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Com avanço de 0,67% em junho, IPCA acumula alta de 11,89% em 12 meses
A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,67% em junho, após marcar 0,47% em maio. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em junho de 2021, o IPCA teve alta de 0,53%.
Maior resultado desde 2018
O resultado mais recente foi o maior para meses de junho desde 2018, quando subiu 1,26%, disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA. A taxa de junho deste ano ficou, contudo, abaixo da mediana nas projeções das 40 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de 0,71% de aumento, com intervalo das projeções indo de 0,51% a 0,79%.
No sexto mês de 2022, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram variação positiva. O maior impacto (0,17 p.p.) veio de alimentação e bebidas, com a alta de 0,80% no período.
De janeiro a junho, a alta do IPCA ficou em 5,49%. No acumulado em 12 meses, o indicador ficou em 11,89% em junho, ante 11,73% acumulados até maio. O resultado ficou acima do centro da meta inflacionária estabelecida pelo Banco Central (BC) de 3,5% para 2022 — sendo que a meta tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.), para mais ou para menos. Para o resultado acumulado em 12 meses, a mediana das estimativas do Valor Data era de 11,92%, com projeções entre 11,71% e 12,02%.
Vale observar que a taxa do IPCA em 12 meses se posiciona acima de 10% em um período de 10 meses.
É preciso aguardar os próximos meses
Ao ser questionado sobre possíveis preocupações em sustentar taxa em 12 meses acima de dois dígitos, até junho, Pedro Kislanov ponderou ser preciso esperar o comportamento dos itens, mês a mês, para entender a trajetória acumulada da inflação em 12 meses.
“De fato temos inflação acima de 10% [por muito tempo] e está mais alta do que se tinha observado nos últimos anos. Mas não se compara com a inflação, por exemplo, que vivemos na década de 90”, disse. “Precisamos aguardar para ver se continuará esse comportamento”, disse, sem fazer previsões.
Apesar da aceleração do IPCA em junho, em relação ao mês anterior, das nove classes de despesas do indicador, apenas quatro tiveram maior alta ou virada para uma variação positiva de preços, por essa base de comparação, segundo o IBGE.
Maiores e menores taxas
Foram observadas inflação maior ou virada para alta de preços em Alimentação e Bebidas (de 0,48% para 0,80%); Habitação (de -1,70% para 0,41%); Saúde e Cuidados Pessoais (de 1,01% para 1,24%); e Educação (de 0,04% para 0,09%).
Em contrapartida, foram notadas taxas de inflação menos intensas em Comunicação (de 0,72% para 0,16%); Artigos de Residência (de 0,66% para 0,55%); Vestuário (de 2,11% para 1,67%); Transportes (de 1,34% para 0,57%); e Despesas Pessoais (de 0,52% para 0,49%).
O IBGE calcula a inflação oficial brasileira com base na cesta de consumo das famílias com rendimento de um a 40 salários-mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além das cidades de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
Difusão
A inflação se espalhou menos pelos produtos e serviços que compõem o IPCA em junho. O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços, caiu de 72,4% em maio para 66,6% um mês depois, segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta.
Excluindo alimentos, grupo considerado um dos mais voláteis, o indicador também mostrou uma menor abrangência das altas de preços, de 78% para 70,3%.
Por Alessandra Saraiva, do Valor Econômico, do Rio de Janeiro.
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