Fechar
Debênture, CRI e CRA são mais arriscados do que ações? O presidente da Amec diz que sim
Brasil ainda está no Velho Oeste no mercado de crédito privado, disse Fabio Coelho em entrevista à Inteligência Financeira.
Produtos de investimentos de crédito privado estão vivendo um boom no Brasil. Entre eles, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), além das debêntures.
Na esteira de incentivos como isenção do Imposto de Renda, as captações com CRIs, CRAS e debêntures somaram R$ 338 bilhões no primeiro semestre de 2024. O valor representa mais do que o dobro do que um ano antes.
Em termos anualizados, isso significa quase R$ 700 bilhões, praticamente cinco vezes o montante de 2020. Em outras palavras, tem mais gente investindo em CRIs, CRAs e debêntures.
Contudo, esses produtos – CRIs, CRAs e debêntures -, embora bastante disseminados, envolvem riscos, alguns até maiores do que os da renda variável.
É o que diz o presidente da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), Fabio Coelho.
Segundo ele, o segmento de crédito privado ainda tem lacunas importantes em termos de transparência, governança e alinhamento de interesses. Diferentemente, diz Coelho, do mercado de ações, que passou por avanços importantes em regras de governança nos últimos 25 anos.
Então, em casos de crises, os detentores de títulos ficam numa condição de muita desvantagem para defender seus interesses.
Que o digam os credores atingidos pelos casos Americanas (AMER3), Light (LIGT3) e Vibra (VBBR3).
De olho nesse movimento, a Amec decidiu entrar também na defesa do público que é credor das empresas via instrumentos de mercado.
O movimento mostra uma guinada da Amec, entidade criada em 2006. A associação tem entre os sócios as gestoras de recursos de Itaú, Bradesco, BTG Pactual, BNDESPar e Pátria.
“O Brasil ainda está no Velho Oeste no mercado de crédito privado”, disse Coelho à Inteligência Financeira.
Além da melhoria na qualidade dos prospectos das ofertas, o presidente da Amec quer um guia para ajudar os investidores. O objetivo é informar as diferenças de qualidade nas emissões.
Nessa entrevista exclusiva, Coelho ainda revela que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pode anunciar em breve uma decisão sobre o pedido de assembleia geral extraordinária (AGE) de acionistas para eleição no conselho de administração.
Por fim, o executivo conta movimentos da Amec para defesa dos minoritários nas chamadas corporations, empresas sem controlador definido.
Nesse sentido, a discussão vem a reboque das privatizações de gigantes como Eletrobras (ELET3) e Sabesp (SBSP3).
Para Coelho, apesar de não terem mais um controlador, o principal acionista dessas empresas continua com posição relevante no negócio. O que lhe permite continuar dando as cartas.
“Dessa forma, na prática o acionista de referência continuar fazendo o papel de controlador”, disse ele.
Leia a seguir