JBS surpreende e agro frustra: os destaques da temporada de balanços do 4º trimestre
Empresas citadas na reportagem:
O resultado surpreendente da JBS (JBBS3) fez o setor de alimentos e bebidas da bolsa brasileira ser um dos destaques positivos da temporada de balanços do quarto trimestre de 2024. Na outra ponta, Raízen (RAIZ3), da Cosan (CSAN3), puxou a queda de lucratividade no agronegócio. Essas são algumas das conclusões de um levantamento do BTG sobre os resultados do período.
No conjunto, as receitas das empresas subiram 4,2% acima das estimativas, isso excluindo da base os números de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3). Todos os setores tiveram crescimento de receita.
Por outro lado, as últimas linhas dos resultados frustraram, com destaque para lucro líquido (-1,4%) e Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação, na sigla em inglês), vindo 4,2% abaixo das previsões do BTG.
Considerando apenas empresas mais voltadas para o mercado doméstico, receitas, Ebitda e lucro líquido vieram 4,6%, 1% e 0,8% acima das estimativas.
JBS lidera desempenho positivo do setor de alimentos e bebidas
Segundo o relatório, JBS foi o principal impulsionador do crescimento de alimentos e bebidas, cujas receitas cresceram em R$ 37 bilhões no quarto trimestre, ou +23% ano a ano.
O setor também liderou a expansão de R$ 9,6 bilhões do resultado operacional medido pelo Ebitda, o que significa uma alta anual de 61%.
Em papel e celulose, o crescimento do Ebitda foi liderado por Suzano, que se beneficiou de volumes e preços de celulose mais fortes devido a maiores embarques na Ásia e Europa.
Por outro lado, as concessionárias de serviços públicos, como empresas de energia e de saneamento, tiveram queda de 5% do Ebitda, com destaque para Eletrobras (ELET3) (-14%).
“Esse declínio pode ser explicado por comparações difíceis, uma vez que o consumo foi anormalmente alto no quarto trimestre de 2023 devido a uma onda de calor, impulsionando as empresas de distribuição e saneamento.
Na contramão das receitas, lucros das empresas caem no 4º tri
Por fim, os lucros consolidados (exceto Petrobras e Vale) caíram 9,5% na comparação anual, segundo a equipe de analistas do BTG chefiada por Carlos Sequeira.
De um lado, os lucros de empresas voltadas para o mercado doméstico cresceram 21,7%, liderados por bancos (+23%) e alimentos e bebidas (60%).
Dentre as instituições financeiras, o principal contribuinte entre os bancos foi o Bradesco (BBDC4), com aumento de 88% ano a ano, impulsionado por uma base de comparação melhor.
No lado negativo, embora tenha registrado crescimento sólido de receita e Ebitda, o agronegócio acabou arrastando o lucro líquido para baixo.
A principal responsável por esse fraco desempenho foi Raízen, pois os custos mais altos comprimiram as margens e as despesas financeiras aumentaram devido à maior dívida.
Resultados qualitativos foram os piores em dois anos
Pela amostra do BTG, 30% das empresas relataram resultados fortes, enquanto 34% ficaram no lado fraco.
A porcentagem de resultados fortes diminuiu consideravelmente em relação ao trimestre anterior (42%), acompanhada por um grande aumento nos resultados fracos (22%).
Assim, os resultados fortes (acima das expectativas) superaram os fracos (abaixo do esperado) pela primeira vez desde o quaro trimestre de 2022.
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