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Como cientistas tentam salvar a indústria de vinhos nos EUA das mudanças climáticas
A Costa Oeste dos Estados Unidos produz mais de 90% dos vinhos do país, mas a região também é propensa aos incêndios florestais.
Essa combinação significou um desastre para essa indústria em 2020, o que os cientistas estão lutando para neutralizar.
Especialistas de três universidades estão trabalhando para enfrentar a ameaça, incluindo o desenvolvimento de revestimentos em spray para proteger as uvas.
O objetivo é identificar compostos estranhos que criam um gosto desagradável de cinzas e implantando sensores nos vinhedos para entender melhor o comportamento da fumaça.
O governo americano está financiando essas pesquisas com milhões de dólares.
Mudanças climáticas
O risco para as vinícolas está aumentando, com as alterações climáticas agravando a seca e as florestas cobertas de vegetação tornando-se barris de pólvora.
Produtores de vinho de todo o mundo já estão se adaptando às alterações climáticas, deslocando vinhedos para zonas mais frias e plantando variedades que se adaptam melhor à seca e ao calor.
Os incêndios florestais representam um risco adicional que está sendo enfrentado por cientistas da Oregon State University, da Washington State University e da University of California, Davis.
“O que está em jogo é a capacidade de produzir vinho em áreas onde a exposição à fumaça é mais comum”, disse Tom Collins, da Washington State University.
O pesquisador Cole Cerrato esteve recentemente no vinhedo da Oregon State University, e ligou um ventilador para empurrar a fumaça de uma churrasqueira com uma mangueira de ventilação do secador.
A fumaça emergiu em uma fileira de uvas cercada por uma quase estufa feita de folhas de plástico coladas com fita adesiva.
Gosto de fumaça
Antes, uvas expostas à fumaça na configuração MacGyvered foram transformadas em vinho por Elizabeth Tomasino, professora associada que lidera os esforços do Estado de Oregon.
Eles encontraram compostos contendo enxofre, tiofenóis, no vinho impactado pela fumaça, e determinaram que eles contribuíram para o sabor de cinzas.
Isso já tinha sido detectato por pesquisadores australianos há mais de uma década.
Os incêndios florestais há muito impactam a indústria vinícola na Áustrália.
No Estado de Washington, Collins confirmou que os compostos de enxofre foram encontrados no vinho exposto à fumaça no vinhedo do Oregon, mas não em amostras sem exposição à fumaça.
Os cientistas querem descobrir como os tiofenóis, não detectáveis na fumaça dos incêndios florestais, aparecem no vinho impactado pela fumaça e aprender como eliminá-los.
“Simplesmente não temos as respostas ainda”, disse Cerrato.
Vinho feito com uvas contaminadas pode ser tão horrível que não pode ser comercializado.
Se chegar às prateleiras, a reputação do enólogo poderá ser arruinada.
Prejuízos
Quando incêndios florestais recordes em 2020 cobriram a Costa Oeste, algumas vinícolas da Califórnia se recusaram a aceitar uvas, a menos que tivessem sido testadas.
Mas a maioria dos produtores não conseguia encontrar locais para analisar as suas uvas porque os laboratórios estavam sobrecarregados.
Os prejuízos para a indústria só na Califórnia foram de 3,7 bilhões de dólares, de acordo com a consultoria bw166, conduziu para grupos industriais.
As perdas resultaram principalmente do fato de as vinícolas terem de renunciar às futuras vendas de vinho.
Entre 165 mil a 325 mil toneladas de uvas para vinho da Califórnia foram deixadas para murchar na videira em 2020 por conta da exposição real ou percebida à fumaça de incêndios florestais, disse Natalie Collins, presidente da Associação de Produtores de Uvas Vinícolas da Califórnia.
Testes científicos
Alguns produtores de vinho estão tentando técnicas para reduzir o impacto da fumaça, como passar o vinho por meio de uma membrana ou tratá-lo com carbono.
Mas isso também pode roubar do vinho suas nuances atraentes.
Misturar uvas impactadas com outras uvas é outra opção. Limitar o contato com a casca, fazendo vinho rosé em vez de tinto, pode diminuir a concentração de compostos de sabor de fumaça.
Collins, da Universidade de Washington, tem feito experiências com a pulverização de caulim ou bentonita em pó fino, que são argilas, misturadas com água, em uvas para vinho, para que absorvam os materiais que estão na fumaça.
A Oregon State University está desenvolvendo um revestimento em spray.
Enquanto isso, dezenas de sensores de fumaça foram instalados em vinhedos nos três Estados, financiados em parte por uma doação de US$ 7,65 milhões do USDA.
Com informações do Estadão Conteúdo
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