Copom pode acelerar corte da Selic? Fed ainda vai subir os juros nos EUA? Super Quarta traz as respostas e novos sinais

Na temporada de balanços do 3º trimestre, os destaques ficam para os resultados de Ambev, Pão de Açúcar, Carrefour e Assaí

Saiba como reaver um prejuízo obtido na bolsa de valores - Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Saiba como reaver um prejuízo obtido na bolsa de valores - Foto: Amanda Perobelli/Reuters

A Super Quarta vem aí com as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. A tradicional data, que ocorre a cada 45 dias, promete respostas e novas sinalizações sobre os rumos dos juros aqui e lá fora. Ou seja, pontos que vão mexer com as estratégias dos agentes financeiros.

Em uma semana mais curta, em razão do feriado do Dia de Finados, a temporada de balanços do terceiro trimestre tem entre os destaques as grandes redes de supermercados do país. Nós, da Inteligência Financeira, apresentamos a seguir o calendário econômico dos assuntos mais relevantes para acompanhar nos próximos dias.

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Ritmo do ciclo de quedas da Selic

Pelo consenso do mercado financeiro, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anuncia na quarta (1), por volta de 18h15, mais uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic, de 12,75% para 12,25%.

A expectativa é de no comunicado, divulgado simultaneamente com a nova taxa básica de juros, o colegiado indicar cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões ou alterar o ritmo das reduções.

O que diz o Itaú

Para o Itaú Unibanco, por exemplo, em relatório assinado por Mario Mesquita, parece pouco provável que haja uma sinalização no sentido de um afrouxamento mais demorado. Assim, com uma perspectiva de amenizar o ritmo de 0,50 para 0,25 ponto.

“Entendemos que os fundamentos atuais não justificam tal desaceleração. Apesar do ambiente externo ter se tornado mais complexo (com aumento dos juros longos nos Estados Unidos e deflagração do conflito no Oriente Médio), a depreciação do real em relação ao dólar foi moderada. E, no âmbito doméstico, as divulgações de inflação mostraram dados mais benignos, com queda das principais medidas de núcleos”, comenta o economista-chefe do banco.

Assim também fica a dúvida se o Copom pode abrir uma brecha para um relaxamento monetário mais intenso. Dessa forma, deixando espaço para um corte de 0,75 ponto em dezembro, na última reunião de 2023.

Esse cenário tem como base a estimativa de IPCA mais moderado no fim do ano e convergindo à meta de 3% em 2024, principalmente depois que a Petrobras baixou o preço da gasolina em suas refinarias.

“O balanço de riscos para a inflação deve continuar sendo descrito como simétrico, com a possibilidade de as autoridades mencionarem a elevação dos juros longos nos Estados Unidos e um mercado de trabalho ainda aquecido no âmbito doméstico. Adicionalmente, acreditamos que o Copom deve manter a sinalização de serenidade e moderação na condução da flexibilização monetária, destacando que a magnitude do ciclo depende da evolução da inflação, expectativas, do hiato e do balanço de riscos”, considera Mesquita.

Os juros nos EUA vão dar o tom

Contudo, o fato de o Copom preferir por não mudar por ora sua trajetória tem a ver com o que vai acontecer com os juros nos Estados Unidos.

Mais cedo na quarta, às 15h, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) comunica a sua decisão de política monetária. Ela será detalhada meia-hora depois por seu presidente, Jerome Powell.

Antes de mais nada, o consenso dos agentes financeiros é de que os integrantes do Fed vão manter a taxa no atual patamar. Isto é, no intervalo de 5,25% a 5,50%.

E aí o que o mercado vai querer saber é se um novo aumento dos juros continuará no radar. E, além disso, até quando o BC americano pretende prolongar o aperto monetário no país. Ou seja, a coletiva de Powell será minunciosamente avaliada.

Como a Inteligência Financeira mostrou na semana passada, tendo como referência um relatório do Banco do Brasil, o nível de juros nos Estados Unidos pode limitar a redução da taxa Selic no Brasil.

