Fim do ciclo de queda da Selic e mais assuntos para acompanhar na semana

Copom deve manter a taxa básica de juros em 10,50% ao ano, após uma série de sete cortes seguidos

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O calendário econômico de 17 a 21 de junho tem como destaques a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) e consequentemente a definição da nova taxa Selic. O encontro, que começa na terça (18) e tem seu desfecho na quarta (19), deve marcar o fim do atual ciclo de flexibilização dos juros da economia brasileira.

Pelo consenso do mercado financeiro até aqui, o Copom vai manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, depois de sete cortes consecutivos. Assim, a dúvida ficará por conta se a decisão será unânime ou dividida. Assim como quais serão os motivos destacados no comunicado, que é divulgado simultaneamente ao anúncio.

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Selic hoje

Então, desde o dissenso do último encontro do Copom, que baixou a Selic para o menor patamar desde fevereiro de 2022, as incertezas domésticas e fiscais pioraram.

Além disso, as expectativas de inflação aumentaram e a cotação do dólar foi às máximas em 2024. Esse conjunto de fatores explica por que o ciclo de queda da Selic irá acabar nesta semana.

“Acreditamos que o comitê decidirá, por unanimidade, pela manutenção do patamar atual de juros, de 10,50% a.a., em sua próxima reunião”, afirma o Itaú Unibanco em relatório.

“Esperamos que o Copom indique que o aumento da incerteza requer cautela adicional na condução da política monetária, com os membros do comitê, unanimemente, optando por comunicar que a política monetária deve se manter contracionista pelo tempo que for necessário. Até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, acrescenta o banco no texto.

Sem espaço para mais cortes

Juntamente com o Itaú, outras grandes instituições financeiras brasileiras ou que atuam por aqui passaram a projetar uma pausa na queda dos juros. Entre elas estão Santander, XP, JPMorgan e Bradesco.

“Na ata da sua última reunião, o Copom alterou seu cenário base e deu maior peso às expectativas de inflação. O BC foi enfático em seu compromisso de levar a inflação para a meta, e não para ao redor dela, como vinha comunicando anteriormente. Para atingir esse objetivo, concluiu que será necessária uma política monetária mais contracionista e mais cautelosa”, avalia o Bradesco.

“(Portanto) Julgamos que o BC deixou pouco ou nenhum espaço para cortes adicionais da Selic. Diante da mudança da comunicação do Copom, revisamos nosso cenário para a taxa básica neste ano, de 9,50% para 10,50%. Em nossas simulações, mantendo esse nível de juros até meados de 2025, o BC conseguirá cumprir seu objetivo”, prossegue o banco em relatório.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Expectativas de inflação

A equipe econômica do C6 Bank lembra que os membros do Banco Central deixaram em aberto os próximos passos de política monetária. Mas não se comprometeram com mais cortes. Adicionalmente, observa o banco, os discursos de Roberto Campos Neto (presidente do BC) logo após a decisão de juros de maio reforçaram a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação.

“Diante da contínua piora das expectativas de inflação, ainda que em ritmo lento, e da depreciação recente do câmbio, nossa expectativa agora é que o BC tenha terminado o ciclo de corte de juros e mantenha a taxa Selic em 10,50%”, indica o time do C6.

“Na nossa visão, a resiliência dos preços de serviços e os dados fortes de atividade econômica são um obstáculo para a desaceleração da inflação. Revisamos nossa projeção de Selic de 10,25% para 10,5% em 2024”, reitera a equipe do banco.

A relação entre Haddad e a Faria Lima

Enquanto espera a decisão do Copom, o mercado financeiro continuará de olho em dados dos Estados Unidos, para calibrar as expectativas sobre os rumos dos juros lá. E também no encalço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Da economia americana, o calendário econômico tem no radar divulgações das vendas do varejo e da produção industrial de maio, na terça. A quarta será de bolsas fechadas em Nova York, em razão do feriado nacional de “Juneteenth”. A data marca o dia em que as últimas pessoas escravizadas do país receberam a informação de que estavam livres.

Por fim, sobre Haddad, como mostrou a Inteligência Financeira, cresceu a insatisfação da Faria Lima com a condução econômica do governo. Sendo assim, a retomada da credibilidade, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, passa pelo ministro da Fazenda mostrar uma disposição maior para corte de gastos. E não apenas pela insistência em medidas arrecadatórias.

“Na política, o Congresso deve seguir discutindo alternativas para compensar a manutenção da desoneração da folha de pagamento de 17 setores e pequenos municípios em 2024. Uma vez que a medida apresentada pelo governo, que consistia na restrição do uso de créditos tributários do PIS/Cofins, foi rejeitada pelo presidente do Senado”, destaca o Itaú sobre o que vem pela frente.

Calendário econômico – 17 a 21 de junho

Segunda (17)

08h25: Boletim Focus (Banco Central)
10h15: Monitor do PIB de abril (Ibre-FGV)

Terça (18)

Pela manhã: Início da reunião do Copom (Banco Central)
06h00: Taxa de inflação de maio na zona do euro
09h30: Vendas no varejo de maio nos EUA
10h15: Produção industrial de maio no EUA

Quarta (19)

Feriado nos EUA: Juneteenth National Independence Day
A partir das 18h: Anúncio da decisão do Copom/Nova taxa Selic (Banco Central)

Quinta (20)

Sem indicadores relevantes

Sexta (21)

Sem indicadores relevantes

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