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Como fica a política de preços da Petrobras com o novo presidente? Veja as apostas dos bancos de investimento
O anúncio do governo federa da substituição do atual diretor-presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, por Adriano Pires, consultor no setor de energia, levou o mercado financeiro a questionar possíveis mudanças na política de preços da companhia.
A mudança acontece em um momento turbulento, de alta do petróleo e de reajustes nos preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras, contribuindo para uma maior inflação no Brasil. Jair Bolsonaro se mostrou descontente diversas vezes com os repasses, especialmente em ano eleitoral.
Pires, porém, é visto pelo mercado como um defensor da paridade de preços internacional da petroleira, bem como entusiasta de sua privatização, o que pode significar a continuidade das atuais políticas da companhia.
Os bancos de investimento que atuam no Brasil veem poucos impactos com a mudança e mantêm a recomendação de compra para as ações da Petrobras (PETR4 e PETR3).
BTG
O BTG Pactual vê que pouca interferência direta com a mudança em termos de estratégia de precificação de combustíveis. Por outro lado, a imagem de uma empresa menos independente pode levar a uma reclassificação de suas ações, diz o banco em relatório.
Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte escrevem que os estatutos da Petrobras estabelecem que os diretores e os membros do conselho de administração são legalmente responsáveis por quaisquer decisões politicamente motivadas que resulte em perdas financeiras para a companhia.
“Então a menos que o acionista controlador da Petrobras tente mudar isso, pensamos que a companhia vai continuar a buscar uma estratégia similar, com preços domésticos de combustíveis convergindo para o IPP no médio prazo, embora possivelmente ficando para trás no curto prazo, enquanto os preços do petróleo continuarem subindo”, dizem os analistas.
O BTG rebaixou as ações no ano passado, dado o alto escrutínio político e grande risco de constantes mudanças gerenciais baseadas na vontade política, em última análise, reduzindo a percepção de uma empresa politicamente independente. “Nós pensamos que esta tese permanece muito intacta”, dizem.
Por fim, eles ressaltam que, deixando de lado o motivo e o momento de sua indicação, Pires é uma boa escolha para o cargo de diretor-presidente, potencialmente trazendo algum alívio para os investidores, por seu histórico robusto no setor de energia. Pires defendeu várias vezes a independência da Petrobras e a privatização da empresa como saída para o dilema do preço do combustível no Brasil, destacam.
O BTG Pactual manteve sua recomendação de compra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, com preço-alvo de US$ 15, potencial de alta de 14% ante o fechamento de ontem.
Itaú BBA
Já o Itaú BBA vê a possibilidade de a Petrobras enfrentar desafios recorrentes para garantir a convergência de preços para a paridade internacional em meio aos altos preços do petróleo, apesar de Pires ter defendido a autonomia da Petrobras.
Segundo os analistas Leonardo Marcondes e Monique Greco, manter a paridade internacional não é apenas importante para garantir uma perspectiva sustentável para o abastecimento brasileiro de combustíveis, mas também para ajudar a Petrobras a atingir sua meta de alienar parte significativa de sua capacidade de refino.
“A alocação ineficiente de capital pode ser mais uma vez o calcanhar de Aquiles da empresa e deve ser a principal preocupação dos investidores”, afirmam eles.
O Itaú BBA manteve sua recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo de R$ 38 para ações preferenciais, potencial de alta de 20% ante o fechamento de ontem, e preço-alvo de US$ 14 para recibos de ações (ADRs), após o fechamento de US$ 14,69 no dia anterior.
Bradesco BBI
O Bradesco BBI também mostra preocupação quanto à política de preços e investimentos da empresa, mas com ressalvas, dado o histórico técnico de Pires. Segundo o banco, ele não deve propor algo prejudicial para a empresa.
“Não descartamos sugestões como uma metodologia de precificação de média móvel”, escrevem os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka em relatório. Segundo eles, entre os vários candidatos a substituir Silva e Luna, Pires é uma boa escolha, pois tem experiência como consultor e possui ideias pró-mercado.
“Ele também se posicionou favoravelmente em relação privatização da Petrobras em várias ocasiões. Caso o atual governo seja reeleito, o cargo de Pires como diretor-presidente poderia dar impulso a uma privatização durante o potencial segundo mandato deste governo”, dizem os analistas.
Eles destacam ainda que, dado o histórico liberal de Pires, alguns investidores também acreditam que a posição de diretor-presidente poderia mais uma vez potencialmente ser vulnerável se os preços do petróleo ficarem ainda mais pressionados.
