Agenda da semana: Dados de inflação e discussões políticas podem aumentar pressão para corte dos juros

IPCA de maio deve apontar nova desaceleração; governo Lula tenta avançar agenda econômica e prepara plano para baixar preços de carros

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Pedro França/Agência Senado
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Pedro França/Agência Senado

A semana começa com um cenário mais positivo nos mercados globais principalmente após a aprovação do acordo que eleva o teto da dívida dos Estados Unidos, que elimina a chance de calote do país e aumenta o apetite dos investidores por ativos de risco. Há também relatos de novas medidas de estímulo para impulsionar a economia da China, diante dos sinais de enfraquecimento da atividade no gigante asiático.

Com a cena externa dando um tom favorável, os agentes financeiros concentram às atenções nos indicadores domésticos e na agenda econômica do governo Lula. O feriado de Corpus Christi, na quinta-feira (8), no entanto, tende a injetar uma dose de cautela nas estratégias e reduzir o volume de negócios.

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O principal dado é a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio na quarta-feira (7). A inflação oficial brasileira deve mostrar recuo de 0,61% da leitura de abril para 0,54% na sondagem atualizada, conforme consenso do mercado. Já a taxa acumulada em 12 meses deve cair de 4,18% para 4,10%, segundo as projeções.

O Itaú Unibanco espera uma desaceleração maior tanto no IPCA mensal quanto na taxa em um ano. “Esperamos que a inflação ao consumidor desacelere para 0,31%, ajudada pelos preços da gasolina e da alimentação no domicílio, levando a taxa anualizada a 4%”, aponta o banco em relatório.

Além disso, o Itaú menciona a inflação do IGP-DI de maio, que será divulgada na terça-feira (6), que deve apontar queda mensal de 1,80%, levando a taxa anualizada a -5,0%, de -2,6% em abril. “Tanto os preços no atacado industriais quanto os agrícolas devem apresentar alguma deflação, refletindo os preços mais baixos do minério de ferro, do diesel e da soja, respectivamente”, complementa a instituição.

Banco Central receberá novas cobranças

Com inflação dando novas pistas de arrefecimento, o Banco Central voltará a ser cobrado sobre o início do ciclo de queda da Selic – atualmente em 13,75% ao ano. Há seis semanas consecutivas o boletim Focus, que será divulgado pela manhã de segunda-feira (5), projeta a taxa básica de juros a 12,50% no fim de 2023.

Não há consenso no mercado sobre quando o BC irá começar os cortes. Tudo indica que não será ainda na reunião de junho do Copom (Comitê de Política Monetária). O Bradesco avalia que será em setembro, mas não descarta uma antecipação.

“O Banco Central deve ir acumulando elementos que permitirão um afrouxamento monetário. A própria evolução natural do seu foco de atuação, caminhando para o início de 2025, também contribui para a flexibilização ainda neste ano. Em um cenário de melhora mais rápida da inflação corrente, contaminando as expectativas de 2024, o corte inicial, entretanto, pode ser antecipado”, diz a instituição, também em relatório.

“Afinal, apesar da resiliência da atividade, a dissipação dos choques e os juros reais em patamares restritivos – acima do neutro ao longo de todo o próximo ano – podem levar a inflação (e os modelos do Banco Central) de 2024 a ficarem abaixo do originalmente projetado. Por ora, mantemos nosso cenário de corte inicial de juros em setembro, reduzindo a taxa para 12,25% ao final do ano e para 10,0% em 2024”, destaca o Bradesco.

Por fim, as discussões políticas marcadas para a semana tendem a deixar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, novamente no alvo das críticas. O Arcabouço Fiscal deve começar a tramitar no Senado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já indicou que deve dar celeridade ao projeto do governo Lula que cria novas regras para controle dos gastos públicos.

Na última semana, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, pediu boa vontade de Campos Neto com o governo e encomendou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na reunião de agosto do Copom. Mas a autoridade monetária já demonstrou que vai se guiar apenas pelos números.

Agenda da semana de 5 a 9 de junho

Segunda-feira (5)

5h: PMI Europa
8h25: Boletim Focus do Banco Central
10h: PMI Brasil
10h45: PMI Estados Unidos

Terça (6)

8h: IGP-DI de maio
10h: Anfavea (Produção de carros de maio)

Quarta-feira (7)

8h: Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) de maio
8h: Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) de maio
9h: IPCA de maio

Quinta-feira (8)

Feriado de Corpus Christi no Brasil
6h: PIB Zona do Euro (1º trimestre)
9h30: Pedidos seguro-desemprego nos EUA

Sexta-feira (9)

Sem indicadores globais relevantes

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