalho do banco central dos EUA é ainda mais difícil por lidar com variáveis, fora de seu controle, que aumentaram as pressões inflacionárias. Para citar dois exemplos: a política de zero Covid da China e a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Ainda que a maioria das empresas do S&P 500 conseguiu produzir lucros neste trimestre que superaram as expectativas do mercado, é menos claro como as empresas se sairão nos próximos meses. A grande questão para as empresas nos EUA agora é, além dos próximos movimentos do Fed: qual é a extensão do impacto do salto no preço do petróleo e da guerra na Ucrânia?
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