No entanto, olhando pelo lado positivo, nos últimos anos de governança da Petrobras nos mostrou que, neste governo, a empresa foi blindada por seu estatuto e a lei de empresas estatais do Brasil, escrevem os analistas. Segundo eles, mudanças de diretores-presidentes no passado recente não levaram a grandes implicações para a política de preços da empresa.
O Bradesco BBI manteve sua recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo de US$ 50 para ações preferenciais e de US$ 18 para recibos de ações (ADRs), potenciais de alta de 58% e de 26%, respectivamente, ante o fechamento de ontem.
UBS BB
O UBS BB, por sua vez, ressalta que a indicação de Pires deve trazer questionamentos de governança por causa da proximidade dele com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e como consultor de outras empresas do setor de energia.
Os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos escrevem que a mudança em si na presidência da Petrobras não vai causar mudanças nas políticas de preços e parece mais uma sinalização para a população de que o governo está atento.
O banco suíço destaca que Pires é um nome consagrado no setor de energia e já deu declarações no passado apoiando as políticas da empresa, sugerindo inclusive privatização da Petrobras, o que deve limitar a reação negativa a sua indicação.
No entanto, o UBS BB nota que Pires será o 40º diretor-presidente da Petrobras em 68 anos, o que vai manter a cautela do investidor sobre questões de governança da empresa mesmo com manutenção dos resultados recorde.
O banco tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 44 para as ações preferenciais, potencial de alta de 39,2% sobre o fechamento de ontem.
Credit Suisse
Segundo o Credit Suisse, a troca deve aumentar a percepção de risco de interferência na Petrobras, mas que não deve gerar grandes mudanças na companhia.
Os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero apontam que a indicação de Adriano Pires, nome respeitado pelo mercado e que não propõe uma interferência direta nos preços dos combustíveis, tornam baixas as chances de mudanças na estatal.
“Não esperamos mudanças significativas na política de preços da Petrobras ou na estratégia geral focada em ativos de exploração no pré-sal e águas ultraprofundas”, diz o banco suíço.
Eles lembram que o general Joaquim Silva e Luna, que está sendo destituído do cargo de presidente da Petrobras, chegou em contexto similar de pressão na política de preços e acabou entregando um dos melhores anos na história da companhia.
O Credit Suisse tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 17 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 19,8% sobre o fechamento de ontem.
Goldman Sachs
O Goldman Sachs também não vê alterações profundas na política de preços de combustíveis da empresa, apesar do contexto negativo em que aconteceu a mudança.
Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins escrevem que as leis e mudanças de governança da Petrobras aprovadas nos últimos anos impedem alterações bruscas na política de preços.
Além disso, notam que o indicado pela União para ocupar o cargo, Adriano Pires, já defendeu anteriormente a política de preços e de desinvestimentos, propondo alterações que sejam condizentes com as práticas de mercado.
O Goldman Sachs tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 36,40 para as ações preferenciais e R$ 39,80 para as ações ordinárias, respectivamente, potenciais de alta de 15,2% e 16,8% sobre os fechamentos de ontem.
Citi
O Citi prevê uma reação negativa do mercado com a mudança, na medida que a empresa vem passando por significativas interferências externas, o que deve gerar risco quanto à continuidade de sua estratégia.
“Do nosso ponto de vista, não esperamos grandes mudanças na política de preços ou alocação de capital da Petrobras, pois entendemos que o estatuto atual e as leis brasileiras impedem qualquer ação que possa prejudicar os acionistas minoritários da empresa”, escrevem os analistas Gabriel Barra, Andrés Cardona e Joaquim Alves Atie.
Segundo eles, Pires está alinhado com uma política de preços de combustíveis seguindo uma paridade internacional e uma alocação racional de capital.
Ainda assim, a Petrobras já teve 39 presidentes desde a sua criação, de 1954 a 2022, destacam os analistas, e as interferências externas trazem riscos quanto à continuidade da estratégia da empresa.
Os analistas ressaltam o risco Brasil, os preços do petróleo, a influência política, o crescimento da produção, que traz problemas de execução, e o balanço patrimonial, devido a riscos relacionados ao refinanciamento da grande posição de dívida da companhia.
O Citi manteve sua recomendação de compra para os recibos de ações da Petrobras (ADRs), com preço-alvo de US$ 14, abaixo do fechamento de US$ 14,18 de ontem.
Com conteúdo do Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico
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