Imóveis, ter ou não ter? Eis a questão…

Comprar casa ou apartamento vale a pena? É um bom investimento? A verdade é que nem sempre tem resposta certa

Jornalista e colunista da IF, Mara Luquet - Foto: Divulgação
Jornalista e colunista da IF, Mara Luquet - Foto: Divulgação

Comprar casa ou apartamento vale a pena? Se por um lado muitos especialistas afirmam que ter imóvel próprio, ou financiar um imóvel, não é um bom investimento, por outro lado esse continua sendo o sonho de muitos brasileiros. Mas, a verdade é que não existe resposta certa.

Porém, a coisa mais fácil é dar palpite na vida dos outros. Se for no dinheiro, é mais fácil ainda. Por isso, atenção! Quem cuida do seu dinheiro é você. Se der errado, a culpa sempre será sua e nenhum consultor, gerente, influenciador ou mesmo seu cunhado, que veio com dicas incríveis, vai querer dividir o prejuízo com você. Mas, também se der certo, o mérito é seu. Somente seu. Foi você que se informou e colocou em risco os próprios recursos.

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Comprar imóvel para a mãe

Em uma entrevista que fiz com o Tetracampeão mundial de boxe Acelino de Freitas, o Popó, ele me disse que o primeiro investimento que fez na vida foi comprar uma casa para a mãe, isso nos anos 90. No entanto, eu observei que ele fez isso em uma época em que as taxas de juros estavam altas, muito altas, dois dígitos acima dos atuais. Não era preciso fazer muita conta para ver que o ganho com juros ganharia com folga o investimento imobiliário.

Pelos cálculos, ele fez um péssimo negócio. Mas, nem eu e nem você conseguiremos um dia ter noção da felicidade que foi para aquele jovem atleta entregar as chaves do imóvel para a mãe. E este é o maior retorno que um investimento pode proporcionar: seu bem-estar, sua felicidade.

Comprar imóvel é investimento?

Pegou fogo na internet um caso recente sobre um influenciador que tem milhões de seguidores que foi taxativo, comprar imóvel é um péssimo negócio.

O argumento dele, de muitos planejadores e de todo mundo, que sabe fazer conta, pode ser testado com sucesso numa planilha: sua remuneração com juros é suficiente para pagar um aluguel e ainda sobra uma grana que, investida em aplicações de renda fixa, fará seu patrimônio engordar ao longo dos anos.

Esse diferencial já foi maior. A economia brasileira chegou a ter nos anos 90 uma taxa de juro nominal ao mês de 4%! E com a economia desaquecida o preço dos aluguéis desabaram. Logo, não era preciso nem fazer muita conta na época, a diferença saltava aos olhos.

Hoje a diferença é bem menor, mas ainda vantajosa para o aluguel. Ocorre que o retorno de um investimento deve ser atrelado à sua satisfação, como nos ensina Popó.

Casa de praia

Meu pai, quando ainda éramos crianças, comprou uma casa de praia para a família. Um erro clássico nos livros textos de finanças pessoais, principalmente para uma família de classe média que não tem dinheiro para desperdiçar. Mas, os melhores anos da minha infância e dos meus irmãos têm o endereço daquela casa.

Porém, crescemos e por muitos anos a casa ficou fechada. Meu pai morreu, minha mãe se mudou do Rio para São Paulo e a casa na região dos Lagos ficou sem uso, só despesas. Outro erro gravíssimo nas finanças pessoais.

Nos anos da pandemia, minha mãe, trancada num apartamento em São Paulo, resolveu ir ficar na ampla casa que, afinal, tínhamos próxima à praia. Meu sobrinho, de 20 e poucos anos, seguiu a avó. Nenhum dos dois quis voltar.

Bem-estar

Com isso, eu e meus irmãos voltamos a frequentar nosso paraíso da infância e reencontrar amigos e vizinhos de um tempo muito bom das nossas vidas. Não tenho como descrever como é bom estar lá de volta. Só posso dizer que nenhuma taxa de juros conseguiria proporcionar o mesmo bem-estar.

Ah, você poderia argumentar que, com a grana que economizaria nos gastos da casa e, ainda, aplicando o dinheiro da venda nos juros espetaculares do Brasil das últimas décadas, poderia comprar três ou quatro casas no mesmo lugar.

Finanças são pessoais

Seria inútil eu tentar explicar que, para mim, dificilmente os juros conseguiriam criar a mesma casa. Não é regra. Para outros, o melhor seria engordar o patrimônio e pavimentar a realização de outros sonhos.

Por isso, as finanças são pessoais. Cada um sabe o que é melhor para si. O ponto de convergência é a informação.

Com a informação correta, você poderá tomar suas próprias decisões porque só você sabe o que é melhor para sua vida. E informação, de excelente qualidade, você tem aqui na Inteligência Financeira. É o nosso compromisso com você.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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