Analistas consideram prévia operacional da XP (XPBR31) fraca e ações recuam
Ações da XP Inc recuam cerca de 1,3% após divulgação de prévia operacional com indicadores abaixo das expectativas de mercado
As ações da XP Inc. recuam cerca de 1,3% na Nasdaq nesta quarta-feira (26), após a companhia ter divulgado ontem a prévia operacional do balanço do primeiro trimestre, com números fracos na visão de analistas. Os ativos sob custódia fecharam março em R$ 954 bilhões, resultado de um ingresso de R$ 125 bilhões em 12 meses e uma desvalorização de ativos da ordem de R$ 44 bilhões. A base de clientes teve um acréscimo de 13% em um ano, para 3,966 milhões.
Em relatório, o Credit Suisse avaliou os números como negativos para os papéis da companhia, com um fluxo bem abaixo da orientação da própria XP, que tinha como meta atrair entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões ao mês de recursos de clientes.
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Credit Suisse vê ‘core business’ da XP sobre pressão
O time de pesquisa do Credit Suisse nota que os ativos tinham observado uma recuperação no último mês em meio a uma postura mais vocal da administração com o mercado e investidores, sugerindo que as receitas de janeiro a março ficariam em linha com as observadas no último trimestre de 2022.
“Apesar disso, continuamos vendo o ‘core business’ da XP sob pressão, sem falar na queda sequencial do NPS, indicando menor satisfação do cliente”, escreve o Credit Suisse em relatório assinado por Marcelo Telles e Daniel Vaz. Os analistas têm indicação “undeperform” (abaixo da média de mercado) para as ações, com um preço justo estimado em US$ 15,00. A classificação já incorpora uma recuperação sólida esperada para 2024.
No relatório, os especialistas não vislumbram chances de a receita líquida ficar acima do “guidance” de R$ 3,6 bilhões em 2023.
BTG Pactual também considera prévia da XP fraca
Análise do BTG Pactual também considerou os números da XP fracos, com uma captação líquida mensal de R$ 5,4 bilhões, 20% abaixo do que a equipe de análise tinha modelado. Os ativos sob custódia também ficaram num nível inferior ao previsto, muito pelo desempenho do mercado de ações local, com queda de 5% do Ibovespa no primeiro trimestre. Este foi o quinto trimestre consecutivo de queda no fluxo de dinheiro novo. O banco calcula uma queda de 2% dos ativos sob custódia do segmento corporativo no trimestre.
No varejo, segmento que ainda é central para a XP, a companhia observou uma queda no volume de transações diárias de 12% no primeiro trimestre, para R$ 2,4 milhões, mas um incremento de 2% em 12 meses.
O número de assessores de investimentos continuou crescendo, atingindo 13 mil profissionais plugados à plataforma, aumento de 6% no trimestre e de 21,5% em 12 meses.
Queda de produtividade é enigma na XP
Filipe Medeiros, CEO da AAWZ, que presta diversos serviços de retaguarda para as assessorias de investimentos, diz haver muito questionamento e certa frustração com a queda da produtividade na rede. “Isso porque o número de assessores de investimentos é muito maior do que era no passado e a captação [da XP] está no mesmo patamar de 2018.”
O principal fator, conforme a própria administração da XP tem comentado, é o macroeconômico, com o aumento das taxas de juros tornando os bancos mais competitivos do que as corretoras em alternativas conservadoras de renda fixa, que sempre foi o forte das grandes instituições de varejo.
O menor número de dias úteis de fato no último trimestre de 2022, com Copa do Mundo e eleições, também tem sido mencionado como um fator atípico.
Sob essa conjuntura, o esforço para um assessor convencer investidores a migrar para as plataformas é muito maior. “Se antes um profissional conversava com 10 clientes e abria 10 contas, hoje ele precisa conversar com 100 clientes para abrir essas 10 contas”, diz Medeiros. “Na nossa visão, decorrente desta mudança, as assessorias vão precisar melhorar os processos comerciais internos que antes eram muito pautados em abertura e atração de novos clientes, para um processo focado no atendimento dos clientes atuais, aumento do “share of wallet” e indicações [de amigos e familiares].”
Corretora quer diminuir dependência do varejo
Para reduzir a dependência do varejo, a XP tem investido em novas verticais. A carteira de crédito, por exemplo, atingiu R$ 17,5 bilhões em março, com alta de 53% em 12 meses e de 4% no primeiro trimestre. O volume de transações com cartões foi de R$ 8,6 bilhões, com alta de 90% na comparação anual e de 4,9% ante o quarto trimestre de 2022. A XP tinha 832 mil cartões ativos ao fim de março.
Na previdência privada, a carteira somava R$ 62 bilhões, sendo R$ 48 bilhões dos planos da própria seguradora da XP.
Os analistas do BTG citam que as transações com cartões ficaram acima do que esperavam, mas a previdência teve incremento menor do que projetavam, embora a XP ainda seja a número 1 em portabilidade, atraindo clientes com planos na concorrência.
O BTG Pactual mantém indicação neutra para os papéis da XP. A avaliação é que a alta recente já incorporava um desempenho melhor no primeiro trimestre, com ganhos na distribuição de fundos de private equity, da atividade de formador de mercado e pelo vencimento de algumas operações de renda fixa, potencializando a rotação das carteiras.