Arezzo (ARZZ3) tem receita robusta, bancos recomendam o papel; ação fecha em queda
Companhia informou uma alta de 22,1% na receita líquida no primeiro trimestre, para R$ 1,28 bilhão
A Arezzo & Co, uma das maiores varejistas de moda do país, teve resultados mistos no primeiro trimestre deste ano, com aumento de receita no país, mas queda nas operações internacionais. Analistas de bancos observaram uma persistente pressão nas margens de lucro da companhia, apesar de um faturamento robusto. Citi, Bank of America, Goldman Sachs, Santander e XP têm recomendação de compra para as ações da Arezzo&Co. Mas o papel encerrou o dia em queda de 5,52%, cotado a R$ 60,40.
A companhia informou uma alta de 22,1% na receita líquida no primeiro trimestre, para R$ 1,28 bilhão. O lucro atribuído aos controladores de R$ 63 milhões caiu 35,6% em relação ao primeiro trimestre de 2022, quando a companhia teve um crédito tributário não-recorrente de PIS-Cofins. O lucro líquido ajustado foi de R$ 73 milhões, alta de 27%.
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No exterior
A receita da companhia no exterior é pequena em relação ao que fatura no Brasil, mas foi alvo de perguntas dos analistas. De acordo com o balanço do primeiro trimestre, divulgado na última terça-feira, a receita bruta da Arezzo&Co no mercado externo caiu 6,4% para R$ 117,3 milhões. Já o faturamento do mercado interno foi de R$ 1,17 bilhão, alta de 27,4% no comparativo anual.
O diretor-presidente da Arezzo&Co, Alexandre Birman, afirmou nesta quarta-feira que as operações internacionais da companhia seguem como um “pilar estratégico, após analistas de mercado destacarem a piora de resultados fora do Brasil.
O Santander afirmou que a desaceleração da Arezzo Internacional foi pior que o esperado, com queda de receita bruta de 6%, pior do que as projeções do banco, refletindo a estagnação do comércio eletrônico.
Os analistas destacam que a queda de receitas resultou em uma perda de rentabilidade. A margem Ebitda do segmento internacional, que era de 7,6% no primeiro trimestre de 2022, terminou o trimestre negativa em 5,3%.
Pressão na rentabilidade
Os analistas da XP também destacaram que os resultados internacionais se refletiram em pressão para a rentabilidade da holding. A margem bruta caiu 1,14 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre de 2022, para 52,3%, enquanto a margem operacional caiu de 19,2% para 10,2%. Também recuaram a margem Ebitda (-0,8 ponto percentual, para 23,1%) e a margem líquida (-5,4 pontos percentuais, para 6,2%). No critério ajustado, porém, a margem Ebitda avançou 0,1 ponto percentual, para 16%, enquanto a margem líquida subiu de 6,9% para 7,1%.
Perspectiva de melhora nos EUA
O desempenho da Arezzo&Co fora do país foi comentado por Birman, durante a teleconferência de resultados desta quarta-feira. O executivo afirmou que a perspectiva para este ano é de melhora, com a estreia da marca Arezzo em cem lojas da rede de departamento Macy’s, nos Estados Unidos.
A estimativa é de que o inverno no Hemisfério Norte, que começa em setembro, movimente a venda de 50 mil pares de calçados.
O perfil das redes nos Estados Unidos, segundo Birman, também explica a desaceleração do mercado internacional, considerando os superestoques acumulados durante o ano passado. “O cenário B2B nos Estados Unidos é formado por poucos e grandes varejistas de loja de departamento, que reduziram suas compras no final de 2022 e início de 2023”, afirma.
A Arezzo&Co também aposta no desempenho da nova loja da marca Schutz na região da Broadway, em Nova York, que deve servir como centro de distribuição nos Estados Unidos. A unidade fará entregas em até duas horas para Manhanntan, que concentra 10% das vendas no país.
Na Europa
Já na Europa, a companhia espera utilizar a logística da marca recém-adquirida Paris Texas para escoar a produção de produtos Schutz e Alexandre Birman, que estariam com preços competitivos.
O preço médio dos calçados Schutz comercializados na loja da Broadway será de US$ 128, enquanto o tíquete médio da marca Alexandre Birman, de US$ 600, fica 20% abaixo de marcas de luxo do mercado internacional.
O diretor-presidente da Arezzo&Co afirma que a logística internacional também está relacionada à queda de volumes registrada pela companhia, em razão da retenção de 60 mil unidades de bolsas importadas na Receita Federal. Estas unidades, inicialmente estimadas para o primeiro trimestre, devem ser contabilizadas nos resultados de abril.
Vestuário, sapatos e bolsa
O Bank of America destacou em relatório que o volume de vendas total de vestuário cresceu 36,6% no trimestre, enquanto os volumes de sapatos e bolsas caíram 2,6% e 7,9%, respectivamente.
Por outro lado, a receita líquida da Arezzo&Co cresceu 22,1% em relação ao primeiro trimestre de 2022, alcançando R$ 1,02 bilhão, refletindo o desempenho das marcas Arezzo e Vans.
Os analistas da XP destacam que a companhia registrou crescimento robusto do canal multimarca, com avanço de 35%, enquanto as lojas próprias expandiram seu faturamento em 32%. Já os canais digitais tiveram 25% de alta.