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Agenda da semana: Banco Central pode finalmente abrir porta para queda da Selic
Um movimento que não é visto na economia brasileira desde agosto de 2020 está prestes a acontecer. Pode não ser exatamente nesta semana, mas tudo indica que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) está cada vez mais perto de cortar a taxa básica de juros.
Naquela ocasião, sob os efeitos negativos da pandemia de covid-19 e para estimular a atividade econômica, a Selic caiu de 2,25% para 2% ao ano – na mínima histórica.
Os juros voltaram a subir em março de 2021, quando a inflação começava a disparar e batia 5,20% em 12 meses. A taxa chegou aos atuais 13,75% em agosto de 2022, com a inflação acima de 10% no acumulado em um ano.
A Selic está estacionada desde então. Ou seja, há seis reuniões seguidas, com o Copom destacando a luta para ter a inflação sob controle e, principalmente nos últimos encontros, ressaltando a importância de ter as expectativas das instituições financeiras convergindo à meta de 3% estabelecida para 2024.
Vendaval a favor da queda dos juros
Nos últimos dias, bancos, gestoras, casas de análise e outros participantes do mercado passaram a rever suas perspectivas. Ganhou força a expectativa de que o Copom sinalize no comunicado desta semana a queda da Selic já em agosto. Mas as avaliações seguem equilibradas, com a primeira baixa podendo ser feita em setembro.
O Itaú Unibanco antecipou o prognóstico de corte de novembro para setembro, com a taxa encerrando 2023 em 12,50%. O Santander repetiu o cenário.
Já o Citi, por sua vez, vislumbra a taxa fechando o ano em 11,75% – o que demandaria um afrouxamento monetário de maior intensidade.
Entre os fatores apontados estão a inflação corrente em queda, as expectativas convergindo à meta (como quer o Banco Central), decisões jurídicas que podem turbinar o caixa do governo, além do avanço no arcabouço fiscal, mecanismo de controle dos gastos públicos que reduziu o risco de a dívida pública sair do controle.
O cenário, que já era favorável, ganhou um forte empurrão – aumentando a pressão para o BC finalmente cortar os juros. A agência de classificação de risco de crédito S&P elevou na última quarta-feira (14) a perspectiva para a nota soberana do Brasil, que é BB-, de estável para positiva.
Na prática, como a Inteligência Financeira mostrou, a medida significa que a S&P pode elevar a nota atribuída ao Brasil nos próximos dois anos, se o cenário considerado pela agência se consolidar, na direção do piso da faixa de grau de investimento, atribuído a ativos considerados de baixo risco.
Uma nota maior permite que o país atraia mais capital internacional, já que é uma métrica usada amplamente por investidores como critério para definir quais destinos são mais ou menos arriscados.
O que mais prestar atenção
O arcabouço fiscal deve ser aprovado até quarta-feira (21) no plenário do Senado. Antes, a proposta será votada na terça-feira (20) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O relator, senador Omar Aziz (PSD-AM), adiantou que foram feitas mudanças na proposição. O limite de gastos do novo arcabouço fiscal não se aplicará ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) nem ao Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF).
Se o texto passar com as alterações, o projeto volta para análise da Câmara. Aziz garantiu que os ajustes foram feitos em acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na prática, isso blinda o risco de a tramitação da nova regra fiscal ficar paralisada, já que a relação entre Lira e o governo Lula não anda bem.
Ainda no Senado, o advogado Cristiano Zanin deve ser sabatinado na Comissão de Comissão e Justiça (CCJ) na quarta-feira. Zanin foi o escolhido pelo presidente Lula para suceder Ricardo Lewandowski no STF (Superior Tribunal Federal).
Falando de Lula, o presidente tem viagem marcada para a Europa no meio da semana. Está previsto na agenda um encontro com o Papa Francisco, no Vaticano. O mandatário embarca em seguida para a França, onde irá se reunir com o presidente Emmanuel Macron.
A guerra entre Rússia e Ucrânia, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia e a questão ambiental devem dominar a pauta.
Por fim, no cenário internacional, os novos indicadores econômicos dos Estados Unidos devem ajudar a calibrar as expectativas sobre os rumos dos juros no país. O Federal Reserve (o banco central norte-americano) decidiu pausar o aumento da taxa, no intervalo entre 5% e 5,25%, mas deixou espaço para retomar o aperto monetário.
A avaliação é de que o Fed resolveu ganhar um pouco de tempo antes de decidir se aumenta ou se a dose do remédio é suficiente para curar o problema da inflação. Diversos discursos de dirigentes do Fed, incluindo do presidente Jerome Powell, estão previstos para os próximos dias – e merecem atenção.
Papo Inteligente
Antes dos principais indicadores que vêm por aí, a IF realiza na segunda-feira, às 10h, live para repercutir as novas revelações dos caso Americanas. A varejista admitiu pela primeira vez que houve uma fraude e apontou que o esquema turbinou os resultados da empresa em cerca de R$ 25 bilhões.
A colunista Mara Luquet e o diretor de Análise Digital do JOTA, Iago Bolívar, avaliam os impactos para os investidores. Já liga o alerta para acompanhar.
Agenda da semana de 19 a 23 de junho
Segunda-feira (19)
Feriado nos Estados Unidos (“Juneteenth”) – Bolsas ficam fechadas
08h25 – Boletim Focus do Banco Central
Terça-feira (20)
Início da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central)
Votação do arcabouço fiscal na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado
08h – Monitor do PIB da FGV
Quarta-feira (21)
Votação do arcabouço fiscal no plenário do Senado
18h – Decisão de juros no Brasil (taxa Selic) e comunicado do Banco Central
Quinta-feira (22)
09h30 – Pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos
11h – Discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell
Sexta-feira (23)
Feriado na China (“Festival do Barco do Dragão”) – Bolsas ficam fechadas
05h – PMI Composto S&P da zona do euro
10h45 – PMI Composto S&P dos Estados Unidos
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