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Bradesco (BBDC4) fecha em queda de 8% após balanço; veja repercussão dos analistas
O mercado reagiu mal ao balanço do Bradesco no 4º trimestre de 2022 e as ações (BBDC4) tiveram forte queda no pregão de hoje. O resultado, pressionado pela provisão com perdas da Americanas e avanço da inadimplência média, ficou abaixo do esperado pelo mercado, que também não gostou do guidance.
O papel fechou com queda de 8,04%, negociado a R$ 12,69. Um pouco mais cedo, Itaú (ITUB4) caía 0,50%; Santander (SANB11) perdia 0,07%, BTG Pactual (BPAC11) avançava 1,64% e BB (BBAS3) operava em leve alta de 0,07%. O Ibovespa fechou em alta de 0,07%, aos 108,08 mil pontos.
O que dizem os analistas?
Ajax Capital
“De fato o resultado foi muito aquém do esperado, mesmo sem o evento Americanas seria abaixo do consenso, pressão de despesas, a carteira de crédito cresceu menos, inadimplência subindo mais forte que os pares, principalmente Itaú e Santander – que é o sinal mais preocupante – RAOE abaixo do custo de capital, tudo muito ruim, somado a isso, o guidance muito fraco para 2023”, afirmou o analista e sócio da Ajax Capital, Rafael Passos.
UBS BB
“Resultado e guidance muito fracos, ROAE (retorno sobre patrimônio líquido) de 4% apenas. O guidance implica ganhos de R$ 20 bilhões no ano, muito abaixo do consenso do mercado e das projeções do banco”, afirmou o UBS BB em relatório assinado por Thiago Batista e Olavo Arthuzo.
Itaú BBA
O Itaú BBA afirmou que o conjunto de números ficou bem abaixo do esperado, e mesmo excluindo Americanas da conta, o lucro seria de R$ 4,3 bilhões, o que também teria ficado aquém das estimativas de tendências de crédito piores.
“O guidance para 2023 indica que os desafios continuarão”, avaliaram Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, analistas do banco, que reiteraram a recomendação de venda das ações BBDC4.
BB Investimentos
O BB Investimentos citou a fraqueza dos números e do guidance, mas deu também uma visão positiva.
“Alguns alentos, no entanto, são visíveis em nossa opinião: a margem com clientes se expande de maneira forte, a receita de seguridade também acelera, assim como a receita de serviços, que mostra boa dinâmica apesar da desaceleração acentuada da carteira de crédito. Ademais, os custos permanecem controlados, crescendo abaixo da inflação”, diz o BB.
Apesar disso, o BB acredita que, no curto prazo, a pressão da inadimplência, que empurra despesas com provisões, e a contribuição da receita de tesouraria, que deve permanecer negativa durante a maior parte de 2023 em função do patamar da Selic, que por sua vez pune a estrutura de ativos e passivos do banco, devem continuar pressionando os números do Bradesco ao longo dos próximos trimestres.
“Apesar do banco já sinalizar estar tomando medidas em direção a uma safra de crédito mais salutar, ponto chave para uma descompressão da inadimplência, entendemos que o desafio é grande, dado o perfil de clientes do banco, mais suscetível a ciclos econômicos desfavoráveis”, completou.
BTG Pactual
No relatório intitulado “Não é só a Americanas…o poder de lucrar se deteriorou muito, e recuperá-lo vai levar tempo”, o BTG Pactual destacou os resultados ruins e o ROE de apenas 4%.
“Mas é mais do que apenas Americanas. Mesmo se excluíssemos o varejista, o que se poderia argumentar ser um caso isolado, o desempenho operacional ainda estaria 20% abaixo da nossa projeção e cairia cerca de 30% no trimestre e 50% na comparação anual”, diz o relatório assinado por Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura.
Goldman Sachs
Excluindo o efeito Americanas, o Goldman Sachs afirmou o lucro recorrente de R$ 4,2 bilhões ainda seria pressionado, mas em linha com o que o GS projetava.
“A qualidade dos ativos piorou ainda mais, duas vezes pior que Itaú e Santander. Além disso, o ponto médio da projeção de 2023 implica R$ 19,6 bilhões em ganhos (12% ROE), 28% abaixo das projeções do GS e 23% abaixo do consenso”, apontou o relatório.
A surpresa negativa no guidance foi principalmente as altas provisões de R$ 36,5-39,5 bilhões, embora outros itens também tenham decepcionado os analistas.
“Esperamos uma reação negativa à perspectiva do guidance, já que o Bradesco provavelmente terá uma mínima mais longa do que o esperado nos lucros”, finalizou.
Safra
Os analistas do banco Safra, Silvio Dória e Gabriel Pucci, apontou o conjunto fraco de resultados, ressaltando que além de Americanas, a qualidade da carteira de crédito foi prejudicada pela forte exposição a pessoas físicas e PMEs. Eles também ressaltaram que, diante das projeções, o banco espera um 2023 difícil pela frente.
Ativa Investimentos
A Ativa Investimentos classificou os números como “ruins”. Apontou que o banco segue sofrendo com o avanço da inadimplência, além do guidance fraco, que embora esperado, surpreendeu negativamente no crescimento das despesas operacionais.
“Quando somamos esses fatores ao provisionamento de 100% da exposição do banco à Americanas, que por sua vez, é o maior entre seus pares, temos novamente um resultado abaixo das expectativas”, resumiu Pedro Serra.
Resumo do balanço
O lucro líquido recorrente somou R$ 1,595 bilhão no 4º trimestre de 2022, número 75,9% abaixo do obtido no mesmo período de 2021 e 69,5% a menos do observado no 3º trimestre.
O PDD (provisão de devedores duvidosos) expandido do 4º trimestre ficou em R$ 14,88 bilhões, um salto de 104% ante o 3º trimestre
O principal motivo – mas não o único – para esse tombo foi o provisionamento de 100% das perdas com um calote da Americanas. O mercado avalia que a varejista deve R$ 4,8 bilhões ao banco.
Segundo a presidência do banco, 2022 foi um ano de bastante volatilidade causada por eventos importantes como o aumento “rápido e relevante” da inflação, com aumento das taxas de juros maior que o inicialmente antecipado, impactos no ciclo de crédito e um ambiente global de grande instabilidade política e econômica. “Esse cenário causou impacto importante em nossos resultados”, afirmou o banco no relatório.
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