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CVM julga hoje processos ligados ao ‘Joesley Day’
Passados seis anos do “Joesley Day”, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai julgar nesta segunda-feira (29) três dos processos abertos depois de um episódio que marcou a história política e econômica recente do Brasil. Na noite de 17 de maio de 2017, o colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, noticiou que Joesley Batista, dono da JBS, havia delatado o então presidente da República Michel Temer.
O conteúdo da conversa entre os dois mostrou indícios de corrupção e estabeleceu uma crise no Brasil. O dia seguinte, conhecido como “Joesley Day”, ficou registrado como a maior queda do Ibovespa em nove anos e a maior alta do dólar em 14 anos até então.
Entre os acusados pela autarquia nos processos, estão, além de Joesley, o irmão, Wesley, a JBS e a holding controladora, a J&F. O colegiado da CVM vai procurar responder se os acusados agiram no mercado sabendo dos efeitos que a notícia sobre o acordo de colaboração premiada causaria – e se tiveram vantagens com as operações realizadas na ocasião.
Serão enfrentados no julgamento temas complexos como manipulação de preços, abuso de poder de controle e uso de informação privilegiada. Em todos os casos, o relator será o diretor Otto Lobo.
A delação que derrubou os mercados
Depois do impacto causado pela notícia sobre a delação de Joesley entre a noite do dia 17 de maio de 2017 e o dia seguinte, que derrubou os mercados, a CVM começou a investigar os irmãos Batista e as empresas ligadas a eles.
Os casos que serão julgados nesta segunda-feira são considerados alguns dos mais complexos a respeito das implicações do “Joesley Day”. Em um desses casos, Wesley, Joesley e a J&F são acusados de uso de informação privilegiada, manipulação de mercado e abuso de poder de controle.
Na visão da acusação, a utilização de informação relevante ainda não divulgada ao mercado para venda de mais de 36 milhões de ações da JBS teria proporcionado aos controladores da companhia vantagem indevida de R$ 72,9 milhões.
Críticos do trabalho da CVM apontam que realizar um julgamento seis anos depois dos fatos é um prazo demorado para dar uma resposta ao mercado, especialmente em um caso que teve ampla repercussão.
Outro lado
A J&F, disse que as acusações foram “amplamente desmentidas” pelos fatos.
Em nota enviada ao Valor, a companhia afirma que as operações financeiras foram realizadas dentro do curso natural dos negócios:
“O suposto lucro anormal com essas operações foi um mero factoide, pois as posições alvo da acusação não foram liquidadas no momento do vazamento ilegal dos acordos de colaboração, mas meses depois, em seus respectivos vencimentos, quando a volatilidade momentânea do mercado já havia se dissipado”, disse a empresa.
Com informações de Juliana Schincariol do Valor Econômico.
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