Dividendos na bolsa: confira 7 dicas para minerar boas pagadoras
Empresas que atraem investidores por pagarem remuneração atrativa têm algumas características em comum; veja quais são
Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), bancos, seguradoras, distribuidoras de energia elétrica, operadoras de telecomunicações, companhias de saneamento básico e de infraestrutura. Não importa qual seja a carteira recomendada de ações, esses são nomes garantidos de investidores no Brasil cujo alvo é ter uma renda com dividendos.
Assim, por terem receitas mais estáveis, essas empresas também passam por períodos de crise enfrentando menor volatilidade. Como consequência, ao longo do tempo acabam também tendo melhor rentabilidade do que a média do mercado.
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Como referência, o IDIV, índice da B3 com ações de empresas que se enquadram em métricas de pagamento de dividendos, acumula alta de 105% nos últimos cinco anos, o dobro do ganho do Ibovespa.
Mas você sabe o que empresas desse grupo têm em comum e o que você deve considerar antes de escolher uma delas ou fazer sua própria seleção?
A Inteligência Financeira consultou especialistas do mercado a respeito. Veja as orientações deles:
Setores defensivos, um segredo do dividendo
Você já deve ter ouvido falar nesse termo. É um jargão do mercado para qualificar setores menos vulneráveis às flutuações econômicas, tornando as empresas mais resistentes a crises.
Dessa maneira, nesse grupo, estão concessionárias de serviços públicos, como distribuidoras de energia elétrica, de telecomunicações e de saneamento básico, além de administradoras de estradas, ferrovias e aeroportos.
Da mesma forma, bancos e seguradoras, por terem maior flexibilidade para enfrentar distintos cenários econômicos, também são entendidos como defensivos.
“Tipicamente, são empresas atuantes em setores consolidados e neles têm forte posição competitiva”, explica o analista independente Ricardo Schweitzer.
Quem paga bons dividendos tem geração sólida de caixa
Essa característica deriva da primeira. Empresas que têm uma geração de caixa consistente costumam ter uma boa reserva de liquidez. Isso as deixa em condição mais favorável para distribuir dividendos de forma perene, explica Vicente Guimarães, sócio e presidente da VG Research.
Por terem contratos de longo prazo, com valores corrigidos pela inflação, e um público cativo, novamente as concessionárias públicas são as mais frequentes nesse grupo.
Baixo endividamento
Gerar com frequência uma receita robusta, porém, pode não ser suficiente se a empresa tem um endividamento alto.
Por isso, empresas com dívida controlada têm maior flexibilidade para manter ou aumentar os pagamentos de dividendos, mesmo em momentos desafiadores.
Dito de outra forma: o que uma empresa pagar de juros o investidor não receberá em remuneração.
Há diversas métricas para se avaliar o nível de endividamento de uma empresa. Uma das mais usadas é a divida líquida/Ebitda.
Assim, de forma geral, analistas concordam que um índice saudável não deve ser superior a 3 vezes.
Dividendo também é resultado de consistência
Não mais do que 10 empresas listadas na B3 conseguiram resistir à crise provocada pela pandemia e manter o pagamento de dividendos, todas elas com as qualificações citadas no começo dessa matéria, segundo dados do Trademap.
Então, se seu plano é encontrar uma ação ‘pra casar’, verifique o histórico de pagamento de remuneração ao acionista por um prazo mais longo.
Pagamentos extraordinários podem ocorrer e chamar a atenção.
Neste ano, por exemplo, a fabricante de calçados Grendene (GRND3) anunciou um dividendo extra, mas por um motivo específico.
“O ideal é olhar para um histórico de ao menos cinco anos”, disse o consultor financeiro Einar Rivero.
Política de remuneração
O investidor que for escolher um papel para ter na carteira por muitos anos deve ler o contrato antes de assinar. Como acontece em um casamento.
O contrato, no caso, é o estatuto da empresa. Ele define, entre outros pontos, a política dela para remunerar os acionistas.
Segundo a Lei das Sociedades Anônimas (Lei das S/A), quando o estatuto não cita o assunto, uma assembleia de acionistas deve definir os dividendos e observar o percentual mínimo de 25%.
Porém, o estatuto pode determinar o pagamento de um percentual menor. Além disso, o documento pode ser alterado nesse ponto, desde que haja aprovação majoritária dos acionistas.
Reserva de capital
Outro ponto que deve ser observado no estatuto é a política de caixa de reserva da empresa.
Isso porque, antes de decidir que parcela do lucro será compartilhada com os acionistas, a empresa deve obedecer sua própria regra sobre reserva de lucros, explica o consultor financeiro Einar Rivero.
Dessa forma, essa reserva pode ser usada para financiar investimentos futuros, comprar outras empresas ou simplesmente para ter uma folga para permitir que a empresa funcione normalmente, mesmo em períodos de crise.
A reserva legal corresponde a 5% do lucro líquido de um exercício, mas não pode superar 20% do capital social da empresa.
As companhias definem em seus estatutos qual o nível de reserva devem seguir. Isso pode mudar com o tempo, se o conselho de administração assim decidir.
Algumas empresas podem reter uma parcela maior do lucro em caixa por tempos mais difíceis, como aconteceu na pandemia.
Isso também pode acontecer devido a receitas extras, como as obtidas com a venda de um ativo, por exemplo.
Passado esse período, a companhia pode fazer uma distribuição extraordinária de dividendos, como fez a Petrobras no ano passado.
Para 2023, analistas têm especulado que a petroleira pode voltar a fazê-lo, assim como o Itaú (ITUB4) e a Vale (VALE3).
Dividend yield
Esse termo indica quanto uma companhia paga de remuneração ao acionista, seja com dividendos ou juros sobre o capital próprio, em relação ao preço da ação negociada no mercado.
Ou seja, se o investidor pagou R$ 10 na ação e recebeu R$ 0,60 de dividendo em um ano, o dividend yield é 6%.
Por isso, esse indicador é mais importante do que o valor nominal que uma empresa paga em dividendo. Ele mostra a melhor proporção entre valor investido e o retorno, disse Rivero.
Esse 6%, aliás, é um número muito usado por investidores que buscam renda passiva no longo prazo, como uma referência ideal de equilíbrio entre risco e retorno.