O motivo é que o diferencial de juros entre os países pode ter como efeito um movimento que levaria a uma redução da atratividade de investimentos em carteira de renda fixa aqui. E, assim, provocaria uma saída de capitais para lá, ocasionando desvalorização do real e colocando pressão na inflação.

Para entender mais esse panorama e os impactos no calendário econômico, o colunista William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, detalha aqui qual seria o “juro justo” para o estrangeiro tomar risco no Brasil.

Além disso, Martin Iglesias, responsável pela recomendação de investimentos do Itaú Unibanco, conta sobre a valorização do ativo mais seguro do mundo, que tem dominado as atenções nesse período de juros altos nos EUA.

Para ter no radar

Mas o calendário econômico da semana não se resume na Super Quarta. Aqui no Brasil, dados do mercado de trabalho de setembro serão divulgados com a criação de vagas de
trabalho formais (Caged) na segunda (30) e a taxa de desemprego (PNAD Contínua) na terça-feira (31).

O IGP-M de outubro, conhecido como inflação do aluguel, está previsto para a segunda. A produção industrial de setembro será informada pelo IBGE na quarta, enquanto a balança comercial de outubro sairá no mesmo dia.

Na cena política do calendário econômico, com o feriado nacional na quinta (2), as discussões em Brasília tendem a ser reduzidas.

Do lado internacional, as atenções seguirão voltadas para os desdobramentos da guerra entre Israel-Hamas, com os agentes olhando a dinâmica dos preços do petróleo. Já nos EUA, destaca-se na agenda de divulgações econômicas a criação de vagas de trabalho (payroll) de outubro, na sexta (3).

Na China, as sondagens de atividade de outubro sairão na segunda. E no dia seguite, na terça, serão conhecidas a inflação de outubro e a prévia do PIB do terceiro trimestre da zona do Euro.

Por fim, a temporada de balanços do terceiro trimestre no Brasil tem como principal foco empresas ligadas ao consumo, como Ambev, Pão de Açúcar, Carrefour e Assaí.

Calendário econômico: 30 de outubro a 03 de novembro

Segunda (30)

08h00: IGP-M de outubro (Ibre-FGV)
08h25: Boletim Focus (Banco Central)
Sem horário definido: Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de setembro (Ministério do Trabalho)
22h30: PMI Composto e Industrial de outubro da China
Balanços: Assaí (ASAI3), Intelbras (INTB3), Irani (RANI3), GPA (PCAR3), Quero-Quero (LJQQ3) e Transmissão Paulista (TRPL4)

Terça (31)

07h00: Taxa de inflação de outubro na zona do euro
07h00: PIB do terceiro trimestre da zona do euro (prévia)
09h00: Taxa de desemprego/PNAD Contínua de setembro (IBGE)
Balanços: Ambev (ABEV3), Auren (AURE3), Carrefour Brasil (CRFB3), Cielo (CIEL3), CCR (CCRO3), Eletromidia (ELMD3), Kepler Weber (KEPL3), Log CP (LOGG3), Marcopolo (POMO4), Omega (MEGA3), Prio (PRIO3), Raia Drogasil (RADL3), Telefônica Brasil (VIVT3), Vamos (VAMO3) e Vulcabras (VULC3)

Quarta (1)

09h00: Produção industrial de setembro (IBGE)
15h00: Balança comercial de outubro
15h00: Decisão de política monetária nos Estados Unidos (Federal Reserve)
15h30: Coletiva de Jerome Powell, presidente do Fed
18h15: Decisão de política monetária/taxa Selic no Brasil (Copom/Banco Central)
Balanços: Banco Pan (BPAN4)

Quinta (2)

Feriado no Brasil (Finados)
Balanços: sem divulgações previstas no dia

Sexta (3)

09h30: Payroll/Relatório oficial de emprego de outubro nos Estados Unidos
Balanços: sem divulgações previstas no dia

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