Dividendos da Vibra (VBBR3) podem sofrer abalo em 2025, mas existe luz no fim do túnel

Mesmo após anunciar R$ 1,6 bilhão em dividendos, Vibra Energia (VBBR3) pode ter queda no pagamento sobre ações com juros altos e informalidade

Rede de postos da Vibra (VBBR3), antiga BR Distribuidora. Foto: Divulgação/Vibra
Rede de postos da Vibra (VBBR3), antiga BR Distribuidora. Foto: Divulgação/Vibra

A Vibra Energia (VBBR3) surpreendeu o mercado financeiro recentemente com o anúncio de R$ 1,62 bilhão em dividendos, mas especialistas do BTG Pactual, Goldman Sachs, entre outras casas de análise de ações preveem desaceleração dos pagamentos da companhia em 2025.

Há, contudo, uma grande incerteza que paira sobre o quanto as ações da Vibra Energia podem pagar neste ano: saber se a empresa tem em estoque mais recuperações tributárias extraordinárias a fazer. Em 2024, a distribuidora de combustíveis listada no Ibovespa, capturou R$ 4,6 bilhões em créditos tributários que não deveriam ter sido cobrados em anos anteriores.

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Mas há luz no fim do túnel: sinergias com a geradora de energia recém-adquirida Comerc podem levar o dividendo a saltar.

Dividendo da Vibra pode cair pela metade em 2025, diz BTG

O BTG Pactual possui uma das previsões pessimistas para os dividendos da Vibra em 2025. Queda de 12,6% para 6,2% em yield. Ou o equivalente ao tombo de 6,4 pontos na margem paga a acionistas sobre o valor da ação (VBBR3).

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O BTG explica que a Vibra pode sofrer com a queda na assimetria de juros neste ano, com queda no volume de lucro por metro cúbico de combustível distribuído. Além disso, como para as demais companhias, as taxas de juros de 13,25%, consideradas altas, pesam sobre os lucros da empresa.

A equipe de analistas do banco rebaixou a estimativa de lucro da empresa em 7% desde os resultados de quarto trimestre. E cortou o preço-alvo da ação de R$ 33 para R$ 26.

Já o Goldman Sachs, que também prevê queda nos dividendos da Vibra (VBBR3), nota que a companhia deve amargar fluxo de caixa livre negativo em 2025, com base num déficit de R$ 7,3 bilhões. O montante seria destinado para diminuir a alavancagem, que chegou quase ao mesmo patamar do que a Vibra lucra com sua operação.

De acordo com previsões do banco americano, as ações da Vibra (VBBR3) podem diminuir a margem paga em dividendos de 5,9% para 5,1% entre 2024 e 2025.

Postos bandeira branca avançam, Vibra perde mercado

O mercado informal de combustíveis vem crescendo no Brasil, gerando resposta da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e ações de ministérios públicos pelo País.

Mas, nas empresas, isso vem refletindo em queda de participação de mercado. É o que preocupa o analista Daniel Nigri, da Dica de Hoje research.

Segundo ele, a Vibra perdeu 5,6 pontos percentuais de fatia em postos, com retirada de 300 postos em 2024. Desse total, 126 foram fechados entre setembro e dezembro.

Cada vez mais postos estão aderindo à bandeira branca, sem contrato de exclusividade com a distribuição de bandeiras, na visão de Nigri.

“O peso da alavancagem subiu com a aquisição da Comerc. Ela pode sair hoje de 0,9 vezes o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e alavancagem) para 1,4 vezes em 2025″, aponta o analista.

E, com a alavancagem, os dividendos da Vibra podem sofrer ainda mais porque os juros devem subir mais em 2025. A Selic deve ser elevada a 14,25% ao ano, seguindo projeções do Banco Central para a próxima reunião do Copom.

Thiago Pedroso, sócio da Criteria, diz que a Vibra (VBBR3) pode não pagar dividendos “tão bons” para aliviar dívidas. “Talvez seja (o) principal risco da tese da Vibra nesse momento, e o que mais pode melar os dividendos”, afirma.

Além disso, o mercado ainda não sabe se haverá mais da recuperação tributária extraordinária em 2025. Para a Hugo Cabral, analista da Nord Research, se a Vibra não tiver créditos tributários a resgatar, o vento de cauda dos dividendos pode acabar.

“Nesse cenário, com a atual política de 40% de lucro líquido, a empresa pode pagar 5% de dividend yield“, aponta. “Ainda não conversamos com a Vibra sobre isso, mas estamos tentando.”

Crédito tributário e diesel podem levar a Vibra ser ‘boa pagadora’

A Vibra vai pagar R$ 1,6 bilhão em dividendos ao longo de 2025, conforme decisão do conselho administrativo. Analistas veem fatores que podem justificar uma manutenção da política de dividendos atual de 40% de repasse do lucro líquido.

A diretoria executiva da Vibra comentou na conferência com analistas após o resultado que “não deve gastar um centavo a mais” com a Comerc.

Foi uma das falas decisivas que fez as ações da Vibra Energia subirem mais de 5% após os resultados, afirma Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. A corretora espera que a distribuidora na verdade pague mais dividendos em 2025 do que em 2024.

“Dá tranquilidade para o mercado porque o preço da aquisição foi mais caro que o esperado e feito em período de juros médios altos”, comenta Arbetman. “Existe a possibilidade de extração de valor da Comerc ser maior para frente, sob boas condições.”

A Vibra espera que a operação da Comerc lucre R$ 1,3 bilhão em 2025.

Arbetman conta que o buy side de bancos anima-se mais com as ações da concorrente da Vibra, a Ultrapar, dona da rede Ipiranga. Mas por um processo que a Ultra já concluiu – e que a Vibra persegue hoje.

“A Vibra recentemente começou a depurar o volume por postos de gasolina, fechando postos em localizações consideradas não estratégicas”, afirma o especialista.

Conforme aponta o Goldman Sachs, a monofasia do etanol hidratado para PIS/COFINS pode levar a empresa a ter um Ebitda 5% maior em 2025.

“Existe sim uma chance de a Vibra pagar mais dividendos ao longo dos próximos meses”, conclui Arbetman.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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