Dividendos da Petrobras (PETR3; PETR4): mercado fala em decepção e sinal de alerta

Empresas citadas na reportagem:
A Petrobras (PETR3; PETR4) teve resultados ruins no quarto trimestre, com dinâmica ruim nas demonstrações financeiras. Bem como surpresas negativas na geração de caixa e nos dividendos, diz a XP.
Os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm escrevem que o Ebitda de US$ 9,9 bilhões ficou cerca de 5% abaixo do esperado. Pela produção mais fraca, queda nos preços do petróleo e alta nos custos.
O principal destaque negativo foi o anúncio de US$ 1,6 bilhão em dividendos. Bem abaixo do consenso, por conta da geração de caixa mais fraca e os investimentos que surpreenderam.
A corretora acredita que o aumento nos investimentos não preocupa porque foram concentrados na unidade de exploração e produção. Muito em parte por novas plataformas.
Dessa forma, a XP tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 46 para as ações preferenciais. Potencial de alta de 21,2% sobre o fechamento de quarta-feira.
Dividendos menores
Os resultados de quarto trimestre da Petrobras foram piores do que o esperado. Ou seja, com combinação de menor geração de caixa por conta da piora nos indicadores operacionais no período e alta nos investimentos reduzindo os dividendos, diz o Citi.
Os analistas Gabriel Barra, Pedro Gama e Andrés Cardona escrevem que o Ebitda de US$ 9,87 bilhões ficou 5,7% menor do que o esperado. Enquanto as receitas de US$ 20,8 bilhões foram 1,8% aquém das estimativas.
O banco destaca que os dividendos da Petrobras, de US$ 1,6 bilhão, ficaram dentro da sua política de remuneração. Mas investimentos maiores do que o esperado pressionaram a geração de caixa e deixaram os proventos abaixo do consenso.
Assim, o Citi tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 15 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse). Ou potencial de alta de 4,7% sobre o fechamento de quarta.
‘Desempenho financeiro ruim’
A Petrobras teve resultados negativos no quarto trimestre, com custos maiores do que o esperado na sua unidade de exploração e produção se juntando a um desempenho operacional que também foi ruim, diz o Jefferies.
Os analistas Alejandro Demichelis e Pedro Baptista escrevem que os números foram marcados por uma série de itens não recorrentes. Com a empresa indicando normalização nas operações e crescimento de produção ao longo de 2025.
Dessa forma, o banco afirma que o desempenho financeiro ruim, com Ebitda de US$ 9,8 bilhões ficando 7% aquém do consenso do mercado, acabou pressionando a geração de caixa e o pagamento de dividendos no quarto trimestre.
O Jefferies tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 15,90 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 11%.
‘Sinal de alerta’
Os resultados de quarto trimestre da Petrobras devem acender sinal de alerta entre os investidores por conta de um pagamento de dividendos menor do que o esperado. Isso em meio a uma piora na dinâmica de capital de giro e maiores investimentos, diz o Bradesco BBI.
Os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka escrevem que o Ebitda de US$ 10 bilhões ficou 8% abaixo do que esperavam. Impactado por desempenho operacional fraco e alta nos custos.
A geração de caixa acabou ficando em apenas US$ 1,6 bilhão, rendimento de apenas 1,8% sobre o valor das ações. Bem abaixo da projeção que tinham de US$ 3 bilhões, o que acabou resultando em dividendos mais fracos.
O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 53 para as ações preferenciais. Logo, potencial de alta de 39,6% sobre o fechamento da véspera.
‘Alta de custos e dividendos ruins’
A Petrobras surpreendeu negativamente o mercado com seus resultados financeiros de quarto trimestre que mostraram custos e investimentos maiores do que o esperado, diz o JPMorgan.
Os analistas Rodolfo Angele, Milene Clifford Carvalho e Henrique Cunha escrevem que o Ebitda de US$ 9,9 bilhões foi 5,9% menor do que o esperado, impactado principalmente pela menor produção, alta no barril do petróleo e maiores custos.
Eles notam que os investimentos foram maiores do que as metas da própria companhia no quarto trimestre. Mas que houve uma parcela considerável de antecipação de despesas no Campo de Búzios que não deve se tornar recorrente.
