Vale (VALE3) anima investidor com dividendo extra e recompra de ações

Movimento tirou o foco de um resultado de produção e vendas fraco no quarto trimestre de 2024

Empresas citadas na reportagem:

Enviado ao Rio de Janeiro – Dividendo extraordinário, recompra de ações, controle de custos, foco em produtos de maior valor. Com este cardápio, a Vale (VALE3) conseguiu animar investidores nesta quinta-feira (20), tirando o foco de um resultado de produção e vendas fraco no quarto trimestre de 2024, como previsto.

Consequentemente, a ação da mineradora subiu 3,68% na sessão de quinta-feira da B3 – foi a segunda maior alta do dia. O papel agora vale R$ 57,74. A companhia anunciou na noite da véspera um dividendo extraordinário de US$ 500 milhões (R$ 2,86 bilhões).

Simultaneamente, a Vale abriu novo programa de recompra de 120 milhões de ações, o que pode movimentar quase R$ 7 bilhões.

Além disso, a companhia também reduziu seu plano de investimentos de 2025 em US$ 600 milhões, para US$ 5,9 bilhões (R$ 33,75 bilhões).

“Temos um expectativa robusta de geração de caixa em 2025”, disse o presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, em teleconferência com analistas.

Esses dados e sinalizações agradaram o mercado, por mostrarem como a administração da companhia está fazendo uma gestão eficiente e flexível das finanças para enfrentar um cenário de mercado mais adverso.

“Pequenos movimentos, grandes sinais”, afirmaram analistas do BTG Pactual em relatório.

Vale: boas notícias diante de um cenário complexo

A habilidade da gestão destoou dos números mais abrangentes da Vale, que novamente mostraram a fraqueza do mercado global de minério de ferro, que já dura ao menos três anos, refletindo entre outros fatores a desaceleração da economia chinesa, maior mercado consumidor do minério da Vale.

Com isso, o desempenho operacional da Vale medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação, na sigla em inglês) caiu 41% em dólares entre outubro e dezembro, na comparação com igual intervalo de 2023.

Segundo Pimenta, para fazer frente a esse cenário, a Vale está se concentrando em produzir e vender produtos de maior valor, como o cobre.

Nesse sentido, a Vale anunciara uma semana antes investimento de R$ 70 bilhões em Carajás (PA), justamente para elevar sua produção.

Apesar dos elogios ao conjunto de iniciativas da gestão de Pimenta, que assumiu em setembro passado, os analistas mantiveram cautela para o longo prazo.

“Mantemos classificação neutra para a Vale, pois o preço da ação parece justo e devido à nossa visão mais cautelosa sobre o minério de ferro”, afirmou o Bank of America.

Itaú BBA e Goldman Sachs, em contrapartida, mantiveram recomendação de compra ou equivalente.

Isso porque ambas as casas de investimento avaliaram que as ações da Vale são negociadas com descontos em relação às rivais.

O BTG Pactual, por sua vez, manteve recomendação neutra “por enquanto”.


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