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Entenda qual é a melhor forma de dolarizar seu patrimônio
Investir no exterior é uma das melhores formas de se proteger contra a instabilidade da economia brasileira. O método é bastante conhecido no mercado financeiro, com diferentes estratégias para investir no câmbio, especialmente em dólar.
Mas especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira alertam: há diferentes maneiras de dolarizar o patrimônio. Inclusive, os passos a serem seguidos dependem do perfil e apetite do investidor. Mas o consenso entre ele é que migrar do real para o dólar requer paciência, diversificação e abrir uma conta fora do Brasil.
O que é dolarizar o patrimônio? Quando vale a pena?
Transformar 100% do patrimônio em dólar, em primeiro lugar, não é aconselhável por nenhum dos especialistas ouvidos pela IF.
O investidor não começa sua jornada dolarizando os investimentos simplesmente em uma ida a uma casa de câmbio. Para William Castro Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue, a forma mais coerente de começar a migrar o patrimônio é firmar um contrato câmbio.
A estratégia correta para o investidor, por outro lado, é fatiar parte dos rendimentos e aplicá-los em ativos atrelados ao câmbio ou que funcionam dentro do mercado de renda fixa ou variável dos Estados Unidos.
A partir de então, especialistas aconselham o investidor a abrir uma conta bancária com sede nos EUA. Somente depois de criar essa conta, o investidor pode receber aos dólares obtidos pelo contrato de câmbio, custodiados no exterior. E, assim, começar sua jornada dolarizada.
Bernardo Queima, CEO da Gama investimento, alerta para a diversificação dos investimentos – prática tão necessária tanto nos EUA quanto no Brasil. Ou em qualquer lugar do mundo.
É melhor, de acordo com Bernardo, realizar aportes mensais em mais de um ativo do que depositar tudo de uma vez. E, claro, o investimento deve estar de acordo com o perfil e apetite do investidor.
“A melhor forma é de dolarizar aos poucos e não tudo de uma vez. Ter um pouco de investimentos em renda fixa, renda variável e multiativos.”
Bernardo Queima, CEO da Gama
É melhor ter colchão em reais antes, diz investidora
Contudo, vale a pena calcular a estratégia na empreitada em dólar. O investidor só deve migrar seu patrimônio do real para a moeda norte-americana quando tiver um colchão que cubra o custo de vida no Brasil pelo período de 3 a 5 anos, afirma Sigrid Guimarães, sócia do escritório familiar Alocc.
A especialista explica a melhor ocasião para investir em dólar. “Uma vez que o investidor tenha os recursos no Brasil para que ele cubra seu custo de vida, seu excedente previdenciário, aí ele pode começar a diversificar em moeda ou país”, diz Sigrid à IF.
Ela ainda sugere que a dolarização é recomendável caso investidor tenha, de fato, despesas em dólar. E alinhado a uma estratégia. “Se houver risco dentro do país, tem-se a possibilidade de mitigá-lo em fundos no próprio Brasil dentro dos nossos fundos, caso o montante não justifique montar posição no exterior”, afirma.
Qual o melhor investimento para receber em dólar?
Para quem nunca se aventurou no dólar, destaca Caio Fasanella, head de investimentos da corretora Nomad, um bom primeiro passo são títulos da renda fixa norte-americana.
No momento, explica o especialista, os títulos do governo federal dos EUA negociados em fundos de índice listados na bolsa (ETFs) podem pagar bons prêmios por pouco risco – os juros de curto prazo norte-americanos estão no maior patamar desde 2007.
“Há diversos fundos que possuem essa característica: exposição a títulos do tesouro norte-americano de curto prazo, com baixa volatilidade e pagamento de dividendos mensais. Por serem negociados em bolsa, cotas destes fundos podem ser vendidas ou compradas diariamente, com liquidez em D+2”, afirma. Ou seja, o investidor pode resgatar rendimentos dois dias ou mais após a aplicação.
Pelo risco de recessão na economia dos EUA, os ventos favorecem investimentos em dólar na renda fixa. Entre os ativos mais arriscados, diz Fasanella, estão fundos imobiliários norte-americanos (REITs) e ações de empresas em índices como Dow Jones e Nasdaq.
Contudo, diz o head da Nomad, os REITs são interessantes principalmente “para os investidores que possuem perfil agressivo e apreciam receber rendimentos periódicos”.
Por que é melhor abrir uma conta nos EUA?
Para os brasileiros, a dolarização deve sempre ocorrer fora do Brasil. A grande vantagem é driblar a dupla taxação no resgate dos rendimentos no Brasil e nos EUA. Para os private bankers Matheus Wolf e Rodolfo Pousa, o investidor brasileiro deve ultrapassar a fronteira do país para capitalizar ao máximo a bolsa norte-americana.
Uma das maiores vantagens, por exemplo, é fugir da tributação de rendimentos distribuídos no Brasil, como o caso dos BDRs. Outra, é driblar a taxa de administração dos fundos locais, explica Pousa.
Para ambos, que trabalharam na Monte Bravo, um dos principais escritórios da XP Investimentos, o mercado bancário brasileiro ainda não acompanhou o investidor que deseja transferir seu dinheiro para o exterior.
Eles preferem uma gestão mais customizada do patrimônio e aconselham a procura de gestores com participações nos fundos, que podem perder ou ganhar dinheiro a depender da performance. É o chamado skin in the game no mercado.
Precisa de muito dinheiro para dolarizar patrimônio?
O varejo das corretoras brasileiras possui diversas formas de fazer o investidor ingressar no mercado financeiro norte-americano. Assim, dolarizar o patrimônio deixou de ser uma questão de quanto, e sim de como.
A Avenue oferece alternativas de investimentos por US$ 50, por exemplo. É possível comprar cotas de ETFs que negociam títulos da dívida norte-americana por esse valor, pela plataforma da corretora. “É um tíquete médio bastante baixo”, afirma Castro.
Recentemente, a corretora diminuiu o valor mínimo de alocação em fundos de exposição global, que passou a ser de US$ 1 mil. “São fundos de gestoras renomadas, como J.P. Morgan, Black Rock e Templeton”, diz o sócio da Avenue.
Já a Nomad tem tíquete de entrada de US$ 1 para investimentos em fundos de renda fixa norte-americana. “Na plataforma de investimentos da Nomad, os investidores podem investir a partir de US$ 1 em produtos como fundos de índice (ETFs ou Exchange Traded Funds), ações e fundos imobiliários”, diz Fasanella.
O tíquete de entrada para clientes em private banking costuma ser maior. Rodolfo Pousa e Matheus Wolf têm clientes com patrimônio mínimo de R$ 2 milhões, o que seriam US$ 400 mil. Mas são soluções de investimento que fogem do varejo mais tradicional, afirma a dupla.
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