A geração de caixa foi fraca por conta dos maiores investimentos realizados pela Petrobras. O que acabou gerando um pagamento de dividendos ruins e aumentou a dívida líquida.
O JPMorgan tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 18 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 25,7%.
‘Possível intervenção governamental’
A estratégia de investimentos praticada pela Petrobras no quarto trimestre foi o que mais chamou a atenção do Goldman Sachs sobre os resultados divulgados pela estatal. Para o banco, as decisões tomadas sobre os investimentos podem levantar as preocupações sobre uma eventual intervenção governamental na empresa.
O banco comenta que os investimentos desembolsados pela Petrobras chegaram a US$ 5,7 bilhões no quarto trimestre, mais do que o dobro dos US$ 2,5 bilhões esperados. Isso fez com que os investimentos totais do ano alcançassem os US$ 16,6 bilhões, 15% acima do teto da projeção revisada para o ano.
A Petrobras afirmou que isso aconteceu por causa da antecipação dos investimentos inicialmente esperados para 2025, o que, na visão da administração, poderia mitigar os riscos de atrasos e possivelmente aumentar o potencial de novos navios-plataformas (FPSOs) entrarem em operação mais cedo.
Porém, o Goldman Sachs afirma que as projeções de investimentos para 2025 não foram reduzidas e a meta de produção não foi aumentada, o que pode representar algum conservadorismo por parte da administração.
Isso também pode significar que o dividendo menor do que o esperado no quarto trimestre não será necessariamente compensado por dividendos maiores nos próximos anos. O banco prevê US$ 12 bilhões em dividendos em 2025.
O banco também destaca que a União vem se manifestando sobre o uso da Petrobras para acelerar o crescimento do PIB do Brasil. No entanto, a maioria dos módulos das novas unidades de produção da companhia, para os quais os pagamentos foram feitos são, na verdade, construídos no exterior.
Ainda assim, o Goldman Sachs se mantém confiante de que as leis e os estatutos da Petrobras atualmente em vigor protegem a empresa de potencial intervenção política.
O Goldman Sachs mantém a sua recomendação de compra sobre as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 45,40 para os papéis ordinários, R$ 41,30 para os preferenciais e US$ 15,80 para os recibos de ações (ADRs).
Dividendos da Petrobras: detalhes do pagamento
Então, o conselho de administração da Petrobras aprovou o pagamento de R$ 9,1 bilhões em dividendos. Equivalentes a R$ 0,70954522 por ação ordinária e preferencial em circulação.
Agora, a proposta aprovada pelo conselho será submetida em Assembleia Geral Ordinária (AGO) que será realizada em 16 de abril.
Caso haja aprovação pela AGO, considerando os proventos antecipados pela companhia ao longo do ano, devidamente corrigidos pela Selic, a remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2024 totalizará R$ 75,8 bilhões
Sendo R$ 73,9 bilhões em distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) e R$ 1,9 bilhão em recompras de ações.
Segundo a companhia, a distribuição proposta está alinhada à política de remuneração aos acionistas vigente. Que prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor, observadas as demais condições da política, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre
“Esta distribuição é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia”, diz o comunicado divulgado pela empresa.
Valor por PETR3, PETR4 e ADRs
Do total a ser pago de R$ 0,70954522 por ação ordinária e preferencial em circulação, a primeira parcela, no valor de R$ 0,35477261 por ação ordinária e preferencial em circulação, será paga em 20 de maio de 2025, integralmente sob a forma de dividendos.
Já segunda parcela, no valor de R$ 0,35477261 por ação ordinária e preferencial em circulação, será paga em 20 de junho de 2025, integralmente sob a forma de dividendos.
Enquanto os detentores de ADRs receberão os pagamentos a partir de 28 de maio de 2025 e de 27 de junho de 2025, respectivamente.
Finalmente, a data de corte será 16 de abril de 2025 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3. Enquanto para os detentores de ADRs negociados na Bolsa de Nova York, a data será 22 de abril.
As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 17 de abril de 2025.
Com informações do Valor Econômico
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