Anbima: mercado melhorou, mas IPOs ainda não registrarão retomada

Manutenção do aperto monetário em 2023 deve ser desfavorável à Bolsa, diz José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima

Executivos da Hapvida comemoram abertura de capital da empresa / Foto: Divulgação
Executivos da Hapvida comemoram abertura de capital da empresa / Foto: Divulgação

O cenário para as emissões de renda variável melhorou um pouco nos últimos meses, mas não é esperada uma retomada das ofertas iniciais de ações (IPOs) no curto prazo, avalia José Eduardo Laloni, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

“Vamos passar por um momento provavelmente em 2023 ainda de aperto monetário tanto no Brasil quanto lá fora. Isso não é muito favorável à bolsa”, disse Laloni.

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Em coletiva para comentar, ele observou que a retomada dos IPOs depende de fatores como o nível da bolsa, o cenário macroeconômico brasileiro e o ambiente externo.

O vice-presidente da associação acrescentou que “na hora em que as perspectivas forem na direção correta” o mercado brasileiro “estará preparadíssimo para absorver novas operações” e atrair novos setores.

De acordo com a Anbima, as emissões de renda variável somaram R$ 52 bilhões em 2022 até setembro, recuo de 57,8% na comparação anual.

Desse total, quase a totalidade (R$ 51,9 bilhões) foi referente a ofertas subsequentes (follow-ons) e concentrada na operação da Eletrobras (ELET3, ELET 5 e ELET6).

Os dados mostram ainda que 92,7% das emissões foram de ofertas primárias.

Volume de captação “bastante bom”

O vice-presidente da associação destacou que, no começo do ano, havia muitas dúvidas sobre como o mercado de capitais iria se comportar frente ao cenário de alta dos juros e incerteza eleitoral.

De acordo com ele, o ambiente externo ficou ainda mais desafiador no período, mas, apesar disso, o volume de captação foi “bastante bom”.

“É natural que o mercado de renda fixa tenha se destacado em um ambiente de juros mais altos. Aquela dúvida que tinha no começo, se o mercado iria se voltar todo para o CDI, como era antigamente, a gente viu que não se realizou”, disse.

“As emissões continuaram sendo bem-sucedidas e o mercado continua funcionando muito bem”, complementou o executivo.

Dados até setembro

As empresas brasileiras captaram R$ 402 bilhões no mercado de capitais doméstico em 2022 até setembro, informa a Anbima.

Trata-se de um recuo de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado. As emissões de renda fixa somaram R$ 331 bilhões nos primeiros nove meses do ano, volume 25,6% maior que no mesmo período de 2021.

O destaque ficou com as debêntures, com captações de R$ 205 bilhões no período, alta anual de 25,6%. O volume foi recorde para o período.

A coordenadora da Comissão de Securitização da associação, Flavia Palacios, destaca ainda o crescimento de CRIs (alta anual de 50,1%) e CRAs (avanço de 112,6%) e o potencial dos Fiagro, que captaram R$ 5 bilhões.

“Pode parecer um volume pequeno, mas é um produto novo”, avaliou.

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