Braskem (BRKM5) prevê semestre difícil e recuperação só a partir de 2024
Empresa reportou prejuízo de R$ 771 milhões no segundo trimestre de 2023
A Braskem (BRKM5), que anunciou prejuízo de R$ 771 milhões no segundo trimestre de 2023, avisou nesta quarta-feira (9) que a má fase deve continuar por mais um período.
Ao comentar os resultados contábeis divulgados na véspera, o diretor financeiro e de relações com investidores da petroquímica, Pedro Freitas, afirmou que o investidor ainda verá um terceiro trimestre difícil, antes de começar a vislumbrar alguma melhora nos últimos três meses do ano.
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A recuperação, segundo a empresa, deverá vir a partir de abril de 2024.
“Com relação ao segundo semestre, o cenário está pior que o esperado”, disse Freitas. “Esperamos uma situação bastante desafiadora, com uma visão de recuperação, porém ainda gradual, para o quarto trimestre”, destacou o executivo, que enxerga oportunidades de voltar a gerar lucros do médio para longo prazos.
“A gente tem uma expectativa de, a partir do segundo semestre do ano que vem, de haver uma recuperação de ciclo, começando uma recuperação mais forte de 2025 a 2027”, disse.
BRKM5 registrou prejuízo milionário no segundo trimestre
A petroquímica Braskem registrou um prejuízo milionário no segundo trimestre de 2023. A empresa, que nos primeiros três meses do ano havia lucrado R$ 184 milhões, apresentou ontem prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 771 milhões.
A receita líquida de vendas da Braskem no segundo trimestre totalizou R$ 17,756 bilhões, queda de 30% sobre a receita de R$ 25,411 bilhões em igual período de 2022.
Já a dívida bruta da empresa, em dólares, cresceu 14% em 12 meses, saindo de US$ 8,734 bilhões no segundo trimestre do ano passado para US$ 9,964 bilhões em igual período de 2023.
Com isso, o montante de dívida da empresa já está 7,90 vezes superior à sua capacidade de gerar caixa, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Desaquecimento da China e concorrência maior
Para o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, essa situação aconteceu a partir de uma conjunção bastante negativa de fatores de mercado.
Eles envolvem, basicamente, a desaceleração do crescimento chinês e a entrada no mercado de um volume inesperado de insumos petroquímicos – provenientes dos Estados Unidos, países árabes e asiático -, produção que estava represada desde a pandemia.
“São 7 milhões a mais de toneladas de capacidade de polietileno entrando num mercado que cresce menos do que no passado”, afirmou Pedro Freitas, que diz operar hoje com 72% de capacidade industrial, contra concorrentes mais competitivos e, por isso, mais baratos.
“Ao olhar essa qualidade de importação, a gente vê o produto americano chegando no Brasil com um custo muito baixo. A taxa de utilização média (das fábricas) da Braskem aqui no Brasil está 10% abaixo da taxa de utilização de capacidade nos Estados Unidos. A gente não consegue competir, tem que reduzir a produção, porque a gente tem os fatores estruturais de custo alto”, disse ele.
Braskem quer volta de regime diferenciado para petroquímicas
Nesse sentido, o diretor-presidente da Braskem (BRKM5), Roberto Bischoff, afirmou que tem intensificado o lobby junto ao governo federal pela retomada do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que oferece incentivos fiscais ao setor.
O pleito vem sendo liderado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abequim) e, atualmente, sofre resistências no governo e no Congresso, que acaba de aprovar uma reforma tributária, justamente com o objetivo de simplificar tributos e reduzir desonerações.
Criado em 2013 com o propósito de dar condições de maior competitividade ao setor químico brasileiro, a revogação do Reiq no ano passado causou revolta no setor, que era taxado com alíquotas reduzidas de PIS/Pasep, Cofins, PIS/Pasep-Importação e Cofins-Importação nas operações com nafta e outros produtos destinados a centrais petroquímicas.
Bischoff, presidente da Braskem, conta que esteve com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no mês passado, durante recesso dos parlamentares. Os dois conversaram sobre a medida. “O que foi discutido foi este momento que a indústria vive e explicado a importância que o Reiq tem (para o setor)”, disse.