Privatização da Sabesp: vale manter as ações da estatal ou investir na Equatorial, que será acionista de referência?

SBSP3 será privatizada e terá EQTL3 como acionista de referência: saiba qual papel ter na carteira a depender do objetivo

Empresas citadas na reportagem:

A privatização da Sabesp (SBSP3) fez as ações da companhia subirem perto de 4% na bolsa nesta segunda-feira (1). Da mesma maneira, a Equatorial (EQTL3) avança em patamar parecido. Isso depois de anuncio de que a Equatorial comprará 15% da estatal paulista de fornecimento de água e saneamento básico.

Ambas as ações continuarão coexistindo na bolsa após a privatização da Sabesp. Assim, será possível adquirir tanto papéis da companhia de abastecimento quanto da agora sócia de referência da Sabesp.

E a recomendação dos analistas ouvidos pela Inteligência Financeira são positivas para ambas as empresas, com diferenças entre elas.

Se a ideia é ganhar com a valorização dos papéis, a Sabesp tende a apresentar maior upside na bolsa.

Por outro lado, se a intenção é acumular ganhos com dividendos, a Equatorial tende a entregar retorno melhor, ao menos por enquanto.

Em resumo, os analistas afirmam que, pensando apenas na valorização dos papéis, o melhor para o acionista da Sabesp pode ser manter os papéis. Por outro lado, se a ideia é contar com pagamento de dividendos, aí, sim, a troca pela Equatorial pode fazer sentido. Saiba mais.

Sabesp e Equatorial seguirão como ‘cases diferentes’ após aquisição

Assim, as duas empresas são bem avaliadas pela Ativa Investimentos. Para as ações da Equatorial (EQTL3), a perspectiva é de preço-alvo de R$ 35.

Os valores para a Sabesp ainda carecem de atualização e a Ativa preferiu não antecipar qualquer preço-alvo para a estatal até que a privatização seja efetivada.

Apesar de a ligação umbilical que as empresas passarão a ter depois da privatização, elas continuarão representando “cases bastante diferentes entre si”. A ponderação é de Ilan Arbetman, analista de equity research da Ativa Investimentos.

A Equatorial, no fundo, é uma plataforma de utilities. A companhia detém concessionárias de distribuição de energia, já atua na geração e comercialização de energia. Tem também algumas transmissoras. E já atuava no segmento de saneamento e abastecimento.

“A Sabesp passará a ser um case dentro da Equatorial. Assim, passará a ter um peso de 20% a 25% dentro de todo o portfólio da Equatorial”, avalia Arbetman.

Nesse sentido, se o investidor quer ter exposição apenas a saneamento, investir na Sabesp é a melhor opção.

Contudo, “se ele quiser colocar suas fichas em algo mais amplo”, que englobe fornecimento de energia, além de saneamento, “pode ser que a Equatorial faça mais sentido”, complementa o analista da Ativa.

“Gosto dos dois cases, e tenho recomendação de compra para os dois”, acrescenta.

Valorização de SBSP3 e EQTL3 versus pagamento de dividendos

Mesmo com a valorização após a divulgação da possível privatização da Sabesp, suas ações seguem depreciadas. Da mesma maneira, a Equatorial (EQTL3) está barata, assim como boa parte das empresas de capital aberto da bolsa brasileira.

Assim, a esperada melhora no sentimento com relação ao Brasil e sobre o atual patamar da bolsa tendem a elevar o preço das duas empresas.

Contudo, a Sabesp parece estar em posição de obter valorização maior. A empresa de saneamento se beneficia do fato de “ainda ser negociada como se fosse uma estatal”, ressalta Vitor Sousa, analista de saneamento da Genial Investimentos.

Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, também vê a Sabesp (SBSP3) como empresa que tende a ter valorização maior, especialmente no longo prazo.

“Nesse sentido, a Equatorial, apresenta um upside menor”, diz Bresciani. Contudo, segundo o analista, para quem quer receber dividendos, a Equatorial tende a ser a melhor opção por alguns anos pelo menos.

SBSP3 negocia abaixo da EQTL3, mas vantagem não é tão evidente, diz analista

Dito isso, o desconto da Sabesp na bolsa hoje parece ser maior, mesmo que ela tenha subido quase 38% em um ano com a iminência da privatização. Ao mesmo tempo, a Equatorial avançou apenas 2%.

“O potencial que a Sabesp tem é enorme. Ela negociou sempre 0,6 a 0,7 vez o valor da sua base de ativos regulatórios. Atualmente, está em 0,9. Alguma coisa já foi precificada desse processo de privatização, mas não tudo”, diz Arbetman, da Ativa.

Para se ter uma ideia, a Equatorial roda a duas vezes (em comparação ao valor da) sua base de ativos”, compara.

Abertman prevê a Sabesp negociada a algo entre 1,2 e 1,5 vezes o valor dos seus ativos depois da privatização.

Ainda assim, o analista da Ativa pondera que há nuances a serem consideradas e que a diferença entre Sabesp e Equatorial não é tão evidente quanto os números parecem mostrar quando o assunto é valorização das ações.

“A Equatorial tem boa parte da sua operação no setor elétrico, com regulação mais madura. Por isso, é mais fácil de os investidores perceberem valor. Além disso, a Equatorial se beneficia da valorização da Sabesp, e seus outros ativos também têm potencial de alta”, acrescenta.

Pagamaento de dividendos da SBSP3 ainda gera dúvidas

O novo estatuto da Sabesp (SBSP3) prevê o pagamento de dividendos de 100% do lucro líquido até 2029.

Porém, esse patamar de distribuição vai depender da velocidade com que a empresa e sua nova acionista de referência efetivarem a universalização dos serviços. Compromisso assinado para a concretização da privatização.

“Os primeiros anos serão de investimento mais forte para que se atinja os índices de universalização. Além disso, será preciso obter índices gerenciais melhores, sobretudo na questão das perdas e da inadimplência, que podem sim ser melhorados”, diz Arbetman.

Portanto, o pagamento de dividendos no patamar esperado ainda é incerto e dependerá do alcance de metas. A concretização ou não disso pesará sobre a esperada valorização das ações.

“Contudo, a tendência é que tenhamos uma companhia mais livre sem as amarras que uma estatal tem para que seja mais eficiente. Assim, é esperado que ela complete a universalização no prazo e possa remunerar os seus acionistas de forma crescente”, arremata Arbetman.

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