Projeções para 2023: “Estímulo grosseiro” pode tirar 25% do valor das melhores da Bolsa, diz Guerra, da Legacy

Uma provável recessão nas principais economias do mundo deve acompanhar um cenário interno de descrédito internacional, segundo projeções para 2023 de Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital

Projeções para 2023 de Felipe Guerra, gestor da Legacy
Projeções para 2023 de Felipe Guerra, gestor da Legacy

Uma provável recessão nas principais economias do mundo deve acompanhar um cenário interno de descrédito internacional, segundo projeções para 2023 de Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital. Isso se deve à política fiscal, afetando diretamente os ativos da bolsa brasileira.

A projeção do executivo foi feita durante o Macro Vision, evento realizado pelo Itaú em dezembro. Na ocasião um de seus painéis discutiu como o investidor pode se preparar para o ano de 2023.

Inscreva-se e receba agora mesmo nossa Planilha de Controle Financeiro gratuita

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

“O ambiente já seria muito complicado para Brasil com uma mudança de governo, de política econômica. E, além disso, deve haver um ambiente de mais juros, com mais inflação, mais gastos, mais impostos”, afirmou o executivo da Legacy.

Como decorrência disso, ele prevê uma dificuldade ainda maior para o setor privado fazer investimentos, o que impacta negativamente o crescimento econômico do país. “A gente cresce menos porque estrangula o setor privado”, afirmou.

Estímulo fiscal “grosseiro” e no “momento errado”

A possibilidade de haver novas altas dos juros quando se esperava que, a essa altura, o movimento fosse de queda está relacionada ao que Guerra chama de “estímulo fiscal grosseiro” feito pelo atual governo e que será aprofundado pela nova gestão.

Ele acrescenta ainda que o estímulo fiscal acontece em “um momento totalmente errado do ciclo” econômico, quando avalia que há uma recuperação do mercado de trabalho e uma trajetória já descendente da inflação. Esses movimentos fora de hora devem impactar o resultado da bolsa no Brasil para além do que já causaria uma recessão externa, que se aproxima.  

“Vai haver dificuldades de (investidores estrangeiros) comprarem na Bolsa uma empresa do Brasil, ainda que seja uma empresa excelente, assumindo que a curva de juros fique entre 13,75% e 14% durante alguns anos à frente, que é o que a gente consegue ver à luz de hoje”, completou.

Ações robustas podem cair até 25%

As ações da Localiza, que Guerra vê como exemplo de gestão, além de outros papéis de empresas apontadas como referência, devem cair até 25%. “Isso entre as maiores empresas do Brasil. Imagine empresas endividadas, com operacional ruim e que vendem coisas que o mercado já está saturado de comprar”, alertou.

Ainda assim, ele afirma que as empresas mais robustas podem ser uma proteção dentro da Bolsa, mas ressalta a dificuldade de prever os movimentos de entrada e saída. “Quando a gente soma tudo isso, existe muito mais dúvida em termo do timing do que posição” reforçou.

Ele avalia que comprar bolsa nesse ambiente de desaceleração global pode oferecer riscos extras, com queda significativa dos lucros da empresas e inflação ainda longe da meta. Além disso, Guerra avaliou que “não deve haver boia dos bancos centrais para suportar os mercados na hora que a desaceleração vier”.

Projeções para 2023 inclusem recuperação chinesa mais fraca

A recuperação chinesa poderia dar algum ânimo aos ativos de risco brasileiros, mas o especialista coloca em xeque a capacidade de o gigante asiático suportar um nível de demanda por commodities como houve anteriormente, o que piora as projeções para 2023.

“A China não deve ter esse delta todo para arrastar o mundo para frente”, avaliou. “Ela terá muito mais um crescimento conjuntural por conta da reabertura, mas o modelo econômico mudou muito nos últimos anos e uma agenda de regulação de diversos setores gerou uma crise de confiança, e muito possivelmente um PIB potencial mais baixo também”, concluiu.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


VER MAIS NOTÍCIAS