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Emissão de crédito privado bate meio trilhão em 2024; empresas fechadas lideram ofertas
A emissão de crédito privado chega a R$ 541,9 bilhões em 2024, em meio à febre de fundos de infraestrutura e debêntures incentivadas. Dados da Anbima (Associação Brasileira de Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais) mostram que os títulos de financiamento de dívida despontam na liderança, enquanto a maioria dos ofertantes são empresas de capital fechado.
Companhias fora da bolsa de valores correspondem por 50% das emissões de crédito privado. Para a Anbima, existe uma mudança de patamar em investimento privado com aumento de participação do investidor pessoa física, disse o presidente de Estruturação e Mercado de Capitais da associação, Guilherme Maranhão.
Número de investidores pessoa física deve bater recorde
O volume de captação de títulos de crédito privado isentos, categoria na qual se encaixam debêntures incentivadas, CRI, CRA e CDCA, liderou a emissão de mais de meio trilhão de reais em crédito privado em 2024.
E quem está na vanguarda desse avanço são fundos de investimento e o investidor pessoa física, segundo o relatório trimestral da Anbima com dados do mercado de capitais.
Juntos, os dois correspondem a 54% do volume de subscrição em títulos isentos entre janeiro e setembro de 2024.
A Anbima também registrou aumento da participação do investidor pessoa física no mercado de crédito privado. No ano, o volume subscrito por CPFs em isentos chega a R$ 49,4 bilhões. É o segundo melhor ano da série histórica medida pela Anbima desde 2018, afirma Maranhão.
“A pessoa física entrou em jogo neste ano e temos observado que o volume de subscrição no mercado primário é parecido com o volume de negociação secundária”, conta o executivo da Anbima.
Na série histórica, o melhor ano de participação dos investidores pessoa física no mercado de crédito privado é 2023.
“O número representa uma mudança de patamar para o mercado de crédito”, diz Maranhão. Assim, a quantidade de pessoas físicas que investem em títulos isentos entre janeiro e setembro foi de 616 mil, de acordo com a Anbima. No ano passado, 638 mil pessoas participaram desse mercado.
Empresas de capital fechado lideram oferta de debêntures
No acumulado do ano, a negociação de debêntures movimentou R$ 315,8 bilhões, um terço acima do volume registrado em 2023, de R$ 236,5 bilhões.
Já o número de oferta das empresas de capital fechado ultrapassa o de companhias abertas, de 250 contra 198, respectivamente.
De acordo com a Anbima, isso representa a democratização do mercado de capitais. Mesmo assim, nota a associação, as empresas de capital oferecem menos transparência que as alternativas listadas na bolsa.
“Houve um crescimento muito forte do capital fechado, que tem transparência menos óbvia.”
Guilherme Maranhão, Anbima
O aumento de volume geral explica que o mercado de emissões está “mais maduro”, na avaliação de César Mindof, diretor da Anbima. “Debêntures são instrumento mais maduros, enquanto o setor de maior funding continua sendo infraestrutura”, diz Mindof.
Em 2024, por enquanto, 110 emissões de debêntures ultrapassaram a marca de R$ 1 bilhão em captação. Em 2023, foram 74.
Spreads de debêntures incentivadas devem continuar na mínima
Mesmo com a perspectiva de alta para taxa Selic, os executivos da Anbima esperam que o mercado de títulos incentivados continue aquecido. Isso significa que o spread dos títulos incentivados sobre a taxa de inflação (IPCA) deve continuar comprimido.
Os juros, segundo Maranhão, preocupam emissores de debêntures incentivadas. Na visão dele, as empresas “devem esperar outro momento para captarem recursos”.
“Mas a captação muito forte dos fundos gera necessidade de alocação e spreads acabam caindo. Quando olhamos daqui para frente, enxergamos (o) mercado muito forte”
Afinal, as empresas vem captando para cobrirem metas de investimento e capital de giro, conclui Mindof, sob um cenário de juros mais altos.
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