Desafios e um pouco do que pensa o novo CEO da Vale (VALE3)
Saiba como o mercado vê a escolha de Gustavo Pimenta e se deve haver mudanças na companhia, inclusive no pagamento de dividendos
A Vale (VALE3) anunciou Gustavo Pimenta como seu próximo CEO. Pimenta, que é CFO da companhia, foi eleito de maneira unânime pelo conselho de administração. Com isso, os investidores intensificam as perguntam sobre como ficarão a política de dividendos da Vale, os investimentos, acordos como o de Mariana, e outros temas centrais.
Então, segundo cronograma indicado pela própria Vale (VALE3) há alguns meses, Gustavo Pimenta irá assumir o cargo no primeiro dia de 2025.
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Até lá, Eduardo Bartolomeo permanece como CEO e irá auxiliar a transição.
Ainda assim, o mercado começa a se movimentar de olho no que Pimenta deve fazer quando assumir a cadeira.
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Nesse sentido, as ações da companhia subiam quase 3% no começo da tarde desta terça-feira (27).
Entenda como o mercado está vendo a indicação do novo CEO. Saiba se haverá mudanças na estratégia da companhia e os principais desafios para Pimenta na condução da mineradora.
Mudança no pagamento de dividendos da Vale?
O Santander diz que indicação de Pimenta terá “efeito positivo sobre o mercado” e prevê valorização de 13% para os papéis da Vale. Além disso, considera dividendos de 9%.
A Genial destaca que a escolha de Pimenta reduz o impacto negativo que as ações da empresa sofreram ao longo deste ano por conta de uma possível pressão do governo para indicação de nomes à presidência.
Assim, esse temor estava relacionado a uma eventual redução do pagamento de dividendos.
“A administração Lula é vocal em dizer que é contra os fortes dividendos que a Vale pagou aos seus acionistas nos últimos anos”, afirma a corretora.
O Itaú BBA diz que “a Vale distribuiu consistentemente a maior parte do caixa gerado nos últimos anos através de dividendos/recompras”.
“No geral, acreditamos que uma mudança na estratégia da Vale no curto prazo é improvável”, acrescenta o BBA.
Impacto da China sobre a VALE3
Para a Guide, o impacto da mudança é “marginalmente positivo”. Um dos destaques da Guide é que a escolha de Gustavo Pimenta “evita que o conflito entre alguns dos principais grupos de interesse dentro da Vale (Cosan e governo federal) aumente”.
Além disso, “o maior empecilho para a Vale” continuará sendo, na visão da Guide, “o baixo crescimento da China e o baixo preço do minério”.
Contudo, a postura de Pimenta quanto ao impacto do preço do minério é contrário ao pessimismo sobre a commodity.
Recentemente, Pimenta deu entrevista à Inteligência Financeira mencionando que o mercado errou 100% das projeções anuais sobre minério de ferro.
“Nos últimos dez anos, o mercado sempre coloca a curva de minério de ferro para baixo. Sempre imaginando que o preço vai cair com a redução da demanda chinesa. Eles erraram 100% dos anos. Todas as vezes, o preço seguinte foi mais alto que o imediatamente anterior”, disse.
Dessa forma, para a Inteligência Financeira, o executivo afirma que há demandas dentro da China para suplantar a queda no setor imobiliário chinês. Ele destacou principalmente a busca de minério para carros elétricos e acabamento.
Além disso, o novo CEO aposta muito no aumento da demanda em outros mercados emergentes, como Índia, sudeste asiático e Oriente Médio.
“No longo prazo, ainda que a China caia, o restante da demanda deve crescer e mais que compensar, até com um possível crescimento da demanda por aço no médio e longo prazo”, avaliou.
VALE3 e os temores do mercado
A indicação de Pimenta reduz os temores relacionados à condução dos investimentos da Vale em solo estrangeiro. Para a Genial, “caso o governo conseguisse emplacar um nome de sua escolha” a “alocação de capital em investimentos estratégicos passaria a ser errática”.
A corretora menciona as minas da VBM (Vale Base Metals Limited) no Canadá e na Indonésia, “ativos que consideramos estratégicos para posicionar a companhia para a transição energética”.
No Canadá, a VMB explora principalmente minas de cobre e níquel, além de cobalto e metais preciosos.
Mercado espera governo mais distante da VALE3
Com a escolha de Pimenta, o mercado espera que haja um afastamento da influência do governo sobre as decisões da empresa. Além disso, há segurança de que a estratégia da empresa será mantida, tendo em vista que, como CFO, Pimenta já era responsável pela alocação de capital da companhia.
“Acreditamos que uma substituição interna reduz a probabilidade de mudanças significativas na estratégia da empresa e acelera as negociações em curso com o governo (por exemplo, Mariana, concessões e licenças ferroviárias). Resolver esses problemas provavelmente estará entre as principais prioridades do Sr. Pimenta”, avalia o Itaú BBA.
Isso é positivo, segundo o banco, que entende que “a Vale alcançou marcos importantes” durante o mandato de Bartolomeo, com iniciativas que devem ter continuidade com Pimenta.
Um dos pontos destacado pelo BBA é que “a Vale estabilizou sua produção e provavelmente cumprirá o limite máximo de sua orientação de produção em volume para 2024”.
Reengajamento dos investidores
Para o banco, Pimenta terá duas tarefas principais no curto prazo. A primeira é assinar o novo acordo para Mariana.
“Este poderia ser o ponto de partida para o reengajamento com uma parte da base acionária anterior da Vale que vem sendo incapaz de investir na empresa nos últimos anos”, avalia o BBA.
Além disso, a Vale (VALE3) também precisa assinar um acordo para renovar suas concessões ferroviárias, “equilibrando pagamentos potenciais com obrigações futuras para alcançar um resultado ganha-ganha”.
Com isso, a expectativa é que a Vale reduza a diferença que tem hoje em relação aos seus pares australianos.
Embora a queda do preço do minério de ferro tenha reduzido o preço das ações tanto da Vale quanto da BHP e da Rio Tinto, a companhia brasileira tem sofrido mais, caindo quatro pontos percentuais mais que as concorrentes em 